Ceará

Coluna

Trabalhadores da cultura, uni-vos em defesa da democracia

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Mais de 60 artistas participaram do Festival do Futuro, evento realizado para celebrar a posse do presidente Luiz Inácio Lula da Silva. - Foto: Antônio Cruz/Agência Brasil
Não podemos aceitar a anistia de quem roubou, esfaqueou e depredou nossas obras de arte.

É preciso estar atento e forte. O ano começou com ações fascistas dos bolsonaristas em Brasília. Invadiram e depredaram o Palácio do Planalto, sede do poder executivo e residência do presidente Lula; o Supremo Tribunal Federal, sede do poder judiciário e o Congresso Nacional, sede do poder legislativo, onde trabalham os deputados federais e senadores. Eles quebraram portas e janelas de vidro, mobiliário e eletrodomésticos, além do roubo e destruição de obras de arte.

Sempre a arte está no meio desses processos de violência. Lembremos do que fizeram os fascistas na Alemanha nazista, roubaram e destruíram obras de arte, fizeram imensas fogueiras com livros censurados, começaram a determinar quais tipos de arte seriam reconhecidas como tal e quais poderiam ser feitas. Mas a arte resistiu e segue resistindo. O Salão de Arte Degenerada, organizado pelo Ministério da Propaganda nazista, para mostrar o que NÃO poderia mais ser reconhecido como arte foi muito mais visitado e comentado do que o Salão que juntava obras de arte gregas, ditas como referência de arte a ser perseguida e reconhecida. Diversos trabalhadores da cultura alemã conseguiram sair do país e se consolidar em outros países, como a Bauhaus, escola de arte modernista, que resistiu o quanto pôde na Alemanha enfrentando o nazismo.

Esse atentado contra importantes peças do acervo cultural e artístico brasileiro que foram destruídos, severamente danificados ou roubados durante a tentativa frustrada de golpe e desestabilização política é reflexo da política cultural implantada pelo finado governo bolsonarista. Não podemos esquecer que um ex-secretário deles usou textualmente discursos do Goebbels, que foi responsável pela propaganda nazista, como discurso próprio. Que uma ex-secretária minimizou e desdenhou das milhões de vidas perdidas na pandemia e não fez nada para prevenir o incêndio no Museu Nacional. Que outro ex-secretário (sim, tiveram vários incompetentes ocupando a função) colocou como atividade cultural ir usar pistolas e fuzis em clubes de tiros.

Não esqueçamos que as Leis Aldir Blanc e Paulo Gustavo, que foram criadas para socorrer milhões de profissionais do setor cultural, que diferente do que dizem, tem um relevante papel no PIB do país, só foi possível graças a mobilização dos trabalhadores em todo Brasil somados a deputadas e deputados federais como Benedita da Silva (PT) e Jandira Feghali (PCdoB).

Por isso não podemos nos acomodar, pelo fato de termos agora de volta o Ministério da Cultura e uma ministra de verdade na pessoa de Margareth Menezes. Esse é só um primeiro, e importante, é verdade, passo rumo a uma sociedade emancipada, mas precisaremos dar muitos mais ainda.

Então é nossa tarefa cotidiana em nossos locais de trabalho, seja no setor público, privado ou comunitário, em nossas produções, nas mediações culturais e em todo processo que desenvolvamos realizarmos o debate sobre o porquê somos pela democracia. O que representa, de fato, o fascismo bolsonarista contra nós e contra o país.

Precisamos nos somar também a todos os atos em defesa da democracia, pelo reconhecimento das decisões das urnas que elegeu Lula presidente e colaborar para ações de agitação e propaganda que potencializem nosso diálogo com o povo brasileiro. A arte é uma ferramenta essencial no processo de emancipação humana e construção do pensamento crítico, mas tem artista que não pensa assim, muito pelo contrário, se soma aos golpistas e fascistas bolsonaristas que querem tomar o governo a força, contra o que foi decidido pelo voto do povo brasileiro.

Usemos nossa criatividade para desenvolver ações cotidianas de defesa do Brasil. Nos juntemos e espalhemos lambes, grafites e pixos pelas paredes de todas as cidades do país, façamos teatro e intervenções urbanas sobre a situação, façamos livretos de poesias para distribuição, shows em praças pela democracia. Agora que o carnaval está chegando vamos encher o país de blocos democráticos e contra o fascismo bolsonarista. As possibilidades são infinitas e se queremos uma vida plena e com direitos garantidos temos o dever de nos envolver e tomar partido. Pra cima!

*Lívio Pereira é trabalhador da cultura e militante social, escreve para o BdF há mais de um ano.

** Este é um artigo de opinião. A visão do autor não necessariamente expressa a linha editorial do jornal Brasil de Fato.

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Edição: Francisco Barbosa