O Guia Alimentar para a População Brasileira é uma publicação do Ministério da Saúde e teve sua primeira edição apresentada em 2006 seguindo orientações da Organização Mundial da Saúde (OMS) para que os governos produzissem e oferecessem à população informações acessíveis sobre alimentação saudável, considerando os aspectos da cultura alimentar local.
Em 2015, foi lançada a segunda edição do referido Guia. Esta edição traz informações claras sobre os princípios, a escolha dos alimentos, a alimentação da população brasileira segundo a Pesquisa de Orçamentos Familiares (POF) do IBGE (2008-2009), o ato de comer, a compreensão e a superação de obstáculos, além dos dez passos para uma alimentação adequada e saudável e, como se deu o processo de elaboração desta edição do guia.
A elaboração do Guia Alimentar para População Brasileira tem como base cinco princípios: Alimentação é mais que ingestão de nutrientes; recomendações sobre alimentação devem estar em sintonia com seu tempo; alimentação adequada e saudável deriva de sistema alimentar socialmente e ambientalmente sustentável; diferentes saberes geram o conhecimento para a formulação de guias alimentares e; guias alimentares ampliam a autonomia nas escolhas alimentares.
Esses princípios trazem a dimensão intersetorial que abrange o tema da alimentação e nutrição adequadas e saudáveis, bem como fortalece as estratégias para uma efetiva educação alimentar, o que torna o guia um instrumento rico em orientações, recomendações e informações. Contribui para que a população observe a diversidade de alimentos que é produzida, valorize o que é produzido em cada local ou região, tenha o despertar da curiosidade para aprender onde e como é produzido o que chega até o prato e quais as formas de combinação entre os mesmos, de modo a se ter uma alimentação nutritiva que propicie a manutenção da saúde e a prevenção de enfermidades.
Outro ponto abordado pelo Guia é a recomendação para que a população consuma comida de verdade, isto é, alimentos in natura, que são aqueles que se consome direto da fonte produtora, quer seja de plantas ou de animais e que não passaram por alteração como acontece com os alimentos vindos das indústrias. Alimentos minimamente processados são consumidos in natura e passaram por limpeza, remoção das partes que não comemos, por moagem, secagem, fermentação, pasteurização, refrigeração, congelamento. Mas neles não foi adicionado açúcar, sal, óleos, gorduras ou outros componentes e são também recomendados pelo guia.
O Guia Alimentar descreve que os “alimentos ultraprocessados são formulações industriais feitas inteiramente ou majoritariamente de substâncias extraídas de alimentos (óleos, gorduras, açúcar, amido, proteínas) derivados de constituintes de alimentos (gorduras hidrogenadas, amido modificado) ou sintetizadas em laboratório com base em matérias orgânicas como petróleo e carvão (corantes, aromatizantes, realçadores de sabor vários tipos de aditivos usados para dotar os produtos de propriedades sensoriais atraentes).”
Pela descrição acima, dá para ver que os ultraprocessados prejudicam a saúde e estão por toda parte à vista da população, uma vez que a indústria de alimentos se utiliza de campanhas publicitárias sobre esses produtos de forma massiva e, muitos deles, tem preço ao alcance das populações de baixa renda e sem informação sobre o perigo desses produtos para a saúde.
É fundamental que a sociedade tenha conhecimento sobre o Guia Alimentar para a População Brasileira, se aproprie de suas orientações e informações, para fazer mudanças no seu padrão alimentar, valorizar as feiras, os mercados, a agricultura familiar na produção da nossa comida, entender que as pessoas e o meio ambiente ficam melhor quando descascamos mais e desembrulhamos menos.
Para baixar o guia, clique aqui.
*Diretora Adjunta do Centro de Pesquisa e Assessoria - Esplar e presidenta do Conselho de Segurança Alimentar e Nutricional - Consea Ceará
**Este é um artigo de opinião. A visão do autor não necessariamente expressa a linha editorial do Brasil de Fato.
Edição: Francisco Barbosa