Ceará

MÊS DO ORGULHO

Bonde LGBT+ chega a Fortaleza promovendo representatividade e engajamento político

Por meio de ações estratégicas, o Bonde LGBT+ visa dar visibilidade às comunidades LGBT+ nas regiões por onde passa.

Brasil de Fato | Juazeiro do Norte (CE) |
VoteLGBT+ na Parada do Orgulho LGBTQIA+ em São Paulo - Mídia Ninja/Reprodução

Formado por uma equipe de 20 pessoas, que têm seus corpos atravessados por diversos repertórios sociais, culturais, territoriais e identitários, o VoteLGBT+ - organização dedicada a aumentar a representatividade LGBT+ em todos os espaços, sobretudo na política - chega na capital cearense com o ‘Bonde LGBT+’, projeto que tem como foco a dedicação ao fortalecimento do ecossistema LGBT+ local, baseando-se nos pilares de ocupação dos territórios, representatividade e engajamento político.

Com atuação desde 2014, a organização tem desenvolvido ampla gama de ações, desde a geração de dados, apoio a lideranças e mobilização do eleitorado, até a criação de ferramentas digitais e campanhas de conscientização pelo voto em pessoas e pautas LGBT+, imprimindo um passo importante para a representatividade LGBT+ na política brasileira, seja em âmbito municipal, estadual ou federal.

Gui Mohallem, membro da Diretoria Executiva do VoteLGBT, afirma que o projeto é uma das iniciativas mais estratégicas e vibrantes do grupo. Ele ressalta que a chegada em Fortaleza traz grandes expectativas e que o VoteLGBT+ espera não apenas destacar a riqueza e diversidade das comunidades LGBT+ locais, mas também fortalecer as bases para uma participação política mais ativa e representativa. “Fortaleza é um território de muita luta e resistência, e estamos aqui para amplificar essas vozes, unindo forças com instituições locais para transformar esse engajamento em mudança real e duradoura", afirma.

Por outro lado, a vice-diretora do VoteLGBT+, Bru Pereira, afirma que o intuito da organização com o bonde é tentar replicar algumas das tecnologias que o VoteLGBT+ já experimentou e obtiveram êxito em diferentes territórios como São Paulo, Rio de Janeiro e Belo Horizonte. "Então, nossa expectativa é isso, é que através desse processo de troca com pessoas envolvidas com os territórios, elas possam adaptar, transformar, fazer essas tecnologias fazerem sentido às possibilidades locais como uma forma de tentar construir um território que, de fato, priorize, evidencie e fortaleça a população LGBT+", aponta.


A organização compreende que a representatividade deve ser pensada de forma interseccional às pautas de gênero e de raça / Divulgação

Durante sua passagem por Fortaleza, o projeto se propõe a realizar grandes atividades, desde a promoção de entrevistas com lideranças comunitárias, criando conexões com instituições de formação política, até a construção de pesquisas durante a realização da parada da diversidade de Fortaleza, que acontece no próximo dia 30 de junho. Além disso, o projeto traz ainda para a capital cearense o Festival de Curta-metragens VoteLGBT e a iniciativa do Mapa LGBT+.

Questionada sobre os desafios enfrentados na construção das atividades em Fortaleza, a vice-diretora aponta que os obstáculos têm a ver com o fato da iniciativa ser uma aposta para outros territórios, uma aposta de que as pessoas que convivem nesses territórios, estão engajadas, atuando, vivendo e construindo esses territórios, se interessem, pelas tecnologias que o VoteLGBT+ tem desenvolvido e tentado trocar nesses territórios. "Além desses obstáculos, tem aqueles que ainda são mais gerais, que já são presentes tanto aqui na experiência mais localizada quanto nas outras experiências do bonde que a gente fez, que são: o fato de que a gente está lidando com espaços construídos para pessoas a partir de relações afetivas, relações de boca a boca, relações LGBT+", conclui.

Festival de Curta-metragens LGBT+

No eixo da representação, a principal iniciativa da organização durante sua atuação em Fortaleza é o Festival de Curta-metragens VoteLGBT, que visa estimular a produção de vídeos que contem as histórias de lideranças e das comunidades LGBT+ da cidade.

O Festival é aberto para realizadores LGBT+, sendo necessário que a equipe realizadora ou os personagens principais tenham ligação com os territórios do Ceará. Os filmes devem ter entre 1 e 5 minutos, abordar temas interseccionais e não disseminar qualquer tipo de preconceito. Cada um dos 10 filmes finalistas receberá R$ 100, e os três vídeos mais votados receberão prêmios de R$ 1.000, R$ 700 e R$ 300, respectivamente.

Para mais informações e inscrições, acesse votelgbt.org/festival e o regulamento oficial do festival.

Mapa LGBT+

Já no eixo da ocupação do território, outro grande projeto do VoteLGBT+ é a construção do Mapa LGBT+, iniciativa potente que visa aumentar o acesso da população LGBT+ aos espaços e recursos locais. O grupo está coletando contribuições para a construção de um mapa vivo, com espaços de sociabilidade, religião, atividade física, cultura e fervo LGBT+ em Fortaleza.

Lugares como Porto Alegre, ABC Paulista e São Paulo já possuem o Mapa LGBT+. Agora, é a hora da capital cearense ser contemplada com essa iniciativa, garantindo que a população LGBT+ possa trocar ideia, paquerar, cuidar da saúde, manifestar sua fé, se reunir com grupos ativistas, entre várias outras possibilidades de forma segura.


O objetivo da ferramenta é aumentar a representatividade LGBT+ em todos os espaços da sociedade, desenvolvendo o ecossistema LGBT+ local / Divulgação

Para incluir um espaço LGBT+ no mapa basta acessar o site do Mapa LGBT+ de Fortaleza, e preencher as informações necessárias para contribuir na construção da ferramenta.

Com todas estas iniciativas, o Bonde LGBT+ espera fomentar um ambiente de maior inclusão e participação política, fortalecendo a comunidade LGBT+ em Fortaleza e contribuindo para uma sociedade mais justa e igualitária. Para isso, o grupo conta com a colaboração do Grupo de Resistência Asa Branca (GRAP), referência no ativismo e na luta em defesa dos direitos LGBT+ no Ceará.

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Edição: Francisco Barbosa