Ceará

COMITÊS POPULARES

No Ceará, comitês populares de luta reforçam importância da atuação nas ruas

A expectativa é que sejam construídos comitês em vários municípios de todo o estado cearense

Fortaleza, CE |
Lançamento do 1° Comitê Popular no Assentamento Bonfim Conceição - Comunicação MST

A enorme crise política vivenciada no Brasil, acompanhada de tantas outras crises, como social, sanitária e econômica, a qual o país está imerso, colocou o ano de 2022 como ano decisivo para a vida do povo brasileiro. As eleições presidenciais que acontecem em pouco mais de três meses, será, sem dúvidas, uma das eleições mais difíceis vividas pelo povo brasileiro.

Nesse sentido, olhando para a última eleição presidencial, em 2018, e com o objetivo de atuar com mais incidência nas ruas, dialogando de forma direta com o povo sobre as dificuldades vivenciadas e discutindo qual tipo de política a classe trabalhadora deseja para o país, centrais sindicais, movimentos sociais e organizações políticas, entendendo a centralidade e a importância em discutir política com uma linguagem popular e de forma organizada direto com o povo, têm desprendido esforços diários na construção dos Comitês populares de luta e em defesa da Democracia.

Gene Santos, da Direção estadual do Movimento de Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST-CE), afirma que a iniciativa dos comitês populares não são uma iniciativa nova no país, tampouco recente. Ele afirma que em outros momentos existiam os ciclos populares e também os núcleos populares, que possuíam o mesmo objetivo que os comitês. “A partir de agora os movimentos começaram a discutir essa ideia de criar os comitês populares, que tem como base ser espaços de diálogo direto com o povo, para discutir os problemas do povo”, afirma ele.

Os comitês populares são uma iniciativa encabeçada por movimentos que compõem a Frente Brasil Popular, Frente Povo Sem Medo, a Central Única dos Trabalhadores (CUT), mas também por partidos políticos como o PT, o PCdoB e o PSOL. Convocada ainda em fevereiro, os comitês são espaços de diálogo direto com o povo, com objetivo de organizar e formar politicamente a população do bairro, do local de trabalho ou estudo. A ideia é unir diferentes forças sociais para pensar, debater e encontrar caminhos para resolver problemas locais, mas também os problemas enfrentados por todo o povo brasileiro.

“Um outro objetivo é que ele seja um espaço de formação, de estudo, de debate, de conjuntura, de mobilização social, para discutir seus problemas democráticos, para se somar nas grandes mobilizações, e que seja também um espaço de agitação e propaganda e de vivência de novos valores”, completou o dirigente do movimento sem-terra.


Comunidade do Quieto na construção do Comitê Popular de Luta do assentamento 25 de Maio / Brigada Edilson Monteiro

No Ceará, várias organizações têm se colocado à frente da organização dos comitês populares, dentre elas, o MST, Movimento de Trabalhadoras e Trabalhadores por Direitos (MTD), Movimento Brasil Popular, Levante Popular da Juventude e também organizações evangélicas, de povos indígenas e quilombolas, povos de terreiro e sindicatos de todas as esferas, tem se mobilizado na construção e fortalecimento dos comitês de luta em defesa da democracia.

Além de fortalecer a campanha de Lula, pré-candidato à presidência da república brasileira, os movimentos que tem se mobilizado na construção desses comitês no estado do Ceará possuem também o objetivo de fazer enfrentamento eleitoral e fortalecer também a campanha de deputados de esquerda no estado.

O dirigente do movimento sem-terra ressalta ainda que no estado do Ceará já existem uma grande quantidade de comitês populares de luta e em defesa da democracia, que foram lançados por movimentos sociais ou outros tipos de organizações. “Se me perguntassem hoje qual o quantitativo real de comitês lançados não saberia afirmar, mas posso dizer que no Ceará já devem ter com certeza, de trezentos comitês para frente”, declarou ele.

O Movimento de Trabalhadoras e Trabalhadores por Direitos (MTD), inaugurou na última semana do mês de maio, em sua cozinha popular, no bairro Bela Vista, o Comitê Popular Contra a Fome. Bruna Raquel, direção da organização afirma que através da cozinha e de sua capacidade de atender a população do entorno, conseguiram envolver a solidariedade ativa de quem mais precisava, e despertar o protagonismo da ação, onde a comunidade fornecia água quando faltava no ambiente da cozinha, que corta as verduras, que higieniza os produtos, que toca, constrói e protagoniza o processo da cozinha. “O movimento faz seu papel central de organizar, de gerar debate, de dar estrutura e de tá junto com a comunidade”, afirma ela.


Lançamento do Comitê Popular contra a fome no Bairro Bela Vista em Fortaleza / Camila Garcia

Bruna ainda ressalta a importância da construção desses espaços de debate que os comitês se propõem a ser, e enfatiza que há uma leitura que os movimentos e organizações fazem, que em um cenário em que Lula saia vencedor nas urnas, a vida pode voltar a ser melhor, o povo há de ser feliz novamente, tendo garantia de uma vida digna, farta e com mais acesso aos direitos. “A gente lançou o comitê com essa pegada, de fazer com que essas pessoas que vem para cozinha, voltem as suas casas, conversem com seus vizinhos, com seus filhos, com suas famílias, desminta as mentiras que os grandes veículos de comunicação falam e que a gente leve esperança, perspectiva de um país melhor e o treze é as urnas”, declarou.

A expectativa é que em todo o Brasil, mais de cinco mil comitês populares sejam construídos, e no Ceará a ideia é que os comitês existam no máximo ruas, bairros e municípios, e que possam também se organizar para além da localidade, por estudantes e trabalhadores. Vale ressaltar, que a expectativa também é de que esses comitês se mantenham ativos por muito tempo, que seja conformado um vínculo real e duradouro entre as pessoas que constroem, mas também com o objetivo de construir um organismo de base, no seu local de atuação, no seu local de moradia.

Para os interessados em construir comitês populares em seus territórios, existe nacionalmente uma secretaria que coordena o trabalho dos comitês populares, assim como um Site oficial e uma página do Instagram, que você encontra buscando por Comitês Populares de Luta, nele você pode encontrar uma cartilha que auxilia na construção desses espaços de debate.

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Edição: Camila Garcia