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aumento dos preços

Editorial | Por que o aumento exagerado nos preços dos alimentos?

O preço do óleo de soja subiu 87,89%, o arroz ficou 69,80% e a batata passou a custar 47,84% a mais.

Brasil de Fato | Fortaleza (CE) |
A alta de alimentos no Brasil fica ainda maior com a alta das commodities que, para o agronegócio, é mais vantajoso exportar do que vender para o mercado interno. - Tânia Rêgo© /Agência Brasil

Ir ao mercado fazer as compras não tem sido nada fácil para o povo brasileiro, os preços dos itens básicos da alimentação estão cada vez mais caros.

Segundo dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), a inflação começou a registrar um aumento gradual com a distribuição do auxílio emergencial em 2020. Desde então, o preço do óleo de soja subiu 87,89%, o arroz ficou 69,80% e a batata passou a custar 47,84% a mais. 

Para explicar esse aumento exagerado é necessário compreender algumas causas estruturais na agricultura brasileira. Nos últimos anos a maior parte das áreas foram sendo apropriadas pelo agronegócio, que não produz alimentos, e sim commodities, que são produtos e tem o seu preço ditado em bolsas de valores. Ou seja, o que determina o preço do produto não é o custo de produção e a sua margem de lucro, mas o valor que é dado nas bolsas de valores.

Isso fez com que as áreas cultivadas com os alimentos que vão para a mesa do povo fossem paulatinamente decrescendo. Vale salientar que 70% dos alimentos que vão para a mesa do povo é produzida pela agricultura camponesa familiar. 

Paralelo a isso, todas as políticas agrícolas (ainda que limitadas) de segurança alimentar adotadas nos governos de Lula e Dilma, que subsidiava a produção e circulação da agricultura camponesa familiar foram desmontadas após o golpe contra a presidenta Dilma, com isso, a maioria dos produtos passou a ser controlado pelo mercado oligopolizado que é quem dita as regras do mercado.

Com o surgimento da pandemia e as restrições a nível mundial, alguns países produtores de grãos, principalmente de arroz, passaram a restringir sua exportação para abastecer o mercado interno, fazendo com que faltasse arroz no mercado internacional. Somando-se a isso vem a desvalorização do real em comparação ao dólar e os produtores de commodities veem que é mais vantajoso exportar do que vender para o mercado interno, pois as commodities exportadas geram lucro por serem cotadas em dólar.

Assim, essa alta de alimentos no Brasil fica ainda maior com a alta das commodities que, para o agronegócio, é mais vantajoso exportar do que vender para o mercado interno.
 
Uma das saídas mais emergencial para essa crise seria adotar políticas públicas de valorização e apoio à agricultura camponesa familiar, que é quem produz alimentos para a mesa do povo brasileiro e não está na lógica do preço do mercado internacional, mas está à mercê das grandes empresas oligopolistas que é quem controla os estoques e os preços. 

Tudo isso mostra que a questão agrária no Brasil não só continua atual, mas afeta toda a população brasileira. Uma solução para resolvê-la de forma mais estrutural seria alterar a estrutura fundiária do país mediante a realização de uma Reforma Agrária.

Edição: Francisco Barbosa