Nesta segunda-feira (9), foram registrados em todo o país, atos em defesa da democracia, em resposta aos ataques terroristas do último domingo (8), promovidos por apoiadores extremistas do ex-presidente Bolsonaro, nas sedes dos três poderes em Brasília.
Em Fortaleza, os manifestantes se concentraram em frente a reitoria da Universidade Federal do Ceará, no bairro Benfica. No final da tarde, já era grande a movimentação de pessoas de todas as idades que pediam a prisão de Bolsonaro, dos vândalos de Brasília e de apoiadores da tentativa de golpe, que trouxe danos irreparáveis ao país. “Ainda não consegui digerir a inércia da polícia vendo a história e a cultura do país sendo destruída daquela maneira. Sem anistia para golpista. Prendam Bolsonaro e todos os seus apoiadores”, pediu a aposentada Maria Duarte, acompanhada da filha e dos netos.
A mesma sensação de impotência foi sentida pelo universitário Natanael Souza. Estudante de história, ele se emocionou ao lembrar das perdas e prejuízos causados pelos terroristas que invadiram as sedes dos três poderes em Brasília, por não aceitarem o resultado da eleição presidencial. “Eles destruíram nosso patrimônio, nossas obras de arte, nossa história, nossa cultura. Mas estamos aqui para mostrar mais uma vez que nós somos os patriotas e defensores da democracia e eles são a escória que sobrou”, se revolta o estudante.
Os manifestantes promoveram um ato pacífico e democrático saindo do bairro Benfica até a praça da Igreja de Fátima, pela Avenida Treze de Maio. Estudantes, aposentados, trabalhadores e trabalhadoras de todas as classes sociais e movimentos populares participaram da manifestação. Lideranças religiosas e políticas também estiveram no ato. O deputado estadual, Missias do MST (PT), primeiro sem terra eleito no Ceará, compareceu ao ato. “Estamos com a militância, indignados com o que aconteceu em Brasília. Não admitimos que a democracia seja ferida e estamos aqui para reafirmar que Lula permanecerá na presidência e o povo será a vanguarda dele para defender os direitos do Brasil”, afirmou.
Para a presidente da Federação dos Trabalhadores no Serviço Público Municipal do Estado do Ceará (Fetamce), Enedina Soares,a derrota de Bolsonaro nas urnas foi apenas o primeiro passo na luta pela redemocratização do país. “Vamos preparar nossa garganta porque serão quatro anos na rua para recuperar os quatro anos que o governo Bolsonaro roubou dos trabalhadores. Não podemos recuar na democracia. Estamos na rua para garantir que todos os direitos sejam devolvidos. É isso que a elite não tá suportando e por isso, foram pra Brasília quebrar tudo,” destacou.
O coordenador estadual do Movimento dos Trabalhadores Sem Teto (MTST), Dóris Soares, também participou do ato e pediu a punição dos fascistas que ameaçam a democracia do país. “Não podemos facilitar pro bolsonarismo e achar que é só ganhar a eleição. A democracia se faz com participação popular . A unidade do povo, os movimentos em defesa da democracia precisam estar atentos. Queremos a prisão de Bolsonaro. Genocida, inimigo do povo brasileiro. Não tem anistia para golpista”, defendeu.
Durante toda segunda-feira, servidores e funcionários do Palácio do Planalto, do Congresso Nacional e do Supremo Tribunal Federal, removeram pichações, recuperaram móveis, limparam estátuas e organizaram as sedes para que os trabalhos continuassem em Brasília, enquanto o presidente Lula e o vice, Geraldo Alckmin (PSB) se reuniam com os 27 governadores do Brasil, além do presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL); do presidente em exercício do Senado, Veneziano Vital do Rêgo (MDB-PB); de ministros palacianos; da presidente do STF, a ministra Rosa Weber; e dos ministros Luis Roberto Barroso, Ricardo Lewandowski e Dias Toffoli. Após o encontro, todos os participantes e a primeira dama do Brasil, Janja, caminharam do Palácio do Planalto até o STF, em uma evidente demonstração de força e continuidade da democracia. Ao final, Lula, falou com a imprensa e garantiu que não haverá um novo golpe no Brasil. "Não vamos dar trégua até descobrir quem financiou tudo o que aconteceu neste país. O que eles querem é golpe, e golpe não vai ter", afirmou o presidente do Brasil.
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Edição: Camila Garcia