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Importante equipamento da cultura e história cearense, Museu do Ceará receberá obra de reforma e restauro

Segundo o governador do Ceará, serão investidos R$ 4,7 milhões na obra, que tem previsão de duração de oito meses

Brasil de Fato | Fortaleza (CE) |
A obra de reforma e restauro do Palacete Senador Alencar, sede do Museu do Ceará desde 1990, em Fortaleza, foi iniciada na última terça-feira (24) após assinatura da ordem de serviço. - Foto: Jeny Sousa

Há 90 anos na vida dos cearenses, o Museu do Ceará abriga um acervo com mais de 13 mil peças distribuídas em três importantes coleções que revelam a história do Ceará: Paleontologia, Arqueologia/Antropologia Indígena e Mobiliário. Localizado no bairro Centro, à Rua São Paulo, n.º 51, o Palacete Senador Alencar foi originalmente construído como sede da Assembleia Provincial do Ceará, na época do Brasil Império (1822-1889) como explica Raquel Caminha, diretora do Museu do Ceará. No decorrer das décadas, abrigou a Faculdade de Direito, Biblioteca Pública, o Tribunal Regional Eleitoral, o Instituto do Ceará e a Academia Cearense de Letras. 

“Desde 1990, consolidou-se como a sede do Museu do Ceará. O prédio mantém as características arquitetônicas originais. O estilo neoclássico é demarcado pelas colunas, janelas e o frontão triangular. Nas proximidades estão o Palácio da Luz (atual Academia Cearense de Letras), a Igreja do Rosário e a Praça General Tibúrcio (conhecida como Praça dos Leões). Estas construções formam um importante conjunto arquitetônico da capital cearense e ocupam uma área de grande densidade histórica e turística”, informa Raquel.

Em 2024, o Museu do Ceará completou 92 anos de serviços prestados ao povo cearense. Testemunha de inúmeros acontecimentos sociais e políticos, é sinônimo, dentre outras atribuições, de preservação da memória, educação e salvaguarda das raízes do povo cearense. “Secular, o imóvel possui significativo valor cultural e arquitetônico. Trata-se de um Monumento Nacional, tombado pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan). A edificação é protegida pelo Tombo Federal: Processo nº 863-T 72, Livro do Tombo Histórico, Inscrição no 440, Fls. 72; Livro do Tombo das Belas Artes, Inscrição no 502, data: 28 de fevereiro de 1973”, ressalta Raquel.

Reforma e restauro

A obra de reforma e restauro do Palacete Senador Alencar, sede do Museu do Ceará desde 1990, em Fortaleza, foi iniciada na última terça-feira (24) após assinatura da ordem de serviço. De acordo com o governador Elmano de Freitas, serão investidos R$ 4,7 milhões na obra, que tem previsão de duração de oito meses.

O investimento na obra é de R$ 4.729.973,00, com recursos do Fundo de Defesa dos Direitos Difusos do Estado do Ceará (FDID). O aporte será voltado à modernização do Museu do Ceará, incluindo a atualização dos espaços de exposição e novas orientações de acessibilidade. Raquel explica que a área de intervenção é de 1.311,95 m². A obra inclui serviços de prospecção estratigráfica em paredes; recuperação da cobertura; restauro e conservação de pisos, paredes, tetos e esquadrias; restauro e conservação da escada principal; restauro e conservação das escadas e fachadas; recuperação das instalações de combate a incêndio, instalações hidrossanitárias, águas pluviais, elétricas, SPDA, cabeamento estruturado, climatização e sonorização; adaptações de acessibilidade etc.  

“O restauro e reforma devem requalificar o prédio para as novas demandas no campo da museologia. A premissa é de que, dentro dos limites do processo de tombamento, o Palacete Senador Alencar possa atender às atuais necessidades quanto à acessibilidade, tecnologia e comunicação. Além de retornar e garantir ao povo o direito primordial que é a preservação da memória”, afirma Raquel.

Durante o processo do restauro, também será realizado um processo de reavaliação do acervo e reconceituação da instituição para que a mesma possa atender as demandas sociais da atualidade. “A história não deve e não pode ser apagada, mas é preciso ressignificá-la para que as memórias sirvam de exemplo para a construção de uma nova consciência em prol de uma sociedade pautada na justiça social”.


Bode Ioiô. / Foto: Acervo Secult

O que consta no acervo do Museu?

Raquel informa que o Museu do Ceará possui um acervo de mais de 13 mil peças (moedas, medalhas, quadros, móveis, peças arqueológicas, artefatos indígenas, bandeiras e armas) distribuídas em três importantes coleções que contam a história do Ceará: Paleontologia, Arqueologia/Antropologia Indígena e Mobiliário. De acordo com ela, é a primeira instituição museológica oficial do Ceará, com acervo bastante variado, resultado de compras e, sobretudo, de doações de particulares e instituições públicas.

Há também peças de “arte popular” e uma coleção de cordéis publicados entre 1940 e 2000 (950 exemplares). Alguns objetos se referem a "fatos históricos", escravidão, movimento abolicionista e movimentos literários, como a famosa "Padaria Espiritual", que entrou para a História da Literatura Brasileira com especial destaque.

Tipologias de acervo: arqueológico, arquivístico, audiovisual, bélico, biológico, bibliográfico, documental, etnológico, geológico, histórico, iconográfico, mobiliário, numismático, paleontológico e têxtil. Coleções: Coleção Dias da Rocha, Coleção Paleontológica, Coleção Biológica, Coleção Geológica, Coleção Arqueológica, Coleção Thomaz Pompeu Sobrinho, Coleção Etnológica, Coleção de numismática, Coleção bélica, Coleção de placas, Coleção de instrumentos musicais, Coleção têxtil e de indumentária, Coleção de ex-votos, Coleção iconográfica, Coleção histórica, Coleção de cordel, Coleção bibliográfica, Coleção de mobiliário, Coleção documental.


Em 2022, o acervo do Museu do Ceará foi transferido para o Anexo Bode Ioiô, que está em funcionamento na Rua Major Facundo, 584. / Foto: Jeny Sousa

O Museu

Em 2022, o acervo do Museu do Ceará foi transferido para o Anexo Bode Ioiô, que está em funcionamento na Rua Major Facundo, 584. No anexo ocorrem exposições, palestras, cursos, pesquisas do acervo, eventos on-line; atendimento a pesquisadores. Além disso, é lá que ocorre o trabalho interno de manutenção, catalogação e salvaguarda do acervo. 

Na sala expositiva do Anexo Bode Ioiô, está aberta, desde 06 de setembro, a exposição Histórias do Museu do Ceará, que apresenta alguns dos itens mais icônicos do acervo da instituição, como o Bode Ioiô, que foi restaurado pelo Museu de História Natural do Ceará Prof. Dias da Rocha (MHNCE), vinculado à Universidade Estadual do Ceará (Uece), em diálogo com a trajetória do Museu do Ceará. A exposição está aberta para visitação de segunda à sexta-feira, das 09h às 16h, e aos sábados, das 09h às 14h.

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Edição: Camila Garcia