A campanha de mobilização "Agroecologia nas Eleições 2022" é uma iniciativa da articulação nacional de agroecologia (ANA), para dialogar e mostrar que existe um caminho possível para a construção e o fortalecimento das políticas públicas, com valorização da agricultura familiar camponesa, dos povos e comunidades tradicionais e da agroecologia.
Sarah Luiza de Souza Moreira, do GT Mulheres da ANA, do Coletivo de Articulação Política da ANA e da Equipe Nacional do Agroecologia nas Eleições 2022, explica que a mobilização trabalha com alguns eixos, dentro deles foi realizada uma pesquisa-ação, chamada de “Levantamento das Políticas Públicas e Normativas Estaduais” feita em todos os estados e no Distrito Federal. A iniciativa realizou uma busca sobre algumas das políticas que existem ,ou já existiram nos estados, que fortalecem a agroecologia, a agricultura familiar e camponesa, bem como a busca pela garantia da soberania e segurança alimentar e nutricional.
“A gente conseguiu com essa campanha, com esse levantamento, identificar 487 políticas públicas e normativas estaduais distribuídas em todo o Brasil. Cada estado fez o seu levantamento e tem uma série de políticas identificadas. O que a gente conseguiu com esse levantamento, foi mostrar que existe muita coisa sendo feita frente à argumentos de que não tem nada concreto, de que a agroecologia é só uma ideologia, de que é um nicho para poucos. O que a gente percebe com levantamento é que existem muitas ações sendo realizadas”, afirma Sarah.
A pesquisadora explica que a agroecologia vai além da produção e que é possível ver uma grande diversidade de políticas identificadas. “A gente percebe a agroecologia de forma muito mais ampla, mais sistêmica, que consegue olhar para a vida dos sujeitos que constroem, que produzem alimentos saudáveis no campo, nas águas, nas florestas e nas cidades e fazer com que essa produção se dê em um ambiente de justiça social, de preservação do ambiente e de garantia, de fato, de produção de alimentos saudáveis para que isso possa chegar na mesa de todo brasileiro”.
A mobilização também construiu uma carta-compromisso voltada para os candidatos dos poderes executivo e legislativo. Ela apresenta as principais demandas referentes ao reconhecimento e ao fortalecimento da agroecologia pelo Estado Brasileiro. Atualmente, 36 candidatos do Ceará já assinaram a carta-compromisso, mas há a perspectiva de ampliação desse número. A ideia é que movimentos, organizações e a própria Articulação Cearense de Agroecologia possa acompanhar as gestões para cobrar, monitorar esse compromisso e fazer com que esse compromisso saia da assinatura, do documento e se transforme em políticas públicas concretas, reais e efetivas no estado.
Sarah acredita que a agroecologia é uma pauta que tem ganhado muita força, tanto na política como na sociedade. Para ela, fortalecer a agroecologia é garantir a produção de alimentos saudáveis, mas também possibilitar uma sociedade mais justa. “É fundamental para toda a população apoiar a agroecologia, tanto para a garantia de um alimento saudável na mesa de todos, mas também compreendendo agroecologia de forma mais ampla para a garantia de uma sociedade mais justa, mais igualitária e uma produção de vida que também se preocupe com o ambiente, que busque uma preservação ambiental, uma relação mais consciente com os bens comuns, com a terra, com a água com ar”. Sarah afirma que fortalecer a agroecologia é tanto garantir a produção de alimentos saudáveis, mas também garantir e possibilitar uma sociedade mais justa e um ambiente mais saudável.
Quem já assinou
Em Fortaleza foram realizadas atividades de incidência política para as eleições de 2022 com candidatos que apoiam as pautas da agroecologia. A ação foi realizada pelo Fórum Cearense pela Vida no Semiárido em parceria com a Rede ATER NE de Agroecologia. No dia 17 de setembro, Lourdinha (PT), João Alfredo (PSOL), Mari Lacerda (PT) e Dra Tais Matos (PCdoB) assinaram a carta-compromisso da ANA, comprometendo-se a trabalhar em prol do reconhecimento e fortalecimento da agroecologia no Ceará e no Brasil. No dia 18, foi a vez de Luizianne Lins (PT) e Missias do MST (PT) de assinarem a carta-compromisso durante debate sobre Agroecologia com presença de João Pedro Stédile, coordenador nacional do MST.
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Edição: Camila Garcia