Ceará

Covid-19

Comunidade acadêmica repudia fala negacionista do reitor da UFC, Cândido Albuquerque

Cândido disse que possivelmente a universidade não exigirá comprovação de vacina àqueles que retornarem às aulas

Brasil de Fato | Fortaleza (CE) |
A UFC orienta que toda a comunidade acadêmica e a sociedade em geral devem aderir à vacinação contra a covid-19. - Foto: Rodrigo Carvalho / PMF

Em entrevista ao programa multiplataforma Conexão Assembleia, que foi ao ar no último dia 27 de setembro pela FM Assembleia, o reitor da Universidade Federal do Ceará, Cândido Albuquerque informou que possivelmente a universidade não vai exigir comprovação de vacina àqueles que retornarem às aulas presencialmente durante este semestre. De acordo com informações divulgadas no site da Assembleia Legislativa do Estado do Ceará, Cândido explicou que há casos de professores que testaram positivo para covid-19 durante a pandemia, mas que não foram afetados pelos sintomas e “seguem sua vida normalmente”.

Cândido disse que é um direito do professor não querer tomar vacina, e afirmou que "não acredita que será uma única pessoa que colocará todas as conquistas que fizemos durante esse período a perder”.

Em nota divulgada em seu site, o Sindicato dos Docentes das Universidades Federais do Estado do Ceará (ADUFC-Sindicato) diz que, “Ao adiantar que a instituição não deve cobrar comprovante de vacinação aos que queiram retornar às atividades presenciais a partir desta segunda-feira (27/9), soma-se ao coro dos negacionistas, enquanto diversos países avançam em políticas que levem à ampliação da vacinação, tendo em vista tratar-se de uma necessidade para a proteção de todos e todas”. 

Helena Martins, secretária geral da ADUFC-Sindicato afirma que “a fala do interventor é extremamente perigosa neste momento em que o mundo ainda sofre por toda a desinformação associada a pandemia do coronavírus e a toda a mobilização antivacina que tem, inclusive como seu maior representante no Brasil, o próprio Presidente da República, Jair Bolsonaro”. Para ela, ao reduzir a importância da vacinação, tratar como uma decisão individual e voltar a afirmar que a pandemia causa efeitos leves, Cândido, na verdade, está apoiando esse movimento que compromete a saúde da população.

Diante da fala do reitor da universidade onde ele se pronuncia como o “respeito à decisão às pessoas que não se vacinaram”, Heveline Ribeiro, diretora do Sindicato dos Trabalhadores das Universidades Federais no Estado do Ceará (SintUFCE), afirma que o respeito é fundamental em qualquer situação. Isso, de acordo com ela, é um princípio de vida. Ela acredita que todas as pessoas precisam ser respeitadas, de fato, “e é com base nessa situação que nós também queremos chamar a atenção que esse respeito tem que contemplar a situação do coletivo, a tomada de decisão em relação a qualquer situação que envolva respeito tem que mirar o coletivo”. 

Heveline explica que os servidores da Universidade Federal do Ceará estão convocados para o retorno às suas atividades presenciais a partir do dia 1º de outubro. “É importante que esse retorno aconteça de forma segura. Esse é o posicionamento do SintUFCE. Para garantir que as pessoas retornem aos seus ambientes de trabalho de uma forma segura é necessário que se tenha todo um planejamento em função desse retorno”.

Heveline lembra que no Brasil a população não é obrigada a tomar nenhuma dose de nenhuma vacina, porém, segundo ela, “se espera que haja um acordo social e moral onde fica subentendido que é para o bem da nação é para o bem da população que todos devam se vacinar para evitar a proliferação de doenças”. Ela afirma que o SintUFCE não acata, não se submete a essa fala do reitor. “Ao contrário, nós queremos é que todas as pessoas recebam as suas vacinas, que as pessoas sejam esclarecidas e possam se vacinar para o bem comum, para o bem de todos”.

A UFC nos informou que a universidade orienta que toda a comunidade acadêmica e a sociedade em geral devem aderir à vacinação contra a covid-19. “Em janeiro deste ano, inclusive, a Universidade publicou uma carta aberta em apoio à vacinação. Atualmente, todos os profissionais da área de educação já puderam receber sua segunda dose, uma vez que são considerados grupo prioritário no Programa Nacional de Imunizações (PNI). É válido salientar, contudo, que não há orientação do Ministério da Educação (MEC) sobre obrigatoriedade de vacinação para a volta às atividades presenciais”.

Sobre cuidados com a pandemia, a universidade informa que as ações começaram logo após a Organização Mundial da Saúde (OMS) decretar a covid-19 como pandemia, em 11 de março de 2020. Dois dias depois foi instituído o Comitê de Enfrentamento ao Coronavírus para traçar planos e recomendações à administração superior. “O Comitê atuou desde a conscientização para o distanciamento social e cuidados sanitários até a aplicação de mais de 10 mil testes rápidos de detecção de covid na comunidade universitária. A criação do Comitê fez parte de um conjunto de medidas elaboradas pela administração superior para que a Universidade continuasse desenvolvendo suas atividades, a grande maioria de forma remota”.

A UFC afirma que foi a partir das orientações do Comitê, que acompanhava de forma sistemática as determinações das autoridades sanitárias estaduais, que a UFC decidiu pelo início do retorno do trabalho presencial, no formato híbrido, e, posteriormente, autorizou a realização presencial das aulas práticas. “Para o retorno de todas as atividades administrativas presenciais a partir do dia 1º de outubro de 2021, foram considerados tanto o avanço da vacinação no Estado do Ceará como a redução do número de casos e de mortes, como atestam os dados da Secretaria da Saúde do Estado”.

Para receber nossas matérias diretamente no seu celular clique aqui.

Edição: Monyse Ravena