Ceará

Covid-19

Mesmo com a reabertura, feirantes e ambulantes revelam dificuldades na geração de renda

Avanço da vacinação é esperança para retomada das vendas.

Brasil de Fato | Crato (CE) |
Em 2020 as feiras públicas de Crato, na região do Cariri cearense, ficaram alguns meses totalmente fechadas. - Foto: Lívio Pereira

A pandemia da covid-19 afetou a vida de todas as pessoas, mas particularmente a vida de feirantes, vendedores ambulantes e trabalhadores autônomos que tiveram sua rotina modificada. Em 2020 as feiras públicas de Crato, na região do Cariri cearense, ficaram alguns meses totalmente fechadas. A única fonte de renda para alguns desses trabalhadores era o auxílio emergencial, que na época era de R$ 600 e depois foi reduzido para R$ 300. Já em 2021, o tempo de fechamento foi menor, porém vários desses trabalhadores perderam o auxílio, que já havia sido reduzido para R$ 250.

“Passamos três meses em casa sem trabalhar, foi meio difícil, mas passamos. A renda caiu um pouco, mas deu para levar, foi difícil, mas deu certo” explica Maria Bezerra, que é feirante na Central de Abastecimento Walter Peixoto. Ela nos fala como ficou o trabalho nos momentos em que a Central ficou fechada “nós ficamos vendendo no delivery, quando aparecia algum cliente a gente fazia por delivery.”

Muitos desses trabalhadores se reinventaram como puderam. Alguns começaram a vender suas frutas e legumes na porta de casa, fazer entrega em domicílio para clientes fixos e outros até adentraram o universo das redes sociais com a ajuda de filhos e outros parentes.

“Eu acho que vai ficar melhor pra todo mundo, apesar da doença grande aí vai ficar melhor devido todo mundo estar se vacinando” afirma Maria Bezerra que já tomou sua primeira dose. Quanto as vendas ela conta que já melhorou bastante em relação ao piores momentos da crise sanitária, mas que ainda tem pouco movimento no mercado.


Muitos desses trabalhadores se reinventaram como puderam. Alguns começaram a vender suas frutas e legumes na porta de casa, fazer entrega em domicílio. / Foto: Lívio Pereira

Os mercados que costumeiramente são lugares que juntam muita gente, seja por todos os trabalhadores que colocam os mercados pra funcionar – feirantes, carregadores, motoristas, cozinheiros, ambulantes – seja pelas pessoas que passam para comprar algum item que esteja faltando em sua casa, passaram por um momento difícil ao terem que fechar suas bancas. Muita comida se estragou e poucos conseguiram se adaptar a nova condição.

Roseane Dutra que também é feirante na Central Walter Peitoxo compartilha como foi a pandemia para ela e sua família, “ela foi ruim, porque assim, nós ficamos muito tempo em casa. Nós voltamos tem uns três meses” e completa com esperança “assim, foi ruim, mas tem seu lado bom que a gente não contraiu a doença.”

“Na realidade eu sobrevivi só com o auxílio. Com o auxílio deu pra levar, empurrar com a barriga, por que não tinha como trabalhar” explica Roseane que comemora a vacinação que começa a acelerar “tá avançando muito graças a Deus, tem que só agradecer né, eu mesmo tenho 42 anos e já tomei minha primeira dose. Eu digo que vai melhorar e é muito.”

Maria Ivonete, costureira vendedora de roupas, tem um ponto no Shopping Popular do Crato, antigo camelódromo que hoje tem estrutura de mercado’, ela conta que “está indo aí da maneira possível, porquê tá difícil pra todo mundo. Além disso a gente não conta com nenhuma ajuda de ninguém do poder público para ajudar nós empreendedores. Eu sinto que assim, nessa pandemia a gente sofreu porquê ficou muito tempo sem trabalhar.”


"Ainda tem que ter esse cuidado de usar máscara, de ter o distanciamento social, usar álcool em gel, mas a vacina é uma porta que abre para a gente do comércio". / Foto: Lívio Pereira

“Na primeira fase a gente ficou seis meses sem trabalhar e nessa segunda fase já foi menos, foram dois, mas foi um peso muito grande para nós, para nossa economia. A gente sente falta de ajuda das pessoas do poder público, assim, tem muita ajuda, tem muita coisa nas redes sociais, nos jornais para ajudar as pessoas de baixa renda e tudo, mas o pessoal trabalhador, empreendedor igual a nós, que a gente trabalha e paga nossos impostos, não foi visto como alguém que necessitava de ajuda. Eu mesma me sinto esquecida nesse ponto, porque nós somos trabalhadores que de repente ficamos sem nossas rendas, porque a gente só tem renda se a gente trabalhar. Se a gente não trabalhar a gente não tem renda” desabafa Ivonete.

Ivonete fala que as vendas ainda estão bem fracas, mas que os clientes estão começando a voltar, o que está segurando sua renda são os reparos de roupas, porquê inclusive seu auxílio emergencial foi cortado esse ano. Ela que já recebeu a primeira dose da vacina, olha com otimismo para a vacinação e explica que “ajuda porquê as pessoas perdem um pouco do medo de sair na rua, de se aproximar das pessoas” mas completa com cautela “só que eu entendo que a vacina não é eficaz totalmente pra você dizer ‘eu tomei a vacina e agora fiquei livre’, ainda tem que ter esse cuidado de usar máscara, de ter o distanciamento social, usar álcool em gel, mas a vacina é uma porta que abre para a gente do comércio, por que as pessoas perdem o medo de vir.”

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Edição: Monyse Ravena