O primeiro debate eleitoral com os três principais candidatos ao Governo do Ceará elevou a temperatura das Eleições 2022 no estado. Roberto Cláudio (PDT), Elmano Freitas (PT) e Capitão Wagner (União Brasil) participaram nesta segunda-feira (29), de debate promovido pelo Grupo Cidade de Comunicação. O Brasil de Fato acompanhou tudo direto do estúdio da TV Cidade. Seguindo as regras estabelecidas pela emissora, cada candidato ganhou 20 minutos para administrar o seu próprio tempo, durante os quatro blocos do debate que resultaram em quase 1 hora e meia de troca de farpas, provocações e claro, nas promessas dos candidatos.
A segurança pública foi a principal pauta do Debate. Na sua primeira resposta, após pergunta do candidato Roberto Cláudio, Capitão Wagner afirmou ser favorável ao porte de armas no Ceará. O candidato do União Brasil disse, porém, que defende o armamento da população desde que o cidadão passe por uma avaliação psicológica e treinamento. “Sou a favor de regras flexíveis para cidadãos que moram, por exemplo, no interior, onde o aparato policial nem sempre chega”, explicou o postulante.
Roberto Cláudio rebateu criticando a posição do adversário e prometendo fortalecer as forças de segurança do estado: “Queremos criar um departamento especializado contra o crime organizado, 14 delegacias regionais e universalizar o Raio”, defendeu o candidato pedetista. Universalizar o Raio também é proposta do candidato Elmano Freitas. Ele ressaltou os reforços feitos pelo ex-governador Camilo Santana (PT) para fortalecer a segurança pública e prometeu um Centro Integrado que “vai unir as inteligências da Secretaria de Segurança Pública e Defesa Social para aprofundarmos com inteligência e investigação. Quero fortalecer muito a Polícia Civil e vou criar coordenadorias de inteligência nas regiões do estado, porque a estratégia central é asfixiar financeiramente essas organizações criminosas", defendeu o candidato.
O combate ao crime organizado também foi pauta quando Capitão Wagner defendeu a implantação de um “padrão FBI”, com a instalação de um escritório de inteligência para acabar com as facções no Ceará. A proposta foi duramente criticada pelos outros dois candidatos. Roberto Cláudio chegou a perguntar em referência ao ex-agente do Federal Bureau of Investigation, George Piro, que aparece apoiando o nome de Wagner em sua propaganda eleitoral, se será “o Super-Homem que vai resolver o problema do nosso povo?”. Às críticas, Capitão Wagner respondeu que está buscando soluções dentro e fora do Brasil. “Eu estive em Medelín há 4 anos para conhecer o modelo que reduziu em 95% a violência naquela cidade. Nosso programa de segurança incomodou tanto que foi atacado,” defendeu Wagner.
A segurança pública ainda serviu de gancho para que o nome do ex-governador e candidato ao senado, Camilo Santana (PT), fosse citado diversas vezes. Acompanhando o debate nos bastidores, o ex-governador chegou a brincar ao final do embate, dizendo que ia “pedir direito de resposta”. A ex-prefeita de Fortaleza Luizianne Lins (PT), hoje candidata à reeleição para a Câmara Federal, também foi bastante lembrada pelos candidatos ao Palácio da Abolição, assim como o ex-presidente Lula (PT), o presidente Jair Bolsonaro (PL) e o prefeito de Fortaleza, José Sarto (PDT), especialmente no que diz respeito às críticas sobre apadrinhamento, alianças e legado político.
Elmano e Roberto Cláudio acusaram Capitão Wagner de querer esconder, a todo custo, sua aliança com o presidente Bolsonaro. O candidato do União Brasil retrucou dizendo que não tem padrinho político ao contrário dos adversários. Roberto Cláudio trocou farpas com Elmano ao dizer que o petista não cita que sua madrinha é a ex-prefeita Luizianne Lins e não Camilo Santana. Elmano, por sua vez, disse sentir orgulho ter feito parte da gestão de Luizianne e chamou o ex-prefeito de ingrato ao vê-lo criticar o ex- governador. "O ex-prefeito de Fortaleza passou oito anos na Prefeitura e, durante seis anos, dizia que o governador Camilo era o melhor governador do Brasil. E, de repente, por não ter apoio político, passou a criticar, atacar a ver coisas que por seis anos ele não via", criticou Elmano.
Na área da saúde, Elmano Freitas prometeu construir três novos hospitais regionais, concluir o Hospital da Uece com capacidade para 655 leitos e fortalecer as políticas voltadas para a saúde mental nos municípios. Roberto Cláudio disse que vai criar uma Rede com cinco hospitais regionais do câncer, para evitar o deslocamento das pessoas que moram no interior e precisam de tratamento. Já Capitão Wagner defende investimentos para fortalecer instituições filantrópicas no estado e prometeu atendimento via telemedicina.
Na educação, Roberto Cláudio enfatizou seu legado como prefeito de Fortaleza e garantiu que vai apoiar os municípios para implantação do Ensino Fundamental com capacitações na área de economia digital, como medida para reduzir a evasão escolar. Elmano falou da universalização das escolas em tempo integral, dando continuidade ao trabalho realizado na gestão de Camilo Santana que garantiu tempo integral em 60% das escolas estaduais. Capitão Wagner prometeu ampliar o número de colégios militares, saindo de 4 para 44 unidades no Ceará.
Somente uma das propostas apresentadas durante o debate foi capaz de unir os três candidatos em uma voz unânime. Todos prometeram passagem de graça para a Região Metropolitana de Fortaleza, a exemplo do que acontece em Caucaia, um dos poucos municípios do Brasil a ter tarifa zero no transporte coletivo. Enquanto Elmano disse que esteve em Caucaia para conversar com o prefeito Vitor Valim (PROS) sobre a política, Roberto Cláudio destacou que vai usar a criação do Bilhete Único como modelo para o passe livre. Já Capitão Wagner se disse disposto a facilitar a modalidade, a partir de uma conversa com outras prefeituras para garantir o passe intermunicipal.
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Edição: Camila Garcia