O Ceará registrou 112 assassinatos contra crianças e adolescentes nos três primeiros meses de 2021, o que representa uma média de 1,2 adolescentes mortos por dia no Estado ou 12 mortes a cada10 dias. Em comparação ao mesmo período do ano passado, 2021 apresentou redução de 32,5% em relação à letalidade de crianças e adolescentes. Contudo, o primeiro trimestre de 2020 coincide com o período de motim de policiais militares em fevereiro de 2020, quando foram registrados altos índices de violência letal no Ceará.
Comparando o primeiro trimestre de 2021 com o mesmo período em 2019, há tendência atual de aumento de homicídios: alta de 93% no número de homicídios contra pessoas de 0 a 18 anos.
O acompanhamento mensal feito pelo Centro de Defesa da Criança e do Adolescente (CEDECA Ceará), com base nos dados da Secretaria de Segurança Pública e Defesa Social (SSPDS), mostra que o contexto de assassinatos de crianças e adolescentes no Ceará se agravou de maneira significativa no período de isolamento social, em decorrência da pandemia da Covid-19.
Comparação com pandemia
A comparação dos dados de letalidade por homicídios com os números de mortes de crianças e adolescentes no Ceará por covid-19 aponta que o estado apresenta um quadro de epidemia de mortes violentas contra essa população.
De acordo com dados do Boletim Epidemiológico 13 - Doença pelo novo Coronavírus (COVID-19), lançado em 08/04/21 pelo Governo do Ceará, foram 42 mortes de crianças e adolescentes (0-19 anos) registradas no Ceará de janeiro a 06/04 em 2021.
Ou seja, a morte por homicídio é 2,6 vezes mais letal que a morte por covid-19 entre crianças e adolescentes no Ceará.
Capital
Em Fortaleza, os dados indicam que houve uma redução de 29,6%, no 1° trimestre de 2021 em relação ao 1° trimestre de 2020, passando de 54 homicídios para 38, no entanto, apresenta 111% de aumento em relação ao mesmo período de 2019, que registrou 18 ocorrências.
Fatores
A falta do espaço escolar, o contexto de acirramentos dos confrontos territoriais, o acesso precário a políticas socioassistenciais e a falta de ações coordenadas e específicas para o enfrentamento de homicídios de crianças e adolescentes, aprofundaram um contexto que já era preocupante antes do cenário de pandemia
Edição: Monyse Ravena