Na noite do último sábado (17), o Centro de Formação Frei Humberto, em Fortaleza, foi palco do III Arraia da Reforma Agrária. Este ano, com o tema “Tô com MST”, a festividade contou com apresentação das quadrilhas juninas “Raízes do Sertão”, do Assentamento 25 de Maio, em Madalena; “Faces de Francisca”, do Assentamento Antônio Conselheiro, em Ocara; “Asas do Sertão”, do Assentamento Santana, em Monsenhor Tabosa; “Força Jovem”, do Assentamento Monte Alegre, em Tamboril e “Pula Fogueira” do município de Madalena.
Conhecido como “Arraia do Frei”, o festejo junino organizado pelo Movimento dos Trabalhadores/as Rurais Sem Terra (MST) já virou tradição. Além das apresentações juninas, evento também junta as comidas típicas como canjica, milho verde, bolo, pratinhos e uma diversidade de alimentos, em sua maioria produzidos em assentamentos e acampamentos de Reforma Agrária.
O trecho da rua Paulo Firmeza foi interditado para as apresentações juninas e para o forró, que seguiu até as 2h da manhã. A animação ficou por conta do Cumpade Barbosa, Lorena Góis, direto do Assentamento Antônio Conselheiro em Ocara e da banda Manga Rosa.
Para Luz Marin, da direção estadual do MST, do coletivo de cultura, “o Arraia do Frei traz para a cidade de Fortaleza as experiências culturais dos nossos assentamentos e dos nossos acampamentos. Essa troca cultural campo e cidade é extremamente importante para demarcar que o campo é vivo, é um espaço que produz arte, que produz alimento, e é importantíssimo que se crie espaços de integração destes sujeitos, que por muitas vezes se distanciam”.
“Através da arte, da dança, da música a nossa juventude vem abordando temas relevantes na sociedade que vai de encontro às nossas perspectivas, que trazem a cultura alimentar, as linguagens artísticas como um instrumento político de disputa ideológica. O Arraia é também espaço de festejar, celebrar a alegria e resistência do povo camponês”, afirma Luz.
Agroecologia, combate à fome, Educação do Campo, fé e religiosidade como força nas lutas sociais, memória histórica, foram os temas elencados nas apresentações da 3ª edição do Arraia do Frei. Estima-se que mais de 4 mil pessoas passaram pelo Arraia.
Alana Pereira, coordenadora do ponto de cultura do Assentamento e membra da quadrilha junina “Asas do Sertão” ressalta a importância das quadrilhas juninas trazerem temas relevantes na sociedade. “A nossa quadrilha traz a reflexão do cuidar da natureza, e esse cuidar se reflete nas nossas ações e modo de consumir. Pensando nisso, desde o nosso figurino foi produzido por jovens dos pontos de cultura e artesãs locais, elaborados a partir da perspectiva sustentável, valorizando a produção local. Usamos arranjos de fibra de bananeira, com tecidos reutilizado de figurinos antigo. Então a proposta da quadrilha é através do São João, despertar para esse debate sobre o consumo e outras formas de convivência com a natureza, como apresentar a agroecologia como alternativa viável”.
“A nossa estreia no Arraia do Frei é muito significativa, pois é uma forma da gente apresentar o nosso trabalho além da nossa região, mostrar nossa arte, o potencial criativo e artístico da nossa juventude e, além disso, fortalecer nossos grupos culturais, os movimentos populares e reafirmar nosso compromisso com a arte e com a cultura como um instrumento de luta. Foi uma noite especial, onde nossos jovens puderam apresentar um trabalho feito com muito empenho, amor, dedicação e acima de tudo feito por muitas mãos”, conclui Alana.
O “Arraia do Frei” teve sua primeira edição em junho de 2019, e em decorrência da pandemia, foi retomado em 2022.
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Edição: Francisco Barbosa