Ceará

ELEIÇÕES 2024

Candidaturas essenciais para frear o avanço de forças políticas de direita em Fortaleza (CE)

Conheça algumas das candidaturas de esquerda que defendem a democracia e populações marginalizadas na capital cearense

Brasil de Fato | Fortaleza (CE) |
É urgente a eleição de nomes que defendam as minorias, a igualdade de direitos e inclusão, visando a construção de um estado mais protetor e inclusivo. - Foto: Divulgação

Tão importante quanto escolher o candidato que vai gerir a cidade por 4 anos é saber votar nas candidaturas progressistas que atuarão na Câmara Municipal de Fortaleza para que as políticas públicas possam andar. Com uma política tradicionalmente construída por homens, cis, brancos, héterossexuais e com grande histórico familiar que fazem da política, uma profissão, é urgente a eleição de nomes que defendam as minorias, a igualdade de direitos e inclusão, visando a construção de um Estado mais protetor e inclusivo.

Nessa perspectiva, o Brasil de Fato apresenta candidaturas essenciais para contrabalançar o avanço de forças políticas de direita, especialmente em momentos de polarização política, como a que acontece em Fortaleza. São candidatas mulheres, pessoas pretas, crias da periferia, representantes da comunidade LGBT+, dos movimentos sociais e preocupadas com a pauta ambiental, contrastando com abordagens comuns à direita que, por vezes, priorizam o crescimento econômico em detrimento do meio ambiente.

Concorrendo a uma cadeira na Câmara Municipal de Fortaleza, a candidata Mari Lacerda (PT) se coloca como uma opção de voto em defesa dos direitos das mulheres. Mulher, jovem, negra, bissexual e cria do Parque Santana, periferia de Fortaleza. Militante feminista e antirracista. É cientista social e mestranda em Sociologia pela Universidade Federal do Ceará (UFC), onde estuda participação de mulheres negras na política. Atualmente, Mari colabora com diversos projetos nas periferias de Fortaleza, que vão da capacitação profissional e autonomia financeira para mulheres às batalhas de rima e outros movimentos culturais.

“A defesa da vida das mulheres de Fortaleza é central para o projeto coletivo que eu represento, por isso, queremos criar o Fundo Municipal para as Mulheres, destinado a financiar políticas de prevenção à violência e promoção da autonomia econômica das mulheres.Também temos a proposta de criação da Casa da Mulher de Fortaleza, para ampliar o atendimento de referência para mulheres vítimas de violência. E ainda, a prevenção à gravidez precoce com a criação do programa “Adolescente Não é Mãe”, para incluir na legislação municipal ações de saúde, educação e empregabilidade com foco em adolescentes, trabalhando a reinserção de jovens mães na escola ou no mercado de trabalho", disse ao BdF Ceará.

Dando continuidade ao fortalecimento da representação dos defensores da reforma agrária e urbana nas câmaras municipais, o MST apoia em Fortaleza a candidatura do assistente social e educador popular Rogério Babau. Militante do Movimento Brasil Popular no Ceará, Babau, tem sua história de vida toda contada na periferia, especialmente no bairro da Serrinha, e quer ocupar uma cadeira na Câmara Municipal para levar investimentos que priorizem a juventude periférica, a redistribuição de renda em Fortaleza e o combate à fome em uma relação do campo com a cidade.

"A periferia é historicamente esquecida, abandonada e nunca ocupou de fato esse lugar. A nossa candidatura é popular, de um sujeito político forjado no seio do povo, junto com o povo e para o povo. A nossa candidatura defende os valores de uma sociedade mais humana, baseada nos princípios e nos valores socialistas. De forma concreta, nós defendemos a vida, a organização popular, lutaremos contra a violência, contra o extermínio da juventude, contra a fome que ainda assola a nossa periferia, defendendo a cultura como um elemento organizador e formador", ressaltou o candidato.

A co-vereadora Adriana Gerônimo (PSOL) tenta a reeleição na Câmara Municipal. Atualmente, integrando a mandata coletiva Nossa Cara, primeira do tipo em Fortaleza, a candidata segue sozinha no pleito atual. Cria da periferia de Fortaleza, é assistente social, negra, LGTB, mãe e ecossocialista. Dedica-se à luta por moradia, direito à cidade e pela implementação das Zonas Especiais de Interesse Social - ZEIS em Fortaleza. Integrou o Grupo Jovens em Busca de Deus - JBD, a Frente de Luta por Moradia Digna, o Campo Popular do Plano Diretor de Fortaleza e o Fórum Popular de Segurança Pública do Ceará.

“Mulheres negras, LGBTs e periféricas precisam ter condições de serem eleitas e precisam de proteção para conseguir exercer seu mandato sem intimidação e violência política de gênero. Nós mulheres somos muito necessárias na política, pois sabemos exatamente onde as políticas públicas falham, e precisamos estar na política para denunciar e corrigir essas falhas que afetam a nossa vida no dia a dia. O desafio de se lançar na política é ainda maior para as mulheres que enfrentam triplas jornadas de trabalho dentro e fora do lar e que são responsáveis pelo cuidado integral da casa e da família”, ressaltou a candidata ao BdF.

Outra candidatura que aparece como opção é a do bancário Ailton Lopes (Psol). Foi duas vezes candidato a governador do Ceará, sendo em 2014 o primeiro candidato assumidamente gay para o cargo em Fortaleza. Com uma atuação política que se iniciou ainda jovem no movimento estudantil da UECE, Ailton, busca nessa eleição aumentar a bancada de esquerda na Câmara de Vereadores e defender as pautas LGBT+, dos direitos humanos e dos animais, e do meio ambiente.

“A nossa candidatura é uma candidatura LGBT e ecossocialista porque a gente entende que é preciso mudar esse modo de produção que explora. A gente está vendo como os eventos climáticos têm se tornado cada vez mais extremos. A gente quer mudar o sistema que tem afetado, sobretudo as populações mais pobres, mais periféricas, que sofrem com todos esses eventos extremos. Como uma candidatura LGBT, a gente entende o combate não apenas contra a LGBTfobia, mas também contra o machismo, contra o racismo, capacitismo e todo e qualquer outra forma de preconceito e opressão”, disse o candidato.

A pauta ambiental é prioridade para o candidato à reeleição na Câmara, Gabriel Aguiar, também conhecido por Gabriel Biologia (Psol). Aos 29 anos, Gabriel é um jovem ambientalista que há 13 anos milita ativamente nas lutas socioambientais de Fortaleza e do Ceará. Filho de uma professora e de um ex-preso político da ditadura militar, cresceu engajado nas pautas com militantes do seu partido. Biólogo e mestre em ecologia, ecossocialista e defensor do Ambientalismo Popular.
“A nossa candidatura vem como um freio na destruição das áreas verdes da nossa cidade, com uma proposta de uma Fortaleza Verde e Justa, somando as várias lutas necessárias no atual cenário do Brasil. Os menos responsáveis por essa crise serão os mais severamente impactados: famílias periféricas, mulheres negras, povos e comunidades tradicionais. A injustiça climática e o racismo ambiental precisam estar na ordem do dia da política. A emergência climática deixou de ser um alerta de cientistas para virar uma realidade. Precisamos encarar o problema do fim do mundo e o problema do fim do mês”, reflete o candidato.

Quem também entra no hall das boas candidaturas é a professora da escola pública e mestra Maya Eliz de 26 anos. Doutoranda em Educação, transfeminista, militante do RUA - Movimento da Juventude Anticapitalista, ecossocialista e cria da periferia, como se define, Maya quer construir políticas para a população que sempre foi invisibilizada.

“Ter uma travesti, professora, que conhece a realidade das periferias disputando este cenário, e possivelmente eleita para a Câmara, é uma contribuição significativa para a sociedade, capaz de apresentar um novo modelo de organização social e desenvolvimento. Esse modelo deve ser centrado nas pessoas que vivem a cidade, e não apenas nas grandes máquinas ou estruturas que focam exclusivamente na economia distante da realidade. Nossa candidatura não se resume à identidade trans ou travesti. É uma candidatura da educação, das periferias, da juventude e das mulheres. É uma candidatura que resiste e busca construir uma nova Fortaleza, onde possamos viver sem medo”, falou ao BdF.

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Edição: Camila Garcia