Em maio de 2020 o povo Tremembé da Barra do Mundaú, localizado no município de Itapipoca – CE, implantou uma barreira sanitária em seu território com monitoramento 24 horas, com o objetivo de proteger o território da pandemia da covid-19. Mas na noite do último domingo (21), a barreira foi incendiada, mas ninguém se feriu no ocorrido. De acordo com informações divulgadas nas redes sociais do Povo Tremembé da Barra do Mundaú, até o momento não se sabe quem foram os autores do crime.
Erbene Tremembé, liderança da comunidade indígena, explica que após o ocorrido, o clima no local ficou tenso. Ela acredita que a ação teve o intuito de prejudicar e intimidar a comunidade após o anúncio de que os trabalhos na barreira iriam se intensificar nos feriados, para evitar aglomeração nas terras indígenas. “A gente tinha se manifestado que a gente iria ficar lá nos feriados se continuasse aglomeração dentro das aldeias, a gente tinha comunicado e, diante disso, nós acreditamos que a causa da queima dessa barraca foi essa, para que a gente não pudesse está fechando novamente a aldeia contra a entrada de pessoas de fora. Não haveria outro motivo. Há quanto tempo a barraca está lá e ninguém queimou?”.
Erbene informa que o poder público já foi acionado, mas que até momento ainda não tiveram resposta em apoio. “No momento que a gente está encaminhando os documentos tanto para a Funai como para o Ministério Público pedindo apoio aos órgãos”. Segundo informações veiculadas nas redes sociais do Povo Tremembé da Barra do Mundaú, nesta terça (23), uma equipe da Polícia Militar de Itapipoca-CE esteve no local para realizar a averiguação do ocorrido. "Averiguamos a situação, colhemos informações com os moradores locais que presenciaram o incêndio e a gente vai fazer o relatório enviar para o comando e de lá vão ser tomadas as providências cabíveis", afirmou um representante da Polícia Militar, de acordo com a nota.
“Precisamos do apoio da comunidade geral, do apoio do poder público municipal, estadual e federal. Todos os apoios que a gente puder ter da Justiça, da Funai, é importante nessa causa no nosso território, um território indígena, uma área da União. Ela precisa ser protegida e nós sozinhos, enquanto indígenas, não podemos proteger sozinhos, nós precisamos do apoio da Justiça”, diz Erbene.
Os trabalhos de reconstrução da barreira sanitária já foram retomadas e Erbene acredita que até o final dessa semana ela esteja pronta novamente.
Edição: Vanessa Gonzaga