Desde o mês de dezembro de 2021, a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) aprovou a ampliação da campanha de imunização contra o coronavírus para crianças com faixa etária entre 05 e 11 anos de idade. De acordo com ofício enviado pela Anvisa ao Ministério da Saúde ainda em dezembro, o imunizante a ser utilizado na campanha de vacinação infantil contra a covid-19 deveria ser a vacina Pfizer/Comirnaty Pediátrica, solicitando logo após a inclusão do imunizante no Programa Nacional de Imunizações (PNI). No Ceará, o cadastro de vacinação contra Covid-19 para crianças dessa faixa etária foi liberado ainda no final de 2021, anunciado pelo governador Camilo Santana (PT), através de suas redes sociais, após autorização da Anvisa. No entanto, a vacinação contra Covid-19 para essa faixa etária foi aprovada pelo governo federal somente no início do ano, por meio da Resolução Nº 01/2022-CIB/CE, de 04 de janeiro, que autoriza a vacinação em crianças desde que acompanhadas pelos pais ou responsáveis.
No Ceará, a campanha para vacinação infantil foi iniciada no último sábado (15) em Fortaleza e outros municípios do interior, e de acordo com dados do Governo do Estado cerca de 243 mil crianças já se encontram cadastradas no site Saúde Digital, sistema que viabiliza a quantidade de imunizantes por municípios de acordo com número de agendamento. A expectativa é que a campanha de vacinação infantil no Ceará imunize cerca de 900 mil crianças.
Para a jornalista Emanuelle Lobo, mãe dos pequenos Vitor Emanuel e Miguel, de 6 e 5 anos de idade, respectivamente, a campanha de vacinação infantil contra o coronavírus é extremamente necessária, pois justifica que a vacina é a única saída que temos para pandemia. Ela afirma que o último período foi de muita tensão, não só para sua família, mas para todas as mães e pais que possuem crianças, dada pela preocupação em sempre estarem atentos aos movimentos dos filhos para que não tocassem o rosto com a mãozinhas sujas, dando possibilidade de contrair o vírus da covid-19. “Nós, mães e pais, já vivenciamos desde o nascimento uma rotina de imunização de nossos filhos contra outras doenças, e da mesma forma devemos vacinar nossos filhos contra Covid-19, a vacina é eficaz e não possui nenhum risco eminente já comprovada através da ciência”, declarou a mãe e jornalista.
Já Jairo Ponte, pai do pequeno Bento Girão de 11 anos de idade que foi vacinado na semana passada, acredita que a vacinação infantil é uma etapa muito relevante no quadro geral de enfrentamento da Covid. Ele afirma que além do efeito mais imediato de diminuir os riscos para a faixa etária de 05 a 11 anos, há também efeitos indiretos importantes decorrentes de aumento da barreira imunológica. “Um efeito fundamental é a diminuição de contaminação de pessoas vulneráveis que poderiam contrair o vírus de crianças contaminadas que estivessem assintomáticas”, afirmou ele.
Uma grande problemática na campanha de vacinação infantil contra o vírus, é a resistência de pais e responsáveis em não cadastrarem seus filhos para imunização. Questionados pelo Brasil de Fato sobre a resistência dos pais em vacinarem e protegerem seus filhos, Emanuelle afirmou que essa resistência está relacionada a minimização da doença por parte dos pais e mães e torna as crianças ainda mais vulneráveis ao vírus, que em alguns casos são submetidas a internações. Além disso, ela fala que a possibilidade da criança contrair o vírus e transmiti-lo para pessoas da família que se enquadram no grupo de risco é ainda maior, colocando toda família em alerta.
Jairo, no entanto, afirma que a principal causa da resistência dos responsáveis se deve muito à desinformação. “Há várias formas de confirmar que a vacina infantil contra o vírus é segura e eficaz, comprovada por vários estudos, artigos científicos e inclusive pela própria Anvisa. Esse perfil paranoico é claramente explorado por agentes políticos alinhados à extrema-direita. No caso brasileiro, boicotar a vacina parece estar de acordo com as práticas nefastas do atual governo”, declarou.
Processo de Imunização dos Pequenos
Para as crianças de 05 a 11 anos de idade, a dosagem do imunizante deve ser de apenas 0,2 mL, com intervalo de no mínimo 8 semanas entre a primeira e segunda dose. De acordo com indicação da própria Anvisa, para as crianças que completarem 12 anos no intervalo entre as doses, o ciclo vacinal deve ser finalizado com a vacina pediátrica. Outro fator que diferencia a imunização das crianças com essa faixa de idade, visa facilitar a identificação no momento de imunização, assim a tampa do frasco vem na cor laranja, diferente dos imunizantes para crianças acima dos 12 anos, cuja tampa do frasco é na cor lilás.
Em relação a eficácia da vacina, em outubro de 2021, a Pfizer informou que a vacina é segura e mais de 90,7% eficaz na prevenção da doença, mesmo que sua aplicação seja apenas de 1/3 da formulação já aprovada no Brasil.
Além da aprovação do uso da vacina pediátrica da Pfizer, a Anvisa aprovou também na última quinta-feira (20) o uso da vacina CoronaVac, do Instituto Butantan, para vacinação de crianças entre 6 e 17 anos de idade em todo o país. Para essa faixa etária, o órgão recomendou que sejam mantidas as mesmas formulações, dosagem e posologia aplicadas em adultos. No Ceará, a Secretaria de Saúde do Estado (Sesa) deve anunciar em breve para os municípios cearenses, orientações para aplicação do imunizante da Coronavac nas crianças. A aprovação do imunizante em crianças tem o objetivo de agilizar o processo de vacinação do público infantil, já que mais de um imunizante estaria sendo utilizado no plano de vacinação para crianças e garantiria maior segurança e tranquilidade para as mães e pais.
Por enquanto, o Ceará recebeu 55.100 doses pediátricas da vacina Pfizer, que foi distribuída para os municípios que já iniciaram a campanha de vacinação infantil, e a expectativa é que o Ministério da Saúde receba novos lotes de vacinas pediátricas nos próximos dias, que serão enviadas aos estados para aplicação em mais crianças dessa faixa etária.
Cecília Ferreira de 11 anos de idade foi a primeira criança a ser vacinada com o imunizante pediátrico em Fortaleza e recebeu no momento de imunização o “Certificado de Coragem”, dado pela prefeitura como forma de mobilização para que mais crianças se vacinem.
Para cadastramento das crianças na plataforma Saúde Digital, basta acessar o site dispondo do número do Cartão Nacional de Saúde (CNS) da criança, que consta no cartão do Sistema Único de Saúde (SUS) e nos cartões de plano de saúde.
Aumento de casos confirmados e o risco para as crianças
Desde o início do ano, o Governador Camilo Santana (PT), anunciou através de transmissão ao vivo semanal o aumento no número de casos de Covid-19 além do surto gripal da influenza H3N2 em todo o estado. Durante a transmissão, acompanhado do Secretário de Saúde do Estado Marcos Gadelha, o governador afirmou que já há um grande número de transmissão comunitária da variante Ômicron por todo o estado. “É preciso dobrar os cuidados nessas festas de celebração, quando as famílias e amigos se reúnem, se cuidem e protejam-se”, reforçou.
Jairo afirma que na realidade em que vivemos, sob alerta da variante Ômicron em que o grau de contágio é extremamente maior, é mais provável de as crianças serem assintomáticas, e que há mais chance de a criança contaminar outras pessoas. “A contaminação entre as crianças é menos preocupante por que os efeitos são em geral mais brandos nessa idade, mas podem servir de vetores e aumentar a disseminação”, declarou ele. Jairo ainda ressalta que aumentar a barreira imunológica com a vacinação infantil é uma estratégia muito interessante até para proteger os adultos e evitar que várias atividades parem.
Com esse aumento dos casos devido as festas de fim de ano, a preocupação e atenção de mães e pais com os filhos redobrou. As crianças que são o único público ainda não totalmente vacinado devem receber bastante atenção dos pais, dado o aumento de casos confirmados por coronavírus, sendo a vacina a única opção para que mantenham seus filhos resguardados.
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Edição: Camila Garcia