Este ano, além das eleições nacionais, também estamos vivenciando a Copa do Mundo de Futebol, que está sendo realizada no Catar. O Brasil, único país do mundo que participou de todas as copas e única seleção capaz de conquistar o hexacampeonato nesta edição, está classificado para as quartas de final após uma vitória conta a seleção da Coréia. Mas para além da conquista do título pela seleção brasileira, o que muitos torcedores querem mesmo é completar o seu álbum de figurinhas da Copa, que nesse período se torna febre entre o público.
O agente marítimo, Luiz Fernando Júnior é um colecionador de álbuns da Copa do Mundo, ele explica que seu primeiro álbum foi da Copa de 2014, ano em que seu filho nasceu, e que de lá para cá a coleção de álbuns vem aumentando a cada Copa. “Iniciei a coleção porque foi o ano de nascimento do meu filho e também porque a Copa foi realizada no Brasil. Queria ter uma recordação desse ano”.
A atividade também se tornou um momento de trocas e de paixão por coleções com seu filho. “Meu filho tem feito os álbuns junto comigo desde 2018, quando ele tinha quatro anos e já tinha uma consciência sobre o álbum. O de 2022, ele está fazendo praticamente só. Eu só fico orientando e observando, pedindo para ele ter cuidado com o álbum. Hoje temos três álbuns da Copa. Além disso, e eu coleciono carrinhos e ele bonecos de super-heróis”, afirma Luiz.
Comércio de figurinhas
O educador Físico e professor de futebol, Marcelo Pimentel, viu nas figurinhas da Copa uma oportunidade de ganhar dinheiro. “Meu pai e tios são jornaleiros há mais de 40 anos, e desde pequeno que ajudo meu pai na banca e surgiu no mercado de figuras da Copa vi uma oportunidade de ganhar dinheiro”. De acordo com ele, as figuras variam de preços entre comuns (de R$1 a R$2), brilhosas (de R$2 a R$3) e legends (de R$20 a R$300). “Tenho clientes antigos de Copas anteriores. Muita gente me procura através de indicação, posto sempre nos stories do Instagram e whatsapp”.
Marcelo afirma que a procura pelas figurinhas continua muito boa, pois segundo Marcelo tem gente que começou a colecionar agora. As mais procuradas, de acordo com ele, são as figurinhas do Neymar, Messi, Cristiano Ronaldo e da seleção brasileira completa. E quem se interessou e quiser conferir ou comprar as figurinhas diretamente com o Marcelo basta entrar em contato com ele pelo seu perfil no instagram. A forma de pagamento pode ser a vista, pix e cartão.
Troca de figurinhas
Luiz afirma que a troca de figurinhas é a parte mais importante para ele, pois trabalha a interação do seu filho com outras pessoas. “Se relacionar, aprender as malícias das trocas e do povo, negociar, enfim... a interação em si. Conversamos sobre isso o tempo todo, figurinhas e futebol. Hoje ele [filho] fala mais do que eu até. A participação nas trocas de figurinhas, para mim, significa a interação do meu filho com as pessoas, que muito importante hoje com todas essas tecnologias que acabam segurando as crianças na frente do videogame, computador ou celular”.
Já Marcelo informa que não participava desses encontros, até porque como ele trabalhava em banca de revista completava seu álbum muito rápido, mas que hoje sempre procurar estar presente nesses eventos que acontecem nos shoppings e confessa que é um momento de muita interação.
Erika Sales, proprietária da Reboot, que há alguns meses realizava esses encontros explica que atualmente essas atividades na loja não estão mais acontecendo, pois de acordo com ela, material da Copa do Mundo já se encontra na reta final. “Não estamos mais tendo eventos de trocas de figurinhas, até porque, agora, muitos já completaram seus álbuns. Mas, até dia 18 de dezembro, ainda estaremos realizando trocas de figurinhas e vendas de figurinhas avulsas e pacotes fechados no nosso quiosque da Copa do Mundo no Shopping Benfica”.
O tradicional e o novo
Erika Sales é proprietária da Reboot, uma comic shop, que são lojas especializadas em revistas em quadrinhos, mas que não são consideradas bancas de revistas, apesar de vender alguns itens semelhantes. A Reboot também vende álbum e figurinhas da Copa, e de acordo com Erika, “o álbum da Copa quebra a bolha dos leitores de quadrinhos e atinge famílias, escolas etc. Devido a isso, o fluxo atrás desse material específico aumenta nessa época”.
Questionada se as tradicionais bancas de revistas estão mudando, ela afirma que sim. “Hoje em dia, é difícil ver bancas de revistas como eram antes. Muitas bancas fecharam e outras tantas já não conseguem sobreviver vendendo apenas as revistas como era antes, e precisam variar seus produtos, com cigarros, capa de celular e outros artigos variados”.
A Reboot fica localizada no Shopping Benfica, na Av. Carapinima, nº 2200, no bairro Benfica, em Fortaleza.
José Aldemir Ponte, mais conhecido como Sobral é proprietário da banca de revista O Sobral, localizada na rua Major Facundo, nº 1092, na Praça do Carmo, no Centro de Fortaleza. A banca já existe há 44 no local, o revisteiro tem uma opinião formada na experiência sobre as dificuldades da profissão. “Estamos aqui há 44 anos, abrimos sábado, domingo e todos os feriados, de 7h da manhã às 7h da noite. Sabemos das dificuldades de tudo que é de banca de revista do estado do Ceará e do Brasil. A gente acredita que tem que ter muito profissionalismo para ficar na categoria. O ramo de jornaleiro, realmente, está ficando extinto e nós sabemos das dificuldades. Tem diminuído o número de bancas consideravelmente. Sabemos que a internet mudou o mercado de banca de revista”.
A banca O Sobral também vende os álbuns e figurinhas da Copa do Mundo, ele afirma que esses produtos aumentam o fluxo de clientes em sua banca. “Crianças, adultos, adolescentes, pai, mãe, avô todo mundo fazendo a Copa do Mundo, não tenha nem dúvida de que isso aí é um carro chefe e puxa outra mercadoria, sim, sem dúvida nenhuma. Com esses produtos aí, que é são produtos extras, não tenha dúvidas de que a gente vai tentar colocar as contas da gente em dias”.
Questionado se acredita que as bancas um dia vão acabar ou se elas estão se renovando, Sobral afirma que esse é um tema muito delicado. “Quando eu comecei no dia 24 de junho de 1978, a banca de revista era top, hoje, meu irmão, nós estamos se arrastando com dificuldade muito grande. Eu não acredito que venha ter uma melhora na banca de revista, porque eu só vejo muita dificuldade. As dificuldades da vida, no nosso ramo é muito difícil. É muito delicado. Como sou jornaleiro de fato e de direito para mim, falar nesse assunto da banca de revista é muito difícil. Muito difícil mesmo”.
“Eu tenho orgulho de ser jornaleiro, de fato e de direito. Hoje eu mexo com algumas coisas, mas de fato e de direito eu sou jornaleiro, e isso tenho muito orgulho de dizer, porque eu nasci dentro da banca”, finaliza Sobral.
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Edição: Camila Garcia