Com o tema "Território livre: luta pela terra, agroecologia e justiça social no Vale do Jaguaribe", o Movimento 21 realiza entre os dias 13 e 20 de abril, a 13ª Semana Zé Maria do Tomé, em Limoeiro do Norte, município localizado a cerca de 202 km de Fortaleza. O evento é realizado em parceria com diversas outras organizações como a Cáritas Diocesana, o Movimento de Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST), a Comissão Pastoral da Terra (CPT), a Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), e a Universidade Estadual do Ceará (UECE).
O historiador, pedagogo, mestre em educação e movimentos populares, ativista ambiental e social do Movimento 21, Reginaldo Ferreira de Araújo, ressalta que a realização da Semana é o condensamento de todas as lutas em curso ao longo do ano. “Para nós, a semana tem a simbologia de agregar todas as lutas no decorrer do ano e elas expõem mais ainda às problemáticas e dificuldades na Semana Zé Maria do Tomé”, afirma. Ele aponta ainda que todos os lutadores e lutadoras que enfrentam cotidianamente o poder econômico, a crise ambiental e a destruição do meio ambiente na região possuem uma confluência durante a realização do evento.
Ainda de acordo com Reginaldo, o principal desafio da Semana, a cada ano que passa, é fazer com que a justiça aconteça. Este ano, os militantes dos movimentos populares, entidades e da sociedade civil ocuparam a frente do Fórum Clóvis Beviláqua, em Fortaleza, para reivindicar a realização do julgamento pelo assassinato de Zé Maria do Tomé. “Foi um ato tranquilo. Apesar do Fórum estar em reforma, o responsável pelo local nos recebeu e falou que ia atender nossa demanda. O ato teve apoio dos deputados Missias do MST e Renato Roseno (Psol), além do Sindjustiça. Foi um ato vitorioso”.
Os militantes presentes no ato foram recebidos pela juíza Dra. Solange Menezes, diretora do Fórum Clóvis Beviláqua, e pelo desembargador Eduardo Scorsafava, e reivindicaram garantias operacionais para a realização dos júris.
A 13ª edição da Semana Zé Maria do Tomé apresenta uma ampla programação com o objetivo de reafirmar as lutas socioambientais do Vale do Jaguaribe e rememorar o legado do ativista ambiental e líder comunitário, Zé Maria do Tomé, assassinado em 21 de abril de 2010, em função de suas denúncias em relação à contaminação das águas por agrotóxicos na Chapada do Apodi e a grilagem de terras de áreas públicas do Perímetro Irrigado Jaguaribe-Apodi.
“É inconcebível um crime de 14 anos não ter ido para júri, ainda mais no caso do Zé Maria, ativista ambiental aqui da Chapada, que lutava em defesa do ambiente saudável, sem pulverização de veneno aéreo, sem chuva de agrotóxico e contra a grilagem de terra. Chega de perder lutadores como foi Zé Maria, nenhum outro lutador ou lutadora deve ter a vida ceifada por lutar pela vida sem veneno. Queremos uma vida saudável, com transição agroecológica, esse é o nosso sonho”, encerrou o historiador.
Apesar das constantes mobilizações pelo julgamento de Zé Maria do Tomé, o crime contra o ativista permanece sem respostas.
Programação
O evento conta com uma programação composta por palestras, debates, oficinas e lançamentos de livros, denunciando as injustiças sociais e problemáticas ambientais que atingem o Vale do Jaguaribe, mas também anunciando as lutas, a resistência e a agroecologia como modo de vida e de produção de base sustentável para essa região. Além dessas atividades, o marco principal da semana é a realização da tradicional Romaria da Chapada do Apodi, realizada em memória do líder comunitário.
Terça-feira (16)
18h30: Mística
19h: Mesa de Abertura - Carajás: Luta pela terra, água, agroecologia e justiça social
Local: Fafidam-UECE/Limoeiro do Norte
Quarta-feira (17)
9h: Audiência Pública - Apicultura e agroecologia, ameaças - chuvas de veneno na Chapada do Apodi
9h: Roda de conversa - A Chapada do Apodi: Contexto, desafios e proposições
13h30: Roda de conversa - Educação e escolas na França, hoje - lições na luta por direito à educação
16h: Lançamento de Livros
18h30: Mística
19h: Mesa redonda - Movimentos Sociais e Resistência na França e Brasil
Quinta-feira (18)
14h: Cine-debate e Sarau- Questão agrária, agroecologia e o protagonismo das mulheres nos territórios
16h: Roda de conversa - A Chapada do Apodi: contexto, desafios e proposições
18h30: Roda de conversa - Educação popular e movimentos sociais: a experiência do Movimento 21
Sexta-feira (19)
9h: Mesa de debate - Os programas do agro e a disputa de hegemonia na educação, na escola e sujeitos do campo
14h: Formação coletivo Femaje/EFA - Territorialidade, organização política e lutas cotidianas: terra, água, biodiversidade e o potencial libertador
Sábado (20)
16h: Romaria da Chapada do Apodi
Mais informações sobre a realização da 13ª edição da Semana Zé Maria do Tomé você encontra na página oficinal do Movimento 21.
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Edição: Francisco Barbosa