Os levantamentos divulgados por dois institutos diferentes nessa quarta-feira (25) trazem um cenário polarizado e disputa acirrada pela prefeitura de Fortaleza. Os números do Instituto Datafolha e a Pesquisa Quaest apontam que Fortaleza será uma das 103 cidades brasileiras onde haverá segundo turno. De um lado, o candidato da extrema direita André Fernandes (PL) se mantém na liderança, embora com uma votação estável e sem grandes avanços. Do outro, Evandro Leitão, candidato do PT, com o maior crescimento registrado entre os postulantes nas últimas pesquisas divulgadas pelos institutos.
De acordo com os números do Datafolha, Fernandes está com 27% das intenções de votos. Já Evandro Leitão cresceu 15 pontos percentuais, em comparação aos dois levantamentos anteriores. Durante a pré-campanha, em junho, o candidato foi citado por 8% dos eleitores. Passou para 10% em agosto, 19% na pesquisa divulgada no dia 11 de setembro, chegando a 25% das intenções de voto na pesquisa divulgada nessa quarta (25). Esse mesmo crescimento foi registrado pelo Instituto Paraná Pesquisas, no levantamento realizado no último dia 11, quando Evandro registrou aumento de 6% com relação aos dados divulgados no decorrer da campanha em Fortaleza. A margem de erro é de 3 pontos percentuais para mais ou para menos.
O bom desempenho de Evandro foi registrado ainda no levantamento da Quaest. Os números também divulgados nesta quarta-feira mostram que André Fernandes tem 25% e Evandro 23%. Em relação aos levantamentos anteriores, os dois candidatos tinham 14% cada, e subiram para 21%, permanecendo empatados. A margem de erro também é de 3 pontos percentuais.
Com o apoio do presidente Lula, do Ministro da Educação Camilo Santana e do governador Elmano de Freitas, Evandro viu sua popularidade acelerar nas últimas semanas em todas as pesquisas divulgadas. Junte isso ao fato de ser o candidato com o maior tempo de propaganda eleitoral no rádio e na TV, graças à ampla aliança que reúne 8 partidos (PP, PSB, PSD, Republicanos, MDB, além da federação formada por PT, PCdoB e PV).
Para a socióloga e cientista política Paula Vieira, pesquisadora do Laboratório de Estudos sobre Política, Eleições e Mídia (Lepem) da Universidade Federal do Ceará, a rejeição aos candidatos da extrema direita em Fortaleza também é um fator importante a ser observado na reta final da campanha. “Claro que quanto maior a visibilidade, maior a chance de ter rejeição ao nome, mas aumentou bastante. André e Wagner subiram muito o índice de rejeição cada um. Evandro manteve os índices de rejeição. Isso significa que o Evandro tem potencial de crescimento, ainda mais com o Camilo entrando na campanha”, considera a especialista.
A pesquisadora também analisa as estratégias utilizadas pelos candidatos durante a campanha. Enquanto Sarto (PDT) tentou mobilizar eleitores pelas redes sociais, com o uso exagerado de memes, Capitão Wagner (União) se concentrou em atacar o ex-aliado Fernandes, provocando uma migração de votos do eleitor mais conservador para o candidato do PL, o que resultou em uma queda vertiginosa do seu nome. Além disso, o uso dos padrinhos políticos por parte do Evandro, o deixou em uma situação mais confortável. “O Evandro ficou a parte disso. Inclusive, não trouxe nenhuma novidade em termos de estilo de campanha. Sarto arriscou, Wagner já utilizava redes com certo manejo, André veio das redes. Com os ataques para a disputa do mesmo eleitorado entre Wagner e André, Evandro continuou na campanha na mesma linha de estratégia”, ressalta Paula Vieira.
Segundo turno
Considerando um possível segundo turno entre André e Evandro, a disputa ganha novos contornos de acirramento. De acordo com a pesquisa Datafolha, se a eleição fosse hoje, os dois estariam empatados com 43% de intenções de voto, cada um e 11% dos votos brancos ou nulos.
Na simulação entre André e Wagner, ambos candidatos da direita, André ganharia a eleição com 41% dos votos contra 36% de Wagner. Se a disputa fosse entre André e o atual prefeito José Sarto, a disputa voltaria a ser apertada com André vencendo o cenário (43% a 41%). Já na simulação entre Evandro e Sarto, o candidato da esquerda venceria o atual prefeito (43% a 36%), enquanto na disputa entre Wagner e Sarto, o candidato do União Brasil seria eleito com 43% e o atual prefeito perderia a eleição com 39% das opções de voto.
Pela Quaest não há nenhuma previsão diferente. Segundo o levantamento, em um segundo turno entre André e Evandro, os dois candidatos estão tecnicamente empatados, com o candidato do PL com 43% e Leitão com 39%.
Diante desses cenários, o apoio dos outros candidatos e o trabalho dos padrinhos políticos será o diferencial para o segundo turno das eleições em Fortaleza, inclusive para conquistar os votos dos indecisos. Apesar de Fortaleza não ter eleitorado lulista, em sua maioria, o apoio do Presidente Lula também será essencial para as eleições do dia 27 de outubro, mas o grande trunfo de Evandro Leitão é mesmo o Ministro Camilo Santana, que saiu do governo do Ceará com a maior aprovação já registrada no estado, 78%, e tirou férias para entrar de cabeça nas eleições no estado.
“Os votos do Sarto vão para onde? Ele tem uma característica mais centro direita, que está se contrapondo ao Evandro e ao projeto do PT, reflexo do antipetismo. Ao mesmo tempo, Evandro é o candidato do Camilo que tem uma alta aprovação e pode ser que venha um pouco desses votos. É curioso a gente olhar esse cenário, como espelha a eleição presidencial, da polarização, Bolsonaro e PT. Tem muita coisa para acontecer”, analisa Paula.
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Edição: Francisco Barbosa