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A Palestina é aqui

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Dois casos recentes de extrema violência têm atraído os olhares de todo o planeta. A chacina de Jacarezinho e os ataques do exército de Israel ao povo palestino. - Foto: Roberto Parizottim / Fotos Públicas
Palestina tem perdido paulatinamente suas faixas de terra determinadas pela ONU.

Dois casos recentes de extrema violência têm atraído os olhares de todo o planeta. A chacina de Jacarezinho, cometida pela política civil do Rio de Janeiro e os ataques do exército de Israel ao povo palestino. Não se tratam de guerras contra o tráfico e contra o terrorismo, respectivamente, como são veiculadas pela grande imprensa e pelo jornalismo conservador, mas sim, de massacres desmedidos por parte de forças regulares de repressão contra territórios vistos como alvos a serem eliminados.

Desde a criação do Estado de Israel, após a segunda guerra mundial, a Palestina tem perdido paulatinamente suas faixas de terra determinadas pela Organização das Nações Unidas (ONU) em 1947, a partir de inúmeras ofensivas militares israelenses com o apoio direto dos EUA e omissão de quase toda a comunidade internacional. No quadro abaixo conseguimos observar essa evolução.


Palestina tem perdido paulatinamente suas faixas de terra determinadas pela Organização das Nações Unidas (ONU). / Imagem: Blog Nocaute

Na capital fluminense, uma disputa encarniçada entre facções do crime organizado e grupos milicianos, têm se intensificado na última década. Tendência, vale frisar, que se alastra Brasil afora. Com o apoio de partidos e lideranças de direita e a omissão do poder estatal, as milícias cariocas controlam hoje parte considerável da cidade, aproximadamente 25,5% dos bairros, onde vivem cerca de 2,1 milhões de pessoas. Já as áreas comandadas por traficantes, somam cerca de 1,5 milhão de habitantes em 55 bairros, como vemos no mapa a seguir.


Na capital fluminense, uma disputa encarniçada entre facções do crime organizado e grupos milicianos, têm se intensificado na última década. / Imagem: Instituto de Segurança Pública - ISP

Sob o pretexto de proteção às ações armadas do Hamas (grupo que governa a Faixa de Gaza),  Israel promove uma campanha permanente de expulsão dos palestinos de centenas de cidades e aldeias, anexando áreas estratégicas e sagradas, para os muçulmanos, ao domínio israelense, desrespeitando tratados e resoluções internacionais que mediam conflitos e crises humanitárias. 

Essa é praticamente a mesma justificativa utilizada pelo Estado brasileiro para atuar de forma truculenta nas periferias urbanas. No Rio de Janeiro, para combater o Comando Vermelho, os Amigos dos Amigos e o Terceiro Comando, vale tudo! Já contra as milícias, a história é outra. Vários levantamentos apontam para inexistência ou parcimônia de ações policiais em territórios por elas controlados. Mera coincidência? Outro agravante é a relação promíscua entre esses grupos paramililares e a família Bolsonaro, conhecida por empregar e condecorar suas lideranças e parentes.

Lá e cá, essas intervenções com faixada de legalidade e legitimidade, acabam se naturalizando ao longo do tempo. As mortes de inocentes e a execução de suspeitos são baixas normais de uma guerra do bem contra o mal, como cinicamente insistem em seus discursos maniqueístas e racistas. Parafraseando o mestre Caetano, não importa se olhos do mundo inteiro possam estar por um momento voltados para o largo, ninguém é cidadão em Jacarezinho e na Palestina.

Artigo livremente inspirado na música Haiti, de Caetano Veloso, 1993.

Edição: Monyse Ravena