A história do Brasil exibe marcas da exploração de nossos minerais, sempre atendendo aos anseios do capital internacional. No cenário atual, a mineração ainda é um alvo forte, com a narrativa do desenvolvimento econômico e do progresso associado às promessas de geração de empregos e de melhorias de vida, ocultando as contradições da imposição desta lógica de desenvolvimento em diversos territórios, gerando profundas e desastrosas transformações ambientais, culturais e sociais que, na maioria das vezes, impactam negativamente sobre a agricultura, o meio ambiente e a saúde da população.

Nesse sentido, afirmamos que a expropriação dos minerais, tem modificado as relações sociais e de poder dentro dos territórios camponeses e isso tem gerado mais pobreza para aqueles que vivem da produção camponesa e concentrado mais riqueza em torno das empresas capitalistas.

A forma como as empresas mineradoras chegaram ao sertão cearense e, desrespeitosamente, iniciou a extração de mineração de ferro, bem como, a tentativa da extração do urânio, sem fazer qualquer dialogo com as comunidades camponesas que são diretamente atingidas, nos faz refletir que o modelo de mineração vigente no Brasil não rima com sustentabilidade territorial dado o seu caráter predatório e espoliador da natureza, causando impactos socioambientais irreversíveis. No caso da tentativa de exploração de Urânio em Santa Quitéria, os camponeses expressam a sua recusa a este projeto por se tratar da extração de um mineral com alto teor de radiatividade, pondo em risco, não só a cultura e o modo de vida da população camponesa, mas a vida de toda a população que está nos municípios de entorno da mina.

Portanto, a extração do minério de ferro e tentativa de extração de urânio, se instaurou um conflito entre os camponeses e as empresas mineradoras. Assim sendo, presenciamos a luta entre dois projetos antagônicos que passa pela disputa do território: Uma luta pela consolidação do campo como lugar de vida, de produção de alimentos saudáveis do território camponês e outro representando os interesses do capital.

Edição: Francisco Barbosa