O projeto Comunidade que Sustenta Agricultura (CSA) – Meu Quintal em Sua Cesta é uma iniciativa voltada para agricultores e agricultoras familiares do Vale do Jaguaribe, no Ceará, que possibilita a venda de seus produtos agroecológicos na região. Aline Maia, técnica da Cáritas de Limoeiro do Norte explica que o processo de implementação do projeto se deu quando Diego Gadelha, que é voluntário Cáritas e professor do IFCE de Fortaleza apresentou em uma reunião de avaliação da ação do eixo mais rural algumas experiências de comercialização, dentre elas a experiência de Comunidade que Sustenta a Agricultura. “Então nós fomos estudar, vimos vídeos, lemos alguns materiais dessa experiência que acontece em outros lugares no Brasil, a gente tem a CSA Brasil, e a gente começa a pesquisar, buscar informações e a gente percebeu que é uma experiência que tem potencial, apesar de que o nosso público aqui do interior é um público que vai mais ao supermercado, não tem muito esse hábito de valorizar o orgânico ainda, apesar que é um tema que começa já a interessar, principalmente a classe média começa a buscar um alimento mais saudável”.
Aline explica que mesmo assim, olhando para o Vale do Jaguaribe a equipe não tinha muita certeza se a ideia ia decolar. “Mas a gente estuda um pouco a experiência e a gente apresenta ela para os agricultores. Pensamos inicialmente de desenvolver com o território de Tabuleiro [do Norte], pelo fato de estar mais próximo, em função da pandemia, para Potiretama, seria mais difícil a gente se deslocar, mas para Tabuleiro era mais fácil, era mais fácil realizar atividades virtuais com esse grupo. Então a gente pensou de fazer uma experiência com esse território”.
A agricultura Maria das Graças de Jesus é uma das agricultoras do projeto e para ela a iniciativa tem uma importância muito grande, pois quem está envolvido não está perdendo os produtos que planta e enfatiza a importância da união dos agricultores em fortalecer o projeto. “A importância do projeto Meu Quintal em Sua Cesta, para mim, é que além dos agricultores que estão envolvidos nesse projeto não está mais perdendo as sacas que a gente tinha de alguns produtos também inclui a união de nós, agricultores, para fortalecer esse projeto cada vez mais. Acredito sim que apesar de nós sermos minoria, mas que pelo menos a gente está tentando ver se afasta mais esse agrotóxico, essas empresas que sobem para cá só no intuito de ganhar dinheiro, não pensando no próximo”.
Aline acredita que a CSA é um fator de resistência realizada pelos agricultores e agricultoras contra o avanço do agronegócio na região. “Então sim, A CSA sem dúvidas é um fator de resistência, de mobilização. É a partir da CSA que nós temos feito toda essa resistência a esse modelo que está aí, inclusive, algumas das pessoas da CSA estão na Comissão de Defesa pela Chapada, na Comissão de Resistência e são pessoas que estão ajudando nessa denúncia, que estão protagonizando, na verdade, essa denúncia desse modelo que avança sobre as comunidades, que põe em risco não só a CSA, mas em risco a vida dessas famílias que lá”.
Sobre os benefícios ofertados pelo projeto, Aline afirma que a CSA traz muitos benefícios, tanto para quem comercializa como para quem compra, primeiro porque essas famílias não tinham essa comercialização fixa, e hoje, a cada quinze dias elas estão comercializando. “Pode não ser muito, a gente ainda deseja ampliar essa comercialização, mas já é algo que não se tinha antes, então tem essa questão do fator da comercialização, tem a questão do trabalho coletivo que a gente sabe que não é fácil, mas que eles estão construindo isso, esse processo coletivo de comercialização, o fortalecimento dos vínculos entre as comunidades, da união entre eles”.
Para montar a cesta, Aline explica que quando um agricultor não pode fornecer algum produto outro agricultora chega junto e fornece o que estava faltando, o que tem contribuído para além do fator econômico, mas para o fator social também, da união e da solidariedade”.
Atualmente o Meu Quintal na Sua Cesta conta com dezesseis famílias de agricultores, sendo treze de Tabuleiro do Norte, duas do Acampamento Zé Maria do Tomé, em Limoeiro do Norte, e uma da comunidade de Catingueira, de Potiretama.
Para receber nossas matérias diretamente no seu celular clique aqui.
Esta matéria faz parte quadro “Do Campo à Cidade”, veiculado no programa de rádio Notícia popular e tem o apoio cultural da CESE – Coordenadoria Ecumênica de Serviço e em Defesa dos Direitos Humanos.
Edição: Camila Garcia