Após dois anos em formato online, a Universidade Estadual de Campinas (Unicamp) recebeu nos dias 20 e 21 de agosto, 1,2 mil estudantes de escolas públicas e particulares para a grande final da 14ª Olimpíada Nacional em História do Brasil (ONHB). Ao todo, 320 grupos de todos os estados concorreram a medalhas de bronze, prata e ouro. As equipes dos estados do Ceará, Pernambuco e São Paulo foram os destaques dessa edição recebendo o maior número de medalhas na final da 14ª Olimpíada Nacional em História do Brasil, projeto realizado pela Universidade Estadual de Campinas (Unicamp).
Foram entregues 15 medalhas de ouro, 25 de prata e 35 de bronze. O estado do Ceará é o que mais levou medalhas: um total de 17. Em seguida, está Pernambuco, com 16 equipes medalhistas, e São Paulo com 10. Magda Avelino, professora de História da rede estadual na EEM Gov. Adauto Bezerra, em Fortaleza, mestre em História pela Universidade Federal do Rio Grande do Norte e militante do Movimento Brasil Popular afirma que esse resultado demonstra o sério trabalho realizado pelos professores, o esforço dos estudantes e a parceria entre as famílias e as escolas.
Magda explica que nas várias edições da Olimpíada, o Ceará sempre despontou entre os melhores colocados e, com o passar dos anos, também vêm aumentando gradativamente a participação de escolas públicas. “Nesta 14ª edição, 21 equipes do ensino público cearense chegaram à final e, destas, cinco equipes conquistaram medalhas de bronze, sendo o recorde das escolas estaduais até hoje. Foram duas medalhas para a EEM Gov. Adauto Bezerra, duas medalhas para a EEM Dr. César Cals, ambas de Fortaleza, e uma medalha para EEEP Antônio Rodrigues do município de Pedra Branca”.
Ceará como destaque
Cristina Meneguello, coordenadora da ONHB e professora do Instituto de Filosofia e Ciências Humanas da Unicamp (IFCH) afirma que o Ceará tem uma participação significativa na Olimpíada de História desde a sua primeira edição em 2009, já surpreendeu a organização com o número de equipes, não apenas escritas, mas também finalistas e premiadas, e essa tradição, de acordo com ela, se manteve ao longo de todo esse tempo.
“O Ceará é sempre um dos mais importantes finalistas, um dos mais importantes participantes e tem um resultado expressivo e alterna com outros estados do Nordeste como Rio Grande do Norte, Pernambuco e Bahia o destaque nas medalhas. Este ano ele foi destaque no recebimento das medalhas e isso indica consolidação de políticas públicas de incentivo à atividade como olimpíadas, mostras e feiras de ciências, que nós denominamos de atividade extraclasse”, diz Cristina, e finaliza. “Não é um processo casual, é um processo construído ao longo do tempo com muita dedicação e responsabilidade”.
Questionada sobre o sentimento de ver essas conquistas dos estudantes cearenses na ONHB, Magda afirma que é um sentimento de muito orgulho. Orgulho do trabalho dos professores e estudantes envolvidos no processo. Orgulho de ver a força da escola pública e fazer parte da real educação, aquela que transforma a vida dos nossos alunos, que os impulsiona a conquistar seus objetivos e que os forma cidadãos críticos e conscientes. “Sinto também muita gratidão por ter sido abraçada pelos colegas professores veteranos na ONHB, sem a experiência e apoio deles não teríamos conquistado esse resultado. Por fim, alegria, muita alegria por nossa corajosa caminhada”.
Preparação das equipes cearenses
A preparação para a ONHB, de acordo com Magda, varia um pouco de colégio para colégio. Ela explica que dentre as públicas, há uma articulação entre os professores desde o período de inscrições. Em algumas escolas, como no Liceu do Conjunto Ceará e na EEM Dr. César Cals, a ONHB foi pautada como disciplina eletiva. Noutras, como na EEM Adauto Bezerra, foi trabalhada como atividade extracurricular. “Durante as sete fases ocorreram encontros semanais, em um ritmo intenso de pesquisa, debate e cooperação com outras áreas, como a de linguagens e códigos. Mesmo com essa carga horária e articulações, a maior parte das ações pedagógicas da ONHB extrapola bastante nosso tempo de trabalho. Tal situação, se comparada à realidade de algumas escolas particulares, onde colegas têm remuneração e carga horária específica para a ONHB e outras olimpíadas, abrilhanta ainda mais as conquistas das escolas públicas cearenses nesta edição”.
Sobre a Olimpíada de História
A ONHB tem seis fases online, que foram realizadas nos meses de maio e junho, com duração de uma semana cada. As provas dessas etapas incluíram questões de múltipla escolha e realização de tarefas, que puderam ser elaboradas pelos participantes com base em debate com os colegas, pesquisa em livros, internet e orientação do professor.
Além de temas sobre a História do Brasil, a ONHB apresenta questões que permeiam assuntos interdisciplinares, como geografia, literatura, arqueologia, patrimônio cultural, urbanismo, atualidades etc. A ONHB é realizada com apoio do Departamento de História da Unicamp e da Associação Nacional de História (Anpuh). Conta com a participação de docentes universitários, alunos de graduação, mestrandos e doutorandos.
Além de Ceará, Pernambuco e São Paulo, os estados da Bahia e Rio Grande do Norte somaram oito grupos medalhistas, cada. Minas Gerais e Sergipe tiveram quatro e três equipes medalhistas, respectivamente. Paraíba e Maranhão somaram duas equipes cada. Já Paraná, Mato Grosso, Santa Catarina, Amazonas e Goiás tiveram uma equipe medalhista cada um. As demais equipes receberam medalha de honra ao mérito.
Em seu discurso durante a cerimônia de entrega das medalhas que aconteceu no dia 21, Cristina Meneguello também reforçou o compromisso da ONHB de lutar contra a proliferação internacional do negacionismo histórico. “Um negacionismo que ameaça a memória e a história de diferentes grupos sociais, motivado não só pela ignorância, mas por interesses ideológicos. Nosso compromisso é lutar pelo acesso de todos a um sistema de educação de qualidade, socialmente referenciada e que garanta a permanência dos alunos na escola”, afirmou.
Neste ano, a ONHB somou 18 mil equipes inscritas, totalizando mais de 73 mil pessoas. Participaram da Olimpíada, estudantes dos 8º e 9º anos do Fundamental e do Ensino Médio, em grupos compostos por três alunos e um professor de História.
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Edição: Camila Garcia