Ceará

Reforma Agrária

I Feira da Reforma Agrária da Universidade Federal do Cariri reúne arte, debate e agroecologia

A Feira faz parte da programação da IX Jornada Universitária pela Reforma Agrária (JURA).

Brasil de Fato | Juazeiro do Norte (CE) |
Parte dos itens vendidos na feira veio da produção do Assentamento 10 de Abril, situado no município do Crato. - Foto: Carlos Felipe

“Estamos em festa porque a terra é nossa e porque nossa luta é para valer, porque a nossa reforma agrária é popular e solidária, alimentando a quem é negado direito de comer”, canta Iara Silva, diretora estadual do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST), na mística de abertura da I Feira da Reforma Agrária da Universidade Federal do Cariri (UFCA). Em meio a poesia, o campus Juazeiro do Norte iniciou, na última terça-feira (31), a sua programação da IX Jornada Universitária pela Reforma Agrária (JURA). O evento reuniu produtores rurais, artistas, docentes, discentes e técnicos administrativos.

“Todo o material, toda a produção são orgânicos. Nós nunca utilizamos veneno”, ressalta Cícero Possiano, assentado e militante do MST. Parte dos itens vendidos na feira veio da produção do Assentamento 10 de Abril, situado no município do Crato. Para Cícero, o evento foi muito proveitoso e ele ressalta a importância da universidade ter o conhecimento da Reforma Agrária Popular.

Além da feira com produtos do MST, a programação, pensada coletivamente, contou com um apresentações culturais durante todo o dia. Entre elas, o debate de lançamento do livro/caderno “LGBT Sem Terra: Rompendo cercas e tecendo a liberdade”, uma obra organizada pelo Coletivo LGBT Sem Terra. Na mesa, participaram o estudante de filosofia, Auris Flor, atual coordenador geral do Diretório Central dos Estudantes da UFCA, o professor do curso de jornalismo, Tiago Coutinho, diretor de atividades científicas e culturais do Sindicato dos Docentes das Universidades Federais do Estado do Ceará (ADUFC-Sindicato), e Neidinha Lopes, da direção estadual do MST e integrante do Coletivo LGBT Sem Terra.

Neidinha ressaltou a importância da publicação porque visibiliza os camponeses LGBTs. “Traz um pouco da nossa trajetória, tira a invisibilidade de nós que já construíamos a luta pela reforma agrária, mas não éramos organizados dentro do movimento como LGBTs”, ressalta.

O debate trouxe à tona temas urgentes como o combate à LGBTQIA+fobia. Auris destacou que “a luta da esquerda é anti-sistêmica, assim não pode ser segmentada. Ela é antirracista, antimachista e antilgbtqifobica ao mesmo tempo”. Tiago Coutinho comentou da sua felicidade com a realização da Feira, de acordo com ele, um antigo desejo coletivo. “Querem tirar nosso sorriso, mas eles não vão conseguir. É uma feira e é uma festa”, destaca.


Além da feira com produtos do MST, a programação, pensada coletivamente, contou com apresentações culturais durante todo o dia. / Foto: Carlos Felipe

O almoço da feira contou com a apresentação artística. A programação se estendeu pela noite. Durante a janta, no pátio onde funciona o Restaurante Universitário, aconteceu o sarau poético com a participação do Coletivo Camaradas, do Levante Popular da Juventude e do SLAM das minas. Foram declamadas poesias de Auris Flor, Cauê Henrique, Natália Pinheiro, Ana Lê, Eva Evellen e de muitas estudantes que passavam pela Feira e ocupavam o microfone.

Para encerrar o dia, os projetos Cineclube em Rede e Cine Arte Clube, ambos da UFCA, projetaram nos prédios da universidade uma intervenção na qual estava escrito “Fora Bolsonaro”. Eles também exibiram “A Febre”, da diretora Maya Da-Rin. O filme conta a história de Justino, um indígena explorado em seu trabalho.

*Estudante de jornalismo da UFCA

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Edição: Francisco Barbosa