No último domingo, 17 de julho, movimentos sociais populares, líderes religiosos, partidos de esquerda, sindicalistas e representantes dos Comitês Populares se reuniram no Pólo de Lazer Sargento Hermínio, em Fortaleza para denunciar a violência política que tem crescido no Brasil, pedir paz e justiça.
A dirigente estadual do Movimento Brasil Popular, Joyce Ramos, explica que foi “um ato simbólico, porém místico, com a nossa espiritualidade presente, através dos nossos irmãos religiosos e foi muito importante para nós trazermos presente a memória de todas as vítimas que já sofreram com a violência política, mas também para nós nos fortalecermos enquanto militantes para darmos continuidade a nossa causa e aos sonhos dos que foram tombados.”
“Eu estou aqui em defesa da vida, não só dos povos de terreiro que continuam sendo massacrados, continuam sendo mortos, mas do povo do Brasil” afirma o Babalorixá Cleudo e continua “a luta hoje é de todas as religiões independente de fé ou não fé, se unir para defender a vida. A defesa hoje é da vida”.
Os cartazes traziam fotos de Marcelo Arruda, liderança do Partido dos Trabalhadores assassinado em Foz do Iguaçu/PR, enquanto festejava seu aniversário que tinha como tema o Partido. Estavam presentes na festa familiares e amigos de Marcelo, que presenciaram o assassinato.
“Estamos a favor da vida e por isso a gente não apoia nenhum governo que destrua a vida da população, especialmente a população mais pobre, que vive na periferia, que passa fome, que todo dia luta para conseguir trabalho e emprego” foi categórico o Padre Izaías, missionário Redentorista, que completa “é alarmante, a população em plena situação de pandemia, muita gente passando fome e as pessoas querendo se armar. Ao buscar a arma você está querendo dizer o que no mundo de fome e de violência? Você diz que não é a favor da vida, porque arma não salva ninguém”.
A manifestação também relembrou Marielle Franco, vereadora do Psol no Rio de Janeiro assassinada pela polícia, Moa do Kantendê, mestre de capoeira assassinado na Bahia durante uma discussão política, Dom Phillips e Bruno Pereira, indigenistas assassinados em missão na Amazônia. Foram lembradas ainda as vítimas da Covid-19 e a juventude negra das periferias, que sofre com a violência do Estado.
Segundo a organização, durante a manifestação apoiadores do presidente Jair Bolsonaro passaram de carro provocando com xingamentos e vaias, mas nenhum incidente mais grave ocorreu.
“Estamos contra esse mundo de violência e o nosso governo federal, presidente Jair Bolsonaro, não está apoiando a paz, porque acaba não ajudando a população, porque acaba dividindo as pessoas, porque acaba criando mais confusão ainda. Quando você promove o armamento você não está lutando pela paz, mas pela morte” ressaltou Padre Izaías.
Durante o último final de semana, por todo o Brasil, ocorreram diversas iniciativas como essa denunciando a violência política que tem aumentado de forma alarmante no país e pedindo paz em nossas vidas, mas justiça para Marcelo e todos os que foram assassinados.
Edição: Camila Garcia