É preciso refletir sobre quem a violência expressa suas consequências. Sempre sobre os mais vulneráveis, aqueles à margem na periferia da vida. Pensando assim, fica fácil identificar quem desde muito tempo convive com a violência, como negros e negras, mulheres, LGBTI+, povos tradicionais, pobres, entre outros. Uma convivência que se manifesta em ódio e desejo de opressão ao diferente.
Vejamos o caso de Israel e a Palestina. O desejo de expulsar os palestinos das terras onde sempre viveram tem alimentado os planos dos governantes Israelenses há mais de 70 anos. Sabemos que os judeus sofreram com o nazismo, mas por que isso os qualifica a destruir todo território palestino? Bombardear escolas e hospitais? A verdade é que a abordagem do mundo ocidental ao ataque do Hamas trouxe a memória de todo sofrimento judeu, mas com ele também aflorou a violência, o racismo e a xenofobia contra os mulçumanos.
O Bolsonarismo tenta surfar no apoio a Israel para seguir alimentando o medo e o ódio contra quem existe e resiste apesar dos padrões. São ações alimentadas pelo ódio como a da deputada estadual Dra Silvana, do mesmo partido de Bolsonaro (PL), exigindo que a Secretaria de Cultura do Governo do Estado retirasse a frase EXU TE AMA do no Centro Dragão do Mar em exposição sobre a Umbanda. Ela usa a política para ferir a Constituição que garante o direito de exercer o credo independente da fé e que o Estado deve ser laico. Opiniões como a da deputada acabam por alimentar violentas perseguições de evangélicos aos terreiros nas periferias.
É preciso ter cuidado com os defensores de uma supremacia cristã, branca, contra LGBTI+ e coloca o homem no centro. É delicado, mas combina com a tese antivida de que bandido bom é bandido morto, mesmo que seja furtando um pacote de arroz e sendo linxado em público, ou um jovem asfixiado dentro de um carro da polícia antes de ser investigado, ou um carro onde o pai estava com a família e perdeu a filha ao ser perfurado de tiros porque pareceu suspeito.
É verdade que a violência possui camadas bem complexas, especialmente hoje nas periferias dominadas pelo tráfico de drogas. Entretanto, a busca por resoluções precisa reconhecer a condição racista que a colonização e o escravismo de mais de 300 anos, impuseram nossa história. Por isso, cuidado com as soluções da extrema direita. É importante seguir vigilante e perguntando: quem mandou matar Marielle?
*Lívio Pereira é trabalhador da cultura e militante social, escreve para o BdF há mais de um ano.
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Edição: Camila Garcia