Um povo que exalta a história de outros países e desconhece a própria
Semana passada semana tive duas grandes experiências estéticas, a apresentação do filme Marighella de Wagner Moura, inspirado no livro de Mário Magalhães, que passou na TV Globo – maior canal de TV aberta do Brasil e um dos maiores do mundo, e o lançamento da segunda temporada de Hunters do Prime Video, que veio ainda mais instigante que a primeira temporada.
Para quem não conhece e/ou não conseguiu assistir ainda nenhuma das duas produções audiovisuais, deixo aqui registrado que pode conter nesse texto informações cruciais sobre a trama, então para quem não gosta de saber das informações antes, sugiro que primeiro busquem ver o filme e a série.
Marighella é uma produção de 2019 que aborda a biografia de Carlos Marighella, importante liderança política que enfrentou duas ditaduras – a de Vargas e a empresarial militar que durou 21 anos no Brasil, sendo preso, torturado e assassinado pelas forças oficiais do Estado. O filme narra um pouco da história do guerrilheiro que incendiou o mundo, como ficou conhecido nas eletrizantes 784 páginas do livro de Mário Magalhães. Livro esse que foi uma das principais inspirações para a película do Wagner Moura.
Vale a leitura também porque o livro faz um apanhado denso e geral da vida do militante comunista. Coisa que o filme pega apenas um pequeno fragmento da vida desse importante lutador do povo, que foi também poeta, engenheiro, parlamentar, pai, amante… Conheçam.
Mas sua transmissão na Rede Globo, foi essencial para a massificação da história dele no meio do brasileiro, um povo que sempre teve sua história vilipendiada, rasgada, distorcida. Um povo que exalta a história de outros países e desconhece a própria, que elegeu dentro de uma democracia o pior nome que o Brasil poderia eleger, que conseguiu ser mais danoso muitas vezes do que os governos que atuaram na ditadura, inclusive que agiu pela censura do filme no país, dificultando seu lançamento. Que esgarçou a situação a ponto de o filme ter sido vazado nas redes, como uma ação de guerrilha cultural.
Já Hunters, tem uma pegada de luta antifascista, narra a história de um grupo de caçadores de nazistas que fugiram da guerra na Alemanha e se esconderam nos EUA sob uma vida falsa, mas que seguiram construindo o nazismo nesse território. A série se passa na década de 1970 e o grupo de caçadores é composto por judeus, negros e asiáticos.
A segunda temporada que saiu esses dias é bem intensa e o grupo que tinha se fragmentado depois do golpe sofrido na primeira temporada, se reúne para caçar o Hitler que também havia fugido da derrota nazista e se escondido na Argentina.
É extremamente revigorante ver o extermínio desses agentes da violência e vê a cena final, onde o Hitler é julgado, condenado e preso em consequência de todas as suas ações contra a humanidade. Que depois é assassinado em sua tentativa de fuga.
Essas são duas dicas minhas para você começar o ano assistindo duas boas produções audiovisuais, que tem uma qualidade poética grande, densidade de conteúdo e que são bem gostosas de assistir. Quais são as suas dicas? Me conta!
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Edição: Camila Garcia