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Artigo | O que fazer diante da explosão dos casos de covid e síndromes gripais?

O filme se repete, mas não estamos pior que antes, estamos melhores, pois sabemos o caminho.

Brasil de Fato | Juazeiro do Norte (CE) |
Os estudos preliminares sugerem que a Ômicron seja mais transmissível, passando para mais pessoas, mas gerando casos menos graves.
Os estudos preliminares sugerem que a Ômicron seja mais transmissível, passando para mais pessoas, mas gerando casos menos graves. - Sergio Lima / AFP

Todo mundo está tossindo e se você não está provavelmente conhece alguém que esteja. Depois das festas de Ano Novo, com a completa liberação das aglomerações pelas autoridades, temos assistido com nossos próprios olhos o resultado de uma disseminação descontrolada de Covid-19. 

Há uma onda internacional como nunca vista. No dia 4 de janeiro de 2022 o mundo bateu seu recorde após mais de 2 anos do início da pandemia pelo novo coronavírus, com 2.540.000 casos confirmados em 24 horas. Os principais motivos desse tsunami podem ser o relaxamento das medidas para evitar o contágio e o surgimento da variante Ômicron que já é dominante em vários países do mundo. 

Por aqui não sabemos nem em que pé esse desastre está, já que o Brasil é um dos países que menos testa sua população e para piorar, os dados de casos e óbitos por Covid-19 e outras doenças respiratórias, divulgados pelo Ministério da Saúde, estão desatualizados desde o dia 10 de dezembro. 

Esses números são fundamentais para os pesquisadores traçarem previsões e dizer qual é o melhor caminho a ser seguido no combate à pandemia. O dano gerado pela falta de testes e de informações é incalculável, é como se dirigíssemos um carro na chuva com os faróis queimados. 

Os estudos preliminares sugerem que a Ômicron seja mais transmissível, passando para mais pessoas, mas gerando casos menos graves. À primeira vista, isso parece ser bom, mas nem tudo são flores. Se muita gente, muita gente mesmo, pega a doença de uma vez, terão muitos casos graves também e os serviços de saúde estarão abarrotados de pacientes leves e moderados.
 
Como as informações oficiais no Brasil sumiram, os relatos pessoais dos profissionais de saúde confirmam essa previsão. Está havendo uma procura imensa nos hospitais, Unidades de Pronto Atendimento (UPAs) e unidades de saúde de pessoas com sintomas gripais sem gravidade. 

Diante desse novo cenário, o governador do Ceará, Camilo Santana, já anunciou na noite da última quarta-feira (5), um novo decreto que suspende eventos de carnaval e reduz a capacidade de lotação em festas. No entanto, ainda é muito pouco, não é possível manter, por exemplo, festas em locais fechados nesse momento. 

Necessitamos urgentemente falar novamente em lockdown, fechar ou diminuir temporariamente os serviços não essenciais, proibir aglomerações, testar a população e isolar os casos positivos, fornecer boas máscaras para que possamos aposentar de vez as de tecido. O filme se repete, mas não estamos pior que antes, estamos melhores, pois sabemos o caminho.
 
O poder público deve reorganizar os fluxos de saúde para que as emergências não superlotem de casos leves, que poderiam estar em casa. É essencial campanhas de comunicação dizendo o que a população deve fazer nesse momento. 

Se permanecemos como estamos, a próxima variante virá amanhã. Deixar o vírus correr solto só permite o surgimento de mais e mais mutações. É necessário baixar a transmissão e acelerarmos a vacinação, são as vacinas que estão segurando as mortes, segurando os casos graves, segurando novas mutações e será por meio delas que sairemos dessa pandemia. Estamos perto do fim. 

*Integrante da Rede de Médicos e Médicas Populares no Ceará

**Este é um artigo de opinião. A visão do autor não necessariamente expressa a linha editorial do Brasil de Fato.

Edição: Camila Garcia