No último sábado (02), aconteceu o encerramento do curso de Agentes Populares de Saúde do Campo – CE. A turma formou 31 agentes populares de saúde do campo, que tem a tarefa de continuar o acompanhamento e orientação às famílias sem terra de assentamentos e acampamentos nos municípios de Santana do Acaraú, Santa Quitéria, Crateús, Canindé, Amontada, Miraíma, contemplando mais de 700 famílias e aproximadamente 2.500 pessoas.
A atividade aconteceu no Centro de Formação Capacitação e Pesquisa Frei Humberto, em Fortaleza e contou com a participação de representantes dos agentes das brigadas, representantes de alguns parlamentares, Rede de Médicas e Médicos Populares, Fiocruz e militantes do MST.
Fatiele Moura, uma das educandas do curso e agente popular de saúde no Assentamento Bonfim Conceição, em Santana do Acaraú, agradece a Fiocruz, a Rede de Médicas e Médicos Populares e ao Setor de Saúde do MST e destaca. "O curso nos possibilitou realizar diversas ações a partir das formações que tivemos. A gente pôde ir até as famílias orientar, distribuir máscaras e, de certa forma, prevenir o contato com o vírus. Meu sentimento hoje é de gratidão por estar realizando esse trabalho".
Leandro Araújo, médico, militante do MST e membro da Rede de Médicas e Médicos Populares afirma que os movimentos populares, em especial o MST, tem carregado ao longo dos tempos a defesa da vida, da soberania dos povos. “Em momentos como esse é hora de reafirmar os três pilares principais da nossa trajetória: a organização, a formação e a luta, e formar agentes populares é fazer da formação uma prática a partir das necessidades de um povo, olhando para nossos territórios como espaço de vida, de dignidade de liberdade e reafirmar nosso lema de sempre ‘Saúde é a capacidade de lutarmos contra tudo aquilo que nos oprime’”, diz.
Kelha Lima, da direção nacional do MST Ceará explica que a pandemia ainda não acabou. “Nosso desafio é gigante, participar de um momento como esse nos enche de esperança, sabemos o quanto é difícil o acesso a políticas públicas. Nossos agentes populares têm cumprido essa tarefa importantíssima de cuidar do nosso povo, de orientar de buscar saídas para que o vírus não tome conta dos nossos territórios”.
Kelha espera que “essa formação seja apenas um passo para a gente continuar mantendo a nossa existência e resistência. Dias desafiadores ainda nos esperam. Vivemos uma conjuntura de muitos desafios. Aqui fica nossa gratidão por todo esforço desse coletivo de realizar as formações e a prática realizada nos nossos territórios por cada um e cada uma de vocês”.
Durante o ato de encerramento foi apresentado um aplicativo criado a partir das iniciativas de alunos do mestrado em saúde do Programa de Pós-graduação da Fiocruz (Fundação Oswaldo Cruz). O médico Fernando Paixão, mestrando em Políticas Públicas na Fiocruz apresentou a primeira experiência e ressaltou que o aplicativo móvel é para facilitar o trabalho dos agentes populares. De acordo com ele, mesmo em área sem conexão com a internet é possível coletar dados e, a partir da coleta destes dados, ter uma melhor atuação nos territórios em que está sendo desenvolvendo o projeto.
A primeira turma de Agentes de Saúde Populares do Campo é uma organização de alunos do mestrado em Políticas Públicas da Fiocruz, Setor de Saúde do MST Ceará e Rede de Médicas e Médicos Populares.
A 2º Turma de Agentes populares de Saúde do Campo já está em andamento com 50 participantes, abrangendo mais comunidades e novos municípios como Itapipoca, Independência, Ararendá e Trairi. As aulas acontecem no formato virtual pela plataforma zoom, todas as quintas-feiras, das 19h as 21h.
Edição: Francisco Barbosa