A discriminação de gênero e de raça são componentes estruturantes que estão presentes na realidade brasileira desde sua formação sócio-histórica, econômica e cultural. Uma parcela considerável da população é constituída por mulheres negras, que, ao longo da história, foram silenciadas, exploradas, negligenciadas socialmente e enfrentam problemas semelhantes ate os dias atuais, quando analisados fatores como: taxa de homicídios, inserção no mercado de trabalho, disparidade salarial, desemprego e a falta de representatividade política.
Consequentemente, o racismo e a misoginia condenaram as mulheres negras a uma condição de marginalização social, tornando-as mais vulneráveis quando analisados os fatores acima citados. A sociedade brasileira, assim, estruturou-se em sistemas de opressão e institucionalizou práticas discriminatórias.
As mulheres negras tiveram que, historicamente, lutar, resistir e unir suas dores em um grande movimento frente a um sistema patriarcal e racista que insiste em invisibilizá-las por meio da violência física ou negar-lhes direitos fundamentais.
No curso desta narrativa histórica, nos anos 1990 iniciou-se na América Latina e no Caribe uma importante articulação das mulheres negras, pactuando enquanto estratégia política a construção do feminismo negro em caráter mundial. O 1º Encontro de Mulheres Negras da América Latina e do Caribe levou a Organização das Nações Unidas (ONU) a reconhecer o dia 25 de julho como o dia Internacional da Mulher Negra Latino Americana e Caribenha.
No Brasil, o 25 de julho foi oficializado em 2014 quando a então presidenta Dilma Rousseff sancionou a lei nº 12.987 e decretou o dia nacional de Tereza de Benguela e da Mulher Negra. Desde então, as mulheres tem se mobilizado e saído às ruas nesta data levantando bandeiras importantes como o combate ao racismo, à violência domestica, o genocídio da população negra e contra os retrocessos que estão em avanço no país.
A atual conjuntura brasileira levou as forças populares a retomarem um importante processo de mobilização. Realizado na véspera do 25 de julho, as Mulheres Negras saíram a frente no ato do #24J em todo o Brasil, constituindo uma grande marcha de resistência e denunciando a política neofascista e racista do governo Bolsonaro. O mês de julho passou a ser o mês das Pretas com suas lutas e reivindicações para dar continuidade a sua existência enquanto sujeitas históricas e de direitos.
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Edição: Monyse Ravena