Todos os anos, na época mais quente, retornam com mais força aos postos de saúde e hospitais os casos de dengue, chikungunya e Zika. Todas essas doenças, também chamadas de arboviroses urbanas, são causadas pelo mosquito Aedes aegypti, que se reproduz em água parada em recipientes de plantas, caixas d’água destampadas, pneus e outros materiais que comportem água. O médico Diego Vieira atua no programa Mais Médicos e como plantonistas em UPAs na capital cearense, ele relata estar atendendo muitos casos de dengue. O médico explica que a “dengue é uma endemia cíclica e estamos em um período de pico de casos, suspeitos e confirmados”.
“Arboviroses são síndromes febris e febre também é um dos principais sintomas de covid, que é uma síndrome respiratória. Isso é um desafio diagnóstico” fala Diego, que complementa “quando o paciente febril, prostrado, chega para a consulta eu tenho que levar em consideração que pode ser dengue, covid ou até uma coinfecção de ambas”. Desde o ano passado, por causa da crise sanitária mundial da covid-19 o Ministério da Saúde, através da Coordenação Geral de Vigilância de Arboviroses (CGARB), orientou a suspensão temporária do Levantamento Rápido de Índices para Aedes aegypti, desde 2020 até o momento. Essa orientação se deu para evitar o contato de agentes de endemias com a população, dado o caráter de seu trabalho, no entanto a falta de dados sobre os focos de criação do mosquito podem dificultar a geração de políticas públicas e programas de conscientização para combater a sua proliferação.
Segundo dados do Boletim Epidemiológico de Arboviroses Urbanas Nº 1 da Secretaria de Saúde do Ceará, publicado dia 19 de abril desse ano, apenas 16,30%, ou seja, 30 dos 184 dos municípios cearenses realizaram o primeiro Levantamento Rápido de Índices para Aedes aegypti de 2021. Ainda segundo o Boletim, até a data de publicação do informativo já haviam sido notificados 4.172 casos de dengue, que é principal das arboviroses, no Sistema de Informação de Agravos de Notificação (Sinan), sendo 34,2% (1.432) confirmados e 40,6% (1.696) descartados.
No caso de uma pessoa que teve recentemente dengue ou uma outra arbovirose, não há, até então, contraindicação quanto a vacinação contra covid-19, salvo quando a pessoa estiver ainda com febre. Os sintomas para dengue, segundo o Boletim, são: febre, usualmente entre dois e sete dias, e apresente duas ou mais das seguintes manifestações – náuseas, vômitos, exantema, mialgia, artralgia, cefaleia, dor retro orbital, petéquias, prova do laço positiva ou leucopenia. Ao surgirem sintomas a orientação é procurar atendimento médico.
Tentamos contato com a Secretaria de Saúde do Ceará por telefone para mais orientações sobre como proceder em casos de arboviroses e em quadros de coinfecção com covid, assim como o programa de imunização para esses caos, mas até o fechamento da matéria não obtivemos retorno.
Edição: Monyse Ravena