No dia 04 de janeiro, a Empresa de Transporte Urbano de Fortaleza (Etufor) anunciou os novos reajustes para as tarifas do transporte público rodoviário, tendo um aumento de 8,33% em relação ao antigo valor pago nos ônibus. Com esse reajuste, a passagem integral que antes custava R$ 3,60 passa a custar R$ 3,90, já para os estudantes, o valor subiu de R$ 1,60 para R$ 1,80. Os novos valores entram em vigor na capital cearense a partir deste sábado (15).
O reajuste da tarifa é o primeiro desde 2019. Em 2020, com o início da pandemia do coronavírus no Brasil e, consequentemente no Ceará, o prefeito de Fortaleza, José Sarto (PDT), havia anunciado o congelamento da tarifa que tem reajuste anual. Desde o final do ano passado já havia sido sinalizado que em 2022 o reajuste aconteceria, e o anúncio foi feito ainda na primeira semana do ano.
De acordo com a Etufor, a prefeitura de Fortaleza e o governo do estado devem repassar R$ 32 milhões de reais em parcelas mensais no valor de R$ 6 milhões de reais aos empresários do sistema de transporte público da cidade, afim de diminuir a tarifa técnica da passagem que, de acordo com A Etufor, a passagem deveria ser no valor de R$ 4,50 (tarifa técnica) considerando os reajustes dos principais insumos do serviço de transporte, pois esse cálculo leva em conta o aumento do combustível, preço médio do veículo novo, salários de motoristas, fiscais e pessoal de manutenção.
Para Sarah Rodrigues, funcionária da Caixa Econômica Federal, que tem que se deslocar diariamente de sua casa no Conjunto Prefeito José Walter ao seu trabalho, no Bom Jardim utilizando o transporte público, o valor do reajuste implica em ter que arcar com um custo maior de passagem e tirar parte do seu salário que poderia ser utilizado para outras demandas pessoais para pagar pelo aumento da tarifa do transporte público.
Já para Isabel Santos, estudante do curso de Biotecnologia da Universidade Federal do Ceará (UFC), esse acréscimo da tarifa pode aumentar a evasão nas escolas e universidades de Fortaleza. Ela afirma que muitos estudantes necessitam do transporte público e pegam mais de um ônibus até chegar em suas escolas e universidades, e isso gera um gasto muito grande para os pais ou para os próprios estudantes quando independentes, o que pode implicar na desistência dos estudos por parte dos jovens. “No meu caso, sempre preciso pegar diariamente mais de um ônibus para me deslocar até a universidade que estudo, e o que antes já ficava caro e pesava no bolso, com o aumento da tarifa para R$ 3,90 se torna pior ainda para nós estudantes”, afirmou ela.
A estudante ainda declara que acredita que o valor do reajuste não seja um valor justo para a tarifa, “o transporte público deveria ser um serviço gratuito para a população, sobretudo para os estudantes, já que temos garantido por lei o direito ao passe livre”.
O aumento no valor da tarifa acontece também em outros serviços do transporte público municipal, como no Horário Social, que acontece diariamente de 9h às 11h e das 14h às 16h, e na Tarifa Social, que acontece nos domingos, nos dias 13 de abril, 31 de dezembro e 1º de janeiro. Assim, com o reajuste, os valores para esses serviços passarão a custar:
- Horário Social: de R$ 3,00 (inteira) e R$ 1,30 (tarifa estudantil) para R$ 3,30 (inteira) e R$ 1,50 (tarifa estudantil);
- Tarifa Social: de R$ 3,00 (inteira) e R$ 1,30 (tarifa estudantil) para R$ 3,30 (inteira) e R$ 1,50 (tarifa estudantil).
Situação do transporte público em Fortaleza
Desde o início da pandemia, de acordo com dados do Sindicato dos Trabalhadores em Transportes Rodoviários do Estado do Ceará (SINTRO-CE), mais de 4 mil funcionários de empresas operadoras do transporte público foram demitidos, em sua maioria funcionários que trabalhavam enquanto cobradores dos ônibus. Essa demissão em massa fez com que os motoristas passassem a ter dupla função dentro dos transportes públicos, pois além de conduzirem os ônibus agora teriam também que se responsabilizarem pelas passagens dos usuários.
Em nota, o SINTRO-CE informa que em 2020, funcionários das empresas de transporte público não tiveram reajuste salarial e ainda tiveram o valor de sua cesta básica reduzida durante três meses, além da tentativa de retirada de outros direitos desses funcionários. O SINTRO-CE explica que somente no ano passado, após a realização da greve da categoria é que realizaram o reajuste salarial, somente com base no reajuste da inflação, e ainda assim o pagamento foi efetuado em três parcelas ao longo do ano.
Sarah afirma que a linha de ônibus que utiliza diariamente está sempre muito lotada e que o limite máximo de pessoas não é respeitado, mesmo com a sinalização existente dentro dos transportes sobre limite máximo de pessoas que podem viajar em pé ou sentadas, e isso, de acordo com ela, implica colocar em risco a saúde da população fortalezense, "já que ainda estamos em meio a pandemia e aglomerações deveriam ser evitadas, porém, não é o que passamos diariamente dentro dos ônibus". Além disso, a trabalhadora também afirma que outra problemática sempre presente dentro das linhas de ônibus são os assaltos constantes, “assaltos acontecem de forma frequente em muitas linhas, e isso traz muita insegurança para nós usuários do transporte público”.
Já Isabel declara que por mais que algumas linhas do transporte público atendam a população de forma confortável e segura ou passem a ser melhoradas, o aumento de tarifa nunca será justo quando existem pessoas que não vão possuir condições de arcar com esses valores, principalmente quando o serviço é utilizado diariamente. “Não adianta falar sobre a melhoria nas condições do transporte público, conforto e segurança se a tarifa está a um valor que nem todo mundo pode pagar”, conclui.
Vale ressaltar, que no anúncio foi afirmado que as empresas responsáveis por operarem o transporte público na capital devem, ao longo do ano, aumentar sua frota de ônibus com 100 novos veículos.
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Edição: Francisco Barbosa