Ceará

Defesa do SUS

Profissionais de saúde se manifestam em defesa da SUS e da democracia

Manifestantes também protestam contra alinhamento do Conselho Federal de Medicina com o Governo Bolsonaro

Brasil de Fato | Fortaleza, CE |
Profissionais de saúde realizaram manifestação em frente ao Conselho Regional de Medicina do Ceará (Cremec). - Foto: Amanda Sobreira

O Brasil registra nesta segunda-feira (17), mais de 687 mil mortos pela Covid-19 e em memória delas, médicos, médicas, profissionais da enfermagem e diversas áreas da saúde realizaram uma manifestação, em frente ao Conselho Regional de Medicina do Ceará (Cremec). O ato também faz parte das atividades do dia do médico que se comemora nesta terça-feira.

O médico sanitarista, epidemiologista e ex-Secretário de Saúde do Município de Fortaleza, Manoel Fonseca, um dos fundadores Associação Brasileira de Médicos e Médicas pela Democracia participou do ato. “Aderi a campanha de Lula porque Bolsonaro é um genocida, não só responsável pela morte de pacientes como também de diversos profissionais de saúde que trabalharam na linha de frente. Estou aqui para protestar contra um governo genocida e a favor de um governo democrático que defende os interesses da população e a saúde como direito de todos”, destacou o médico. 

A pandemia do novo coronavírus escancarou as condições de trabalho dos profissionais de saúde. Uma pesquisa da Fiocruz, realizada em todo o Brasil, analisou o contexto da Covid-19 e constatou que 95% desses profissionais tiveram suas vidas afetadas de forma significativa nos últimos dois anos. Os dados revelaram, ainda, que quase 50% admitiram excesso de trabalho ao longo desta crise mundial de saúde, com jornadas para além das 40 horas semanais, e um elevado percentual (45%) deles necessitava de mais de um emprego para sobreviver. Os dados indicaram também que 43,2% dos profissionais de saúde não se sentiam protegidos no trabalho de enfrentamento da Covid-19, e o principal motivo, para 23% deles, estava relacionado à falta, à escassez e à inadequação do uso de EPIs (64% revelaram a necessidade de improvisar equipamentos).

A enfermeira Givana Lopes trabalhou na linha de frente dos hospitais e desabafou sobre o excesso de trabalho vivido no seu dia a dia. “Como profissional foi muito difícil. Para a enfermagem, todo o tempo no hospital é sempre difícil. Nós quem damos aquele jeitinho, quem não deixa o paciente sem assistência, quem troca, quem dá banho, cuida da família também. Na pandemia, a gente não parou um instante, a gente fez um juramento. Se a gente parasse ia morrer muito mais gente. Aí vem um presidente desse, atrasar a compra de vacina, imitar paciente com falta de ar, ele precisa sair do governo urgente e é por isso que estamos aqui fortalecendo esse movimento em apoio ao Lula e ao povo do Nordeste”, destacou Givana, que também é vice-presidente do Senece, o Sindicato dos Enfermeiros do Ceará.

Confira as reivindicações do ato

Os profissionais também reivindicam a garantia de saúde pública para toda a população; a proteção e o fortalecimento do SUS, com financiamento adequado e dimensionado para que todos sejam devidamente atendidos; a defesa da vida e a apuração das responsabilidades de integrantes e apoiadores do Governo Federal quanto às mais de 80% de mortes por Covid-19, que poderiam ter sido evitadas. Eles apontam urgência em mudar o governo e evitar aprofundamento ainda maior da crise de saúde pública verificada nos últimos anos. “Nós temos a obrigação ética de construir esse diálogo com a sociedade, de vir para as ruas e dizer que as políticas públicas foram excluídas de maneira consciente com uso de medicações ineficazes e sem compra da vacina, fatos que levaram a pandemia a um desfecho tão trágico no Brasil. Mas também é uma forma da gente se posicionar, já que infelizmente, o Conselho Federal de Medicina deixou sua função de autarquia para ser órgão de governo que milita em consonância ao atual Governo Federal, o que é muito preocupante, já que a função do Conselho é a regulação ética da categoria profissional,” defende a médica obstetra, Liduína Rocha, que integra o Coletivo Rebento.

Edição: Camila Garcia