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Sindifort informa que há outros problemas na saúde de Fortaleza além da questão da alimentação no IJF

Anderson Ribeiro informa que a saúde de Fortaleza está passando por problemas, seja estrutural ou por falta de pessoal

Brasil de Fato | Fortaleza (CE) |
Em seu perfil no Instagram, o governado Elmano de Freitas informou o repasse de recurso para ajudar emergencialmente a saúde da capital. - Foto: Secretaria da Saúde do Estado do Ceará

Diante dos diversos casos de denúncias sobre descaso vivenciado na área da saúde na capital cearense nesse último mês de mandato do prefeito Sarto (PDT), o Sindicato dos Servidores e Empregados Públicos do Município de Fortaleza (Sindifort) participou de ato realizado na quinta-feira (12), no Instituto Dr. José Frota (IJF), cobrando providências contra descaso. O Sindifort, juntamente com outras entidades que compõem a Frente Sindical das Entidades Representativas dos Servidores e Empregados Públicos Municipais de Fortaleza (Fersep-For), realizaram ato que reforçou a paralisação dos servidores do hospital e denunciou mais uma vez o descaso do prefeito Sarto e da administração.
 
Em seu perfil no instagram, o Sindifort informa que “os servidores do hospital paralisaram as atividades diante da falta de condições de trabalho pois nem mesmo as refeições para funcionários, pacientes e acompanhantes foram servidas no horário adequado. Ao meio-dia o refeitório estava vazio. Segundo a imprensa, a empresa que serve as refeições suspendeu a entrega diante da dívida da Prefeitura. Há meses que os sindicatos denunciam a falta de insumos, piora na qualidade, atrasos na alimentação e outros problemas, que vem se agravando no período pós-eleição”.

Anderson Ribeiro, da diretoria setorial de saúde do Sindifort, informa que o abastecimento das refeições não está ocorrendo e que no último dia 12 houve nova paralisação. Faltou almoço para profissionais da saúde, pacientes e acompanhantes. “O que nos deixou indignados foi paralisar os atendimentos na pediatria por falta de comida para as crianças internadas. Portanto, O Sindifort mais uma vez foi chamado pelos servidores do IJF e fez esse ato na porta do hospital em solidariedade aos profissionais de saúde, aos pacientes e acompanhantes em defesa da vida e melhores condições de trabalho. O governo Sarto deixa um rastro de destruição e descompromisso com a população de Fortaleza e profissionais de saúde”.

“Estivemos em contato com a superintendência do IJF a regularização do almoço está ‘garantida’ para os próximos quatro dias. Ontem [12] o almoço foi servido depois das 15h. Estamos hoje, sexta-feira (13) de sobreaviso caso não tenha refeição iremos novamente ao IJF fazer movimento e denunciar novamente o descaso instalado pelo governo Sarto”, afirma Anderson.


Sindicato dos Servidores e Empregados Públicos do Município de Fortaleza (Sindifort) participou de ato realizado na quinta-feira (12), no Instituto Dr. José Frota (IJF). / Foto: Reprodução/Redes Sociais

Questionado se essa situação é somente no IJF, Anderson explica que toda a rede de saúde de Fortaleza está passando por problemas, seja estrutural ou por falta de pessoal. De acordo com ele, mesmo com o concurso da  Fundação de Apoio à Gestão Integrada em Saúde de Fortaleza (Fagifor) o efetivo não dará conta. “Só no IJF o déficit chega a mais de mil servidores. Para se ter uma ideia os profissionais estão dobrando serviço para ganhar um pouco mais e também por falta de profissionais. Está faltando água nos postos de saúde a mais de três meses. No Frotinha da Messejana, mesmo reformado, caiu o teto da sala de repouso. O hospital Nossa Senhora da Conceição foi interditado. Hospital da Mulher (HMDZAN) as cirurgias eletivas foram suspensas. Tem posto de saúde, no caso o Maciel de Brito, no Conjunto Ceará, que está há um ano em reforma e os profissionais atendendo nas carretas de saúde”.

Augusto Monteiro, secretário geral do Sindifort diz que em conjunto com outras entidades sindicais, que compõe a Frente Sindical, que é a Frente dos Sindicatos e Entidades dos Servidores de Fortaleza, vem inicialmente buscando a gestão municipal para tentar negociar essa situação, mas de acordo com ele, há uma certa dificuldade nesse diálogo. “A gente tem muita dificuldade de dialogar com os gestores, com os próprios secretários e aí não tem algo diferente a fazer. Nós estamos realizando atos, que já são mobilizados, que são realizadas lá. [12] a gente teve essa situação muito crítica da falta de alimentação na hora do almoço e aí houve uma breve paralisação de uma parte dos servidores”. 

Augusto também diz que é difícil a previsão para resolver tal situação. “Previsão para resolver é difícil, porque a gente não consegue ter nenhum retorno do secretário de saúde, da gestão municipal, da própria superintendência do IJF, há muitas cobranças do Ministério Público e da própria imprensa e na prática, a prefeitura não assume um compromisso de se vai resolver ou quando vai resolver”.

Meyrilane Barros, assistente social e diretora do Sindicato dos e das Assistentes Sociais do Ceará (SASEC) diz que faltam adjetivos para caracterizar o que temos vivido na saúde de Fortaleza nos últimos meses. No IJF, de acordo com ela, falta o básico, falta do esparadrapo a comida. Ausência de vários insumos, medicações essenciais para alívio de dor, anestésicos, antibióticos, anticoagulantes. “O IJF possui um Centro de Tratamento de Queimados que é referência nacional e hoje, os pacientes que chegam para realizar curativos nas queimaduras precisam levar o material para a realização do procedimento. [Dia] 12, chegou ao despautério de não ter comida para os trabalhadores, a comida dos pacientes e acompanhantes ser servida após as 15h”.

Para ela, essa situação é um verdadeiro desrespeito com a população. Uma gravíssima violação ao direito básico à saúde. “As pessoas têm feito uma verdadeira peregrinação em busca de atendimento médico. Há unidades de saúde de urgência e emergência do município de Fortaleza que não tem profissionais médicos no plantão. Muitas vezes os usuários precisam comprar medicações e insumos para garantir minimamente seu tratamento”.

De acordo com Meyrilane, os trabalhadores são afetados físico e emocionalmente e, inclusive, financeiramente, pois tem necessitado comprar comida do seu próprio salário durante o plantão. “Registramos que servidores plantonistas não recebem auxílio alimentação e devem ter sua alimentação assegurada no local de trabalho. Temos verificado o aumento significativo do adoecimento mental dos trabalhadores. Não tem sido fácil trabalhar sem as condições mínimas, com equipes de trabalho incompletas. Tal situação além da sobrecarga de trabalho gera adoecimento mental. Os trabalhadores precisam ainda lidar diretamente com a revolta da população pela precariedade dos serviços de saúde. Isso gera violência física e psicológica. Estamos extremamente adoecidos”.

Em seu site, o Ministério Público do Estado do Ceará informa que “cobrou, nesta sexta-feira (13/12), que a Prefeitura de Fortaleza adote providências para regularizar possível problema no fornecimento de alimentação a pacientes, acompanhantes, servidores e colaboradores do Instituto Dr. José Frota, na capital. A 137ª Promotoria de Justiça de Fortaleza instaurou inquérito civil público após receber denúncia de irregularidades envolvendo falta de alimentos no hospital. A Secretaria Municipal da Saúde de Fortaleza (SMS) tem prazo de 72 horas corridas para responder ao MP do Ceará”.

Repasse do governo estadual

Em seu perfil no Instagram, o governador Elmano de Freitas (PT) informou o repasse de recurso para ajudar emergencialmente a saúde da capital. “Informo que já está na conta do Município de Fortaleza o recurso extra de R$ 19,1 milhões para ajudar emergencialmente na Saúde da Capital. Para o IJF são destinados R$ 9,6 milhões, e para a Santa Casa serão R$ 9,5 milhões. Agradeço ao Governo Federal por atender nosso pleito de forma imediata”.
 

 

Prefeitura de Fortaleza

Sobre a alimentação dos pacientes, acompanhantes e funcionários a Prefeitura de Fortaleza afirma que “a Direção do Instituto Dr. José Frota (IJF) informa que, nesta sexta-feira (13/12), a entrega das refeições destinadas aos pacientes internados, seus acompanhantes e funcionários está normalizada. A Secretaria Municipal da Saúde (SMS) reforça que está em contato direto com o fornecedor e adotando todas as medidas necessárias para garantir a regularização definitiva do serviço”.

Já sobre o diálogo com sindicato e profissionais da saúde a Prefeitura informa que “Na manhã desta sexta-feira (13/12), a SMS esteve reunida com representantes de sindicatos de saúde e Organizações Sociais (OS) para debater questões relacionadas à saúde pública municipal, incluindo os pagamentos salariais dos profissionais da Rede. A SMS reforça seu compromisso em solucionar as pendências e informa que está adotando todas as medidas para regularizar a situação com a maior agilidade possível”.

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Edição: Lívio Pereira