A Feira Cultural da Reforma Agrária do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST) do Ceará celebra sua 95ª edição neste sábado (14), marcando oito anos de existência. O evento, que reúne mais de 50 feirantes de assentamentos, acampamentos e parceiros do MST de Fortaleza, acontece na Rua Paulo Firmeza, 445, bairro São João do Tauape, das 9h às 15h.
A Feira é uma realização do Centro de Formação Frei Humberto e Movimento dos Trabalhadores e Trabalhadoras Rurais Sem Terra, com apoio da Associação de Cooperação Agrícola do Estado do Ceará (ACACE) e da Cooperativa Central das Áreas de Reforma Agrária do Ceará (CCA).
A programação inicia às 9h com exposição e venda de produtos agroecológicos, artesanatos e livros. Às 10h, ocorre o debate sobre os oito anos da Feira, com participação de Norma Rafaela, assentada e feirante; Neila Santos, da coordenação do Cetra e da gestão da arca agroecológica; Sandra Gadelha, professora da UFC; e Valeriana Barbosa, da coordenação do Centro Frei Humberto. O evento segue com almoço com comidas típicas às 12h, acompanhado de música ao vivo com as bandas "Os Muringa" e "Luíza Nobel".
Joel Lima, assentado no Assentamento Antônio Conselheiro, em Ocara, e feirante desde a primeira edição, destaca a importância da Feira para os agricultores. “Para nós que vivemos da terra e da nossa produção, esse espaço de comercialização é fundamental. Além de aumentar nossa renda nos dá a oportunidade de demonstrar na prática que a Reforma Agrária dá certo. Mostramos que a terra ocupada garante dignidade aos camponeses e que, para chegarmos aqui, para conseguirmos produzir e alimentar a cidade é preciso luta e organização. Esta Feira é a prova viva de que nosso trabalho no campo tem um impacto direto na vida de quem vive na cidade”.
Clarice Rodrigues, da Coordenação da Feira da Reforma Agrária, destaca a importância da Feira na valorização dos produtos da Reforma Agrária. “A Feira Cultural da Reforma Agrária, ao completar oito anos, representa um marco significativo para o MST do estado do Ceará, mas também para a agricultura familiar, e se destaca em vários aspectos, dentre eles, a valorização da produção dos assentamentos e acampamentos. É um espaço onde assentados da Reforma Agrária apresentam seus produtos e que possibilita a troca de experiência e conhecimento entre campo e cidade, além de promover a valorização do que é produzido nos assentamentos e demonstrar que a Reforma Agrária é uma pauta necessária, porque somente através da agroecologia e da Reforma Agrária é possível produzir alimentos saudáveis e suficientes para alimentar o povo”.
A Feira oferece uma ampla variedade de produtos frescos e artesanais, em sua maioria provenientes dos assentamentos e da agricultura familiar. Entre os itens disponíveis, os visitantes podem encontrar: mel, castanha, farinha, feijão, arroz, café, cajuína, cheiro verde, pimentão, pimentinha, alface, batata, macaxeira, mamão, banana, melancia, carne de caprinos e ovinos, buchada, galinha caipira, ovos caipira, leite, queijo, requeijão, iogurte, coalhada, dentre outros produtos, além de artesanatos e o Plebeu Gabinete de Leitura com a venda de livros.
A Feira conta com a colaboração de cinco cooperativas regionais, que são: Coopalc, Coopranorte, Cooperamuns, Cooperasc e Cooperamel. Essas cooperativas desempenham um papel crucial na organização e fornecimento da produção dos assentados e a força do cooperativismo na Reforma Agrária. Os produtos provenientes dessas cooperativas carregam a marca registrada do MST: "Terra Conquistada”.
Clarice destaca ainda o percurso para que a Feira fosse construída. “A Feira só acontece desde setembro de 2016 porque antes houve toda uma história de luta, de resistência, de ocupação da terra improdutiva, de organização desses homens e mulheres sobre essa terra conquistada, de organização dessa produção para que se chegasse ao nível de uma feira como é a Feira que organizamos aqui. A Feira se coloca como um espaço de formação, onde é possível compartilhar conhecimento sobre as práticas sustentáveis agroecológicas, a importância da Reforma Agrária não só para estas pessoas que produzem cotidianamente nos assentamentos, acampamentos, mas também para quem está na cidade se alimentando destes produtos, se alimentando desse fruto, dessa terra conquistada. E para os agricultores tem esse objetivo também de facilitar o acesso ao mercado para que estes agricultores e agricultoras familiares também vendam os seus produtos diretamente aos consumidores, aumentando assim a sua renda e sua autonomia”.
Feira Cultural da Reforma Agrária: 8 anos de existência
A Feira Cultural da Reforma Agrária teve sua primeira edição no dia 24 de setembro de 2016, com caráter de comercialização, mas também de formação e cultura no mesmo evento. Desde então, a Feira tem sido um espaço de socialização de conhecimentos através dos debates sobre a conjuntura, da boa música, do acesso aos mais diversos livros com a participação do Plebeu Gabinete de Leitura e dos sabores da terra com os produtos frutos da Reforma Agrária.
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Edição: Francisco Barbosa