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Saúde

Médicos cearenses lançam manifesto em defesa da vida, da ciência e do SUS

Até o momento, mais de 900 médicos cearenses assinaram o manifesto.

Brasil de Fato | Fortaleza (CE) |
"O Governo Federal não tem apontado, diante da crise sanitária, um caminho que possa diminuir os adoecimentos e o número de mortes por conta da covid-19". - Foto: Prefeitura de Fortaleza

Rede Nacional de Médicas e Médicos Populares, a Associação Brasileira de Médicos Pela Democracia e o Coletivo Rebento lançaram no dia 16, o “Manifesto dos Médicos Cearenses em defesa da vida, da ciência, do SUS”, que até o momento já conta com o apoio de mais de 900 médicos do estado.

Leandro Araújo, integrante da Rede Nacional de Médicas e Médicos Populares, explica que o objetivo é mostrar para a sociedade, para outras categorias de profissionais e ao povo que existem médicos e médicas que defendem a vida, a ciência e o SUS e são contrários a forma como vem sendo conduzida a política do atual Governo Federal, que de acordo com o médico, é uma política onde se tem negado a ciência.

Para Leandro, o Governo Federal não tem apontado, diante da crise sanitária, um caminho que possa diminuir os adoecimentos e o número de mortes por conta da covid-19. Como exemplo ele cita que o governo vem negando as vacinas. “Isso é importante a gente frisar, porque as vacinas hoje estão, inclusive, escassas para compra e, até mesmo para poder fabricar aqui no Brasil devido a matéria-prima que vem de outro país. Se o Governo Federal tivesse agido de forma precoce, também nesse caso, talvez hoje a gente tivesse um maior número de pessoas vacinadas. Nós temos uma lentidão na vacinação também e é por isso que a gente faz um manifesto, para poder fazer uma denúncia da situação e apontando que existem profissionais da saúde, médicos que defendem um outro projeto, uma outra proposta, uma outra visão para o enfrentamento dessa pandemia”.

Leandro informa que os médicos defendem que nessa crise sanitária o governo possa estar à frente, através do Ministério da Saúde conduzindo e orientando os caminhos em vista da ciência e do SUS, com a melhoria do atendimento na rede hospitalar, na atenção primária e também com medidas efetivas como o distanciamento social mais restrito em muitos lugares, como forma de diminuir a circulação de pessoas.

O médico também aponta que o Auxílio Emergencial é fundamental, já que pode garantir que grande parte da população fique em casa. “Tem que ter medidas econômicas do Estado para garantir que população também possa ter a sua tranquilidade em fazer um isolamento social adequado e sem passar fome”, afirma.

As reinvindicações apontadas no manifesto englobam diversas frentes: “Precisamos urgentemente de uma saída humanitária para essa grave crise! É fundamental garantir que a maior parte da população seja vacinada de forma rápida para impedir nova onda de casos. É necessário o isolamento social, para diminuir as mortes enquanto a vacina não chega a mais gente. É vital o auxílio emergencial em valor condizente com a dignidade”.


"Nós temos uma lentidão na vacinação também e é por isso que a gente faz um manifesto, para poder fazer uma denúncia da situação". / Foto: Ascom Íris e Thiara Montefusco / GOVCE

Nota pró-Bolsonaro

Também no dia 16, foi publicada uma nota de médicos cearenses em apoio ao governo do presidente Bolsonaro com o título “Manifesto dos médicos cearenses em prol do Brasil”. Leandro informa que cerca de 200 médicos cearenses assinaram a nota e que realmente se mostraram a favor da política do Governo Federal na qual, de acordo com ele, existe uma grande discordância da grande maioria dos médicos do estado do Ceará e do Brasil. Ele fala um pouco sobre a repercussão da nota “Podemos dizer que a repercussão disso é que nos deixa bastante preocupados e tristes de ver que tem colegas que defendem a situação caótica em que está o país, apoiando o grande responsável por essa situação do atraso das vacinas”.

Para ele, a nota mostra que existem médicos que vão contra aquilo que a ciência tem se mostrado até agora, contra, inclusive, aos princípios da própria vida “quando você defende quem está produzindo uma necropolítica no nosso país, quem está produzindo situações que levaram o nosso país a ser o epicentro da pandemia com mais de três mil mortos nas últimas 24h e mais de 280 mil pessoas ao total desde o início da crise sanitária no país”, ele afirma que “é vergonhoso, na minha opinião, que se tenha profissionais que realmente concordem com esse tipo de condução do enfrentamento à crise sanitária no nosso país. É importante a gente frisar que temos grandes números de médicos que discordam”.

Em defesa da vida, da ciência e do SUS

“O nosso manifesto não para de crescer, médicos e médicas aderindo, dizendo que não essa é a política que a gente defende”, afirma Leandro. A adesão ao manifesto ainda pode ser feita nos sites dos movimentos que estão na organização desse manifesto: Rede Nacional de Médicas e Médicos Populares, a Associação Brasileira de Médicos Pela Democracia e o Coletivo Rebento.

Confira o manifesto completo aqui.
 

Edição: Vanessa Gonzaga