Ceará

Agroecologia

Feiras agroecológicas estimulam o consumo de alimentos saudáveis e da agricultura familiar

No Ceará, já é possível encontrar feiras que possibilitam comprar alimentos diretamente com quem produz sem agrotóxicos

Brasil de Fato | Fortaleza (CE) |

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Alimentos saudáveis é saúde, alimentos sem veneno é saúde. - Foto: Cetra

As feiras agroecológicas e solidárias são os locais ideais para quem quer comprar produtos diretamente da agricultura familiar, sem agrotóxicos e ainda com preço justo. Essas feiras estão ganhando cada vez mais espaço em Fortaleza e em outras cidades do Ceará, como explica Flávia Cavalcante, da equipe técnica do Centro de Estudos do Trabalho e de Assessoria ao Trabalhador e à Trabalhadora (Cetra), que trabalha com agricultores familiares de base agroecológica. Ela acompanha as feiras agroecológicas e a rede de agricultores nos territórios de atuação da organização. “As feiras agroecológicas e solidárias acontecem em diversos municípios do estado do Ceará e esses agricultores estão organizados em redes. Tem aqui em Fortaleza, que é a feira agroecológica e solidária, que acontece na primeira sexta-feira do mês, na sede do Cetra; acontece em Itapipoca, todas as quartas-feiras; Pentecoste; Paracuru; Quixeramobim; Pedra Branca; Sobral”, detalha a assessora.

Em Sobral, Flávia explica que além da feira também há um espaço fixo de comercialização agroecológica, o Quiosque Agroecológico. “A gente te convida a entrar nas redes sociais do Cetra, acompanhar as feiras agroecológicas, onde elas acontecem, que horário acontece, o dia que acontece, e também no site do Cetra a gente também tem essas informações”. 

A advogada Renata Paz é uma das pessoas que compram os produtos das feiras agroecológicas aqui em Fortaleza. Ela fala sobre a importância de ter mais espaços como esses na cidade: “primeiro para dar mais acessibilidade às pessoas. Quando foi impulsionada a usar esse tipo de produto, na verdade eu nem sabia da existência das feiras, foi uma indicação de um familiar, de um amigo que, na verdade, nos impulsionou, mas eu acho extremamente importante a divulgação, eu acho extremamente importante que exista mais espaços como esse para que possa ser mais acessível a todas as pessoas, em vários bairros”.

Renata informa que começou a consumir produtos agroecológicos a partir de uma recomendação médica, para evitar alimentos com agrotóxicos. De acordo com ela, sempre foi uma vontade introduzir esse tipo de produto na alimentação de sua família, por se tratar de alimentos mais saudáveis, livres de agrotóxicos. “O que impulsionou, o que foi determinante foi uma recomendação médica, no caso de problema de saúde na minha família”.


Essas Feiras, além da venda de diversos produtos, também são locais de trocas de experiências, de lazer e de debates / Divulgação Cetra

Daniele Jucá, mestranda em gastronomia, cozinheira no Quintal de Comida e pesquisadora de cultura alimentar, afirma que o maior benefício de comer um alimento agroecológico é a saúde, o bem-estar do corpo. “Quando você está comendo uma comida que você sabe de onde vem, que você sabe que não tem veneno, que não tem superexploração do trabalho, esse alimento te alimenta de várias formas, ele alimenta teu espírito, alimenta teu corpo, alimenta a tua massa, alimenta teus sonhos, ele alimenta tudo que está ao teu redor. Alimentos saudáveis é saúde, alimentos sem veneno é saúde”, justifica Jucá.

Daniele afirma que quando está viajando, em todo território que visita tem o costume de, se der, levar algum alimento do território, principalmente feijão: “se você come feijão aqui onde eu trabalho, onde eu cozinho, você provavelmente vai estar comendo um feijão de uma procedência massa, sabe? Você vai estar comendo um feijão lá da Barra de Moitas, Assentamento do MST; de reforma agrária; você vai estar comendo um feijão lá do Frei Humberto, que provavelmente veio de algum agricultor do interior, também da reforma agrária, então assim, o feijão, principalmente o feijão, é uma coisa que eu sempre busco muito, como ele é o prato principal aqui de casa e de muitas famílias, a gente faz um feijãozinho aqui de roça”. 

Daniele explica que o alimento agroecológico acaba entrando tanto na sua vida, na saúde, como para a saúde das pessoas com quem convive ou que compram sua arte, ou compram sua comida: “se eu encontro esse alimento eu vou tentar compartilhar com as pessoas próximas a mim, sabe? E para mim eu estou compartilhando saúde, estou compartilhando amor, estou compartilhando prosperidade e o alimento agroecológico é isso, prosperidade, longevidade, amor, carinho e muita fartura”.

Comprando um produto agroecológico você não está apenas adquirindo um alimento sem agrotóxico, há toda uma luta que você está fortalecendo com essa atitude, argumenta Flávia. “É muito importante que a sociedade debata e reflita sobre agroecologia, essa agroecologia que acontece lá no campo a partir das práticas agroecológicas de um manejo sustentável, mas também que ele compre e fortaleça esses espaços, essas feiras agroecológicas, espaços que dialogam com a agroecologia e com a socieoconomia solidária”.

Flávia conta que o Cetra vem trabalhando juntamente com os agricultores e com as redes de feiras agroecológicas sobre a importância das relações do bem viver no campo, do bem viver na cidade. “Não dá para ter violência contra a mulher e dizer que faz uma produção agroecológica, para nós, isso não é agroecologia, a agroecologia caminha junto, é um conceito muito maior, um conceito de bem viver, é o bem viver no campo, é respeitar todas as relações, as relações com os seres humanos, com os animais, assim como toda natureza que faz parte desse território que a gente habita, que é essa terra”, defende.

Além das feiras realizadas pelo Cetra, em Fortaleza e em outras cidades do estado do Ceará, também é possível visitar e conhecer a Feira Agroecológica do Benfica, que acontece a cada 15 dias, na praça da Gentilândia, no bairro Benfica, em Fortaleza e também a Feira Cultural da Reforma Agrária que acontece sempre no segundo sábado de cada mês no Centro Frei Humberto, no bairro São João do Tauape. Além dessas, ainda existem outras feiras tanto na capital cearense como em outros municípios. 

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Esta matéria faz parte quadro “Do Campo à Cidade”, veiculado no programa de rádio Notícia popular e tem o apoio cultural da CESE – Coordenadoria Ecumênica de Serviço e em Defesa dos Direitos Humanos.

Edição: Camila Garcia