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Coluna

Precisamos falar sobre os padrões de masculinidades vigentes

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Mulheres lutam pelo direito de viverem livremente, sem medo de sofrer violência só por ter ido a uma festa se divertir com amigos. - Levante Popular da Juventude
No geral os homens não se importam quando acontecem casos de violência contra a mulher.

Esses últimos dias tem circulado nas redes sociais muitas postagens sobre o caso de violência que uma jovem sofreu em Belo Horizonte (MG), que ao voltar de uma festa por um carro de aplicativo foi deixada, pelo motorista, desacordada na calçada e seu irmão não acompanhou a corrida nem recebeu sua irmã, pois estava dormindo.

Antes de mais nada, é preciso dizer alto, em bom som e com letras garrafais: A CULPA NÃO É DA JOVEM, ELA É A VÍTIMA; A CULPA É DA SOCIEDADE PATRIARCAL QUE DEPRECIA E INFERIORIZA A MULHER, TORNANDO-A SUJEITA A VIOLÊNCIA POR HOMENS QUE SE CONSIDERAM DONOS DOS CORPOS DAS MULHERES; ASSIM COMO DO SISTEMA CAPITALISTA QUE INCORPORA O PATRIARCADO EM SUA ESTRUTURA E O ELEVA A UMA CONDIÇÃO AINDA MAIS VIOLENTA PARA AS MULHERES.

Dito isso, queria retomar uma reflexão que uma amiga minha me trouxe ontem a noite. Ela me contava o quanto estava atordoada com toda essa situação, não só pelo caso em si, que já é extremamente violento e que todas as mulheres sentem, mesmo não conhecendo a vítima ou tendo sido elas a vítima diretamente, pois sabem que poderia ter sido com elas. Mas o atordoamento de minha amiga era menos por isso, que já é muito para desestabilizar alguém, e mais por uma constatação de que quase nenhum dos homens, próximos ou não, que estavam em suas redes sociais postou algo a respeito, se solidarizou ou qualquer outra coisa.

 

Começamos essa conversa justo porque ela fez essa postagem acima de uma mulher questionando justamente isso. O que deixa claro que a constatação é meio generalizada, não importa que esteja em uma bolha mais ou menos progressista. Os homens no geral não se sensibilizaram com a situação, não se importaram. Muitos provavelmente nem se deram conta que o caso ocorreu.

Tem uma pergunta, sobretudo para nós homens progressistas, humanistas, ambientalistas, de esquerda, socialistas, comunistas Não importa muito a denominação que nos identifiquemos, mas o que ela tem em comum, de construção de uma sociedade mais justa, isonômica, pautada no respeito. Até quando seguiremos construindo formas de nos relacionar que nos distanciam do que dizemos defender?

Se acreditamos na construção de um Projeto Popular para o Brasil e para o mundo é necessário enfrentarmos os nossos desvios, que são estruturais, é mais que verdade, mas eles se apresentam nos indivíduos, que é por onde a estrutura se transmite entre gerações. Temos que estudar sobre como o capitalismo e todas as suas faces e estruturas de opressão se organizam em nossa sociedade, como ele se incorpora o patriarcado, o racismo e a lgbtfobia para dominar nossos corpos e nos fracionar. Precisamos estudar a masculinidade hegemônica, assim como a branquitude e o cisheteropatriarcado, e como elas se aninham na sociedade capitalista, como eles afetam a sociabilidade de nosso povo.

É preciso dominar a lógica do capital cisheteropatriarcal, para fazermos a disputa de hegemonia na sociedade, para que possamos apresentar e construir outras formas de relações sociais. Construir o socialismo rumo a uma sociedade mais justa é enfrentar hoje o desafio da construção de novos valores humanistas e revolucionários, que nos aproximem da tão sonhada sociedade nova. Sem feminismo não há socialismo!

 

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Edição: Camila Garcia