Seis anos se passaram desde que a Vale cometeu o maior crime ambiental e trabalhista da história do Brasil. Em 2019, com o rompimento da barragem da mina Córrego do Feijão, em Brumadinho, 272 pessoas morreram e 13 milhões de metros cúbicos de rejeitos de mineração destruíram a bacia do rio Paraopeba. De lá pra cá, a empresa já acumulou 58,694 bilhões de dólares em lucro líquido. Convertido para a moeda brasileira, na atual cotação da taxa de câmbio (R$ 5,9180), a Vale já somou R$ 347,35 bilhões desde que a tragédia aconteceu.
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O lucro acumulado em seis anos já considera um prejuízo de 1,6 bilhão de dólares (cerca de R$ 9,47 bilhões hoje) registrados em 2019, ano da tragédia. Considera também um lucro de 22 bilhões de dólares obtido em 2021, durante o auge da pandemia do coronavírus e que, até hoje, é o segundo maior ganho já registrado na história por uma empresa nacional.
Lucro X Reparação
Os dados sobre os lucros foram informados pela própria Vale em divulgações de seus resultados financeiros. Em relação ao crime em Brumadinho, a empresa desembolsou, de janeiro a setembro de 2024, US$ 262,84 milhões para reparação.
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Lucro da Vale pós-Brumadinho
2019 - menos US$ 1,683 bilhão (prejuízo)
2020 - US$ 4,881 bilhões
2021 - US$ 22,445 bilhões
2022 - US$ 16,728 bilhões
2023 - US$8,12 bilhões
2024 - US$6,52 bilhões (até setembro)
Total - US$ 58,694 bilhões
Despesas da Vale relacionadas ao crime em Brumadinho
2019 - US$ 7,402 bilhões
2020 - US$ 5,257 bilhões
2021 - US$ 2,576 bilhões
2022 - US$ 1,151 bilhões
2023 - US$ 950,41 milhões
2024 - US$ 262,84 milhões (na atual cotação do dólar)
Total - US$ 17,598 bilhões
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O outro lado
O Brasil de Fato MG perguntou à Vale por que, passados seis anos da tragédia de Brumadinho, o montante gasto em reparações é significativamente inferior ao lucro líquido acumulado no mesmo período.
Perguntou também se o valor desembolsado para reparações (262,84 milhões de dólares em 2024) é proporcional ao impacto socioambiental causado e qual a metodologia usada para determinar os valores de reparação, além de pedir esclarecimentos sobre como esse valor foi gasto.
A mineradora respondeu, em nota, que o acordo de reparação avançou e alcançou a marca de 75% em execução do total estimado de R$ 37,7 bilhões.
Disse ainda que realizou mais de 8,9 mil acordos de indenização entre cíveis e trabalhistas, o que contemplou mais de 17 mil pessoas. Segundo a empresa, R$ 3,8 bilhões em pagamentos foram realizados, até o momento.
No ano passado, nesta mesma época, a Vale informou que cerca de R$ 25 bilhões – aproximadamente 68% – haviam sido executados. Ou seja, houve um aumento de apenas 7% em um ano.
Fonte: BdF Minas Gerais
Edição: Elis Almeida
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