Não é de hoje que Ana Paula sabe exatamente de onde vem os insumos que compõem o cardápio da sua família. Há anos, a médica consome de feiras agroecológicas, que encurtam distâncias e proporcionam comida de verdade a um preço justo e sem exploração dos trabalhadores e da natureza. “Consumir um produto agroecológico é também uma maneira de você fazer parte desse círculo, ainda que você não esteja lá plantando, nem colhendo, mas no momento que você compra, você está alimentando essa cadeia produtiva”, enfatiza Ana.
Pode até nem estar descrito na casca, mas para as frutas e verduras chegarem fresquinhas na casa da Ana, elas foram produzidos por trabalhadores e trabalhadoras do campo. Gente que acorda cedinho para tratar a terra e cultivar os alimentos que compõem a vasta diversidade da mesa do brasileiro. Diferente dos insumos que chegam aos supermercados, que oscilam ao sabor da inflação, os produtos agroecológicos conseguem praticar um preço mais justo trabalhando uma dinâmica simples: a diversidade no campo. É o que explica o produtor agroecológico, Toni Sabino: “quando a gente diversifica a produção, a gente tem constantemente um produto, um alimento a ser consumido. É diferente do monocultivo do agronegócio, que ele só fica numa produção e quando dá crise, seja hídrica, ou por conta de praga, ou pelo modelo de produção que eles vão ter, essa produção vai entrar em declive, vai faltar”.
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Segundo Toni, a agroecologia foge da lógica do capital, que enxerga os alimentos como commodities, portanto sujeitos a variações de preços no mercado. Para a agroecologia, o importante é garantir alimentos a um valor que cabe no orçamento dos trabalhadores. Com o aumento do custo de vida impactando o bolso do brasileiro, encontrar feiras agroecológicas pode ser uma ótima alternativa econômica, além também de construir uma nova forma de se relacionar com o alimento que chega à sua mesa.
Maria de Jesus, assentada da Reforma Agrária e Dirigente Estadual do MST explica que nesse modelo o objetivo principal não é o lucro: “Nossa maior alegria é ofertar um produto de qualidade, um alimento saudável. Nós não entramos na lógica do lucro, sim é a busca de uma renda, uma renda para nós vivermos com dignidade, mas a nossa maior dedicação é ofertar alimentos saudável, da reforma agrária popular para a sociedade”.
Na capital cearense, o Movimento Sem Terra, realiza no Centro de Formação Frei Humberto, a Feira da Reforma Agrária todo segundo sábado de cada mês, das 9h às 15h. Além da exposição e vendas de produtos, a feira oferta um almoço, feito com insumos dos assentamentos, debates e um forrózinho para animar. Quem não pode se deslocar até o centro, tem também a opção de fazer sua feira de forma online, recebendo seu pedido no domingo.
Edição: Camila Garcia