Ceará

Justiça

Violência contra mulher: movimentos feministas pedem justiça em caso envolvendo DJ Ivis

Uma manifestação está prevista para acontecer em Fortaleza nesta quarta-feira (14).

Brasil de Fato | Fortaleza (CE) |
Em seu perfil oficial nas redes sociais, a Casa da Mulher Brasileira, gerida pelo Governo do Ceará, informou que “prestará todo o apoio necessário a Pamella Holanda. - Foto: Rovena Rosa/Agência Brasil

Mais um caso de violência contra a mulher causa indignação, desse vez as imagens divulgadas na internet mostram o DJ Ivis agredindo a ex-companheira, Pamella Holanda. Para Letícia Vasconcelos, do setor de mulheres do Levante Popular da Juventude o caso é um reflexo da nossa sociedade que ainda tem muito que evoluir no combate ao machismo e a violência contra a mulher. “Apesar de existirem leis e políticas públicas em defesa da mulher, vemos casos de violência que a punição não foram aplicadas, como o caso Mari Ferrer”. Além disso, de acordo com ela, o debate sobre a violência contra a mulher e o feminicídio se tornaram ainda mais recorrentes na pandemia aliado à sobrecarga das mulheres nesse período”.

Vanda Souto, professora, pesquisadora e militante Feminista da Setorial de Mulheres Rosa Luxemburgo do PSOL explica que um dos efeitos mais perversos do confinamento social, exigido nos tempos de pandemia, é o crescimento da divulgação dos crimes contra a mulher no espaço doméstico. “Os números são assustadores e devem deixar de ser lidos como estatística. Os fatos, de tão graves, devem acionar nossa sensibilidade de classe exigindo a punição destes facínoras desvestidos de qualquer humanidade”.

Sobre o caso de agressão citado acima, Vanda afirma que este caso não é específico e deve ser corretamente enquadrado nessa longa e secular teia de injustiça cotidiana praticada contra as mulheres, seja na vida privada, no mundo do trabalho, ou no espaço público, e afirma que é obrigação do Estado, em todas as esferas, o apoio concreto aos casos diários de violência contra as mulheres, principalmente as mulheres pobres. “Entretanto, a principal rede deve ser aquela que se forja na luta cotidiana de enfrentamento a violência do patriarcado e do capital”.

Sobre as imagens divulgadas, Vanda afirma que o sentimento que fica é de indignação e revolta, principalmente diante de uma provável “certeza de impunidade por parte do agressor”. Ela ressalta que “Apavorante também na cena é a presença de um outro homem, impassível diante da brutalidade do agressor. As imagens replicadas aos milhares devem funcionar concretamente como a prova material e ideológica da agressão. Veja-se a desfaçatez do agressor requerendo a justiça a eliminação das imagens”, e espera que a justiça seja feita.

Já Letícia diz que “a revolta surge com força! Além de a gente se sentir muito impotente nessas situações, principalmente por saber que pode acontecer com qualquer uma de nós, e nem sempre temos algo que nos resguarde ou proteja, um dos elementos mais chocantes é ver que a violência que ela sofreu além de ter sido registrada também foi presenciada por outras pessoas que, ou não faziam nada, ou sentiam medo de fazer algo”.

Manifestação

Em Fortaleza está sendo organizado um ato que acontecerá nesta quarta-feira (14), a partir das 10h da manhã, na Praça da Imprensa, localizada no bairro Dionísio Torres.

Apoios

O caso ganhou repercussão na internet. A Vereadora Larissa Gaspar (PT) divulgou uma nota em seu perfil em apoio à Pamella Holanda onde diz “A luta é pela vida das mulheres!!! Cabe aos poderes públicos, sociedade e cada um de nós agir para eliminar a violência doméstica!!” 

O prefeito de Fortaleza, José Sarto (PDT) também usou seu perfil nas redes sociais para manifestar apoio à Pamella. “A violência contra a mulher é inadmissível e se torna ainda mais cruel e repugnante na presença de filhos. Minha solidariedade à Pamella Holanda e a todas as mulheres que lamentavelmente sofrem com a violência doméstica. Determinei ao secretário de Direitos Humanos e Desenvolvimento Social, Cláudio Pinho, que acompanhe o caso e ofereça assistência”.

Em seu perfil oficial nas redes sociais, a Casa da Mulher Brasileira, gerida pelo Governo do Ceará, informou que “prestará todo o apoio necessário a Pamella Holanda diante da inaceitável situação de violência sofrida por ela e sua filha de nove meses, praticada por seu ex-marido, conhecido como DJ Ivis”. Na Casa, a mulher pode denunciar qualquer tipo de violência doméstica, seja ela física, moral, psicológica, patrimonial e sexual.

A Casa da Mulher Brasileira fica na Rua Tabuleiro do Norte, s/n, bairro Couto Fernandes, em Fortaleza. O telefone é (85) 3108 2992. 

Edição: Monyse Ravena