A Secretaria da Saúde do Ceará (Sesa) informou, na última segunda-feira (30), que recebeu a notificação de um caso suspeito de varíola do macaco, identificado em um residente da capital. Segundo a Sesa, o paciente com suspeita da doença não teria tido qualquer contato com alguém contaminado e nem viajado para os locais onde a doença já foi registrada.
A infectologista do Hospital São José, Lisandra Damasceno, explica como acontece a infecção: “As pessoas se contaminam ou se infectam quando elas têm contato muito próximo com o macaco ou outros animais - que não só os macacos são os reservatórios, alguns outros primatas podem ser reservatórios -, ou com outras pessoas doentes. É uma virose causada por um vírus chamado Orthopoxvirus e por ser uma doença que causa principalmente doença nos macacos, ela é chamada de monkeypox”.
Confira VT da matéria
Em nota, a Secretaria informou que logo que o caso foi identificado foram aplicadas todas as medidas recomendadas, como isolamento domiciliar, busca de contatos e coleta de material para exames, que está em processamento. Até o momento, a principal suspeita diagnóstica é varicela, também conhecida como catapora. O caso segue em monitoramento com a possibilidade, inclusive, de se tratar de alguma outra doença, como sífilis, dengue ou chikungunya, já que os sintomas gerais são semelhantes em todas elas. A possibilidade de ser varíola do macaco também não foi descartada.
Além do Ceará, outro registro com indícios da infecção é investigado em Santa Catarina, totalizando dois casos suspeitos no país. Estudos apontam que a vacina contra a varíola humana pode também ser eficiente contra a doença: “Pessoas que já foram vacinadas para a varíola humana, ou seja, aquelas que têm entre 40 e 50 anos, podem ter alguma proteção para essa varíola dos macacos”, afirma a dra. Lisandra.
Ainda de acordo com a especialista em doenças infecciosas, é importante estar de olho no aparecimento de possíveis sintomas como início súbito de febre, dor no corpo e dor de cabeça, além de erupções cutâneas. “Uma vez que você identificou algum caso suspeito, esse indivíduo deve procurar assistência médica e se ele estiver bem clinicamente, ele deve ficar em casa isolado, porque a transmissão ocorre através do contato com essas secreções, desses fluidos, principalmente das lesões cutâneas, das lesões de pele e das lesões de mucosa. As gotículas também podem transmitir esse vírus, principalmente ao falar, tossir e espirrar e objetos contaminados”, ratifica.
Maria Van Kerkhove, especialista em doenças infecciosas emergentes da OMS, afirma que é possível parar a transmissão entre humanos em países não-endêmicos: “ Isso é decisivo porque estamos em uma situação em que podemos usar ferramentas de saúde pública como identificação precoce, isolamento dos casos, conversar com as comunidades, ouvir as comunidades, se juntar às comunidades para ser parte da solução. Não se trata da OMS dizendo ao mundo o que fazer, trata-se de trabalhar com as comunidades para dizer: como podemos chegar a uma boa solução?”.
Para receber nossas matérias diretamente no seu celular clique aqui.
Edição: Camila Garcia