Uma tubulação rompeu na Barragem de Atalho no município cearense de Brejo Santo na tarde da segunda-feira (09), três trabalhadores que realizavam testes no sistema da barragem morreram e um está em estado grave, 20 pessoas trabalhavam no local no momento do rompimento. Segundo nota oficial do Ministério do Desenvolvimento Rural (MDR), as causas do acidente ainda estão sendo apuradas.
Localizada no Sul do Ceará, a barragem é a segunda que recebe as águas da transposição do Rio São Francisco no estado, a primeira a receber foi a barragem de Jatí, que em agosto de 2020 que teve um duto rompido desalojando duas mil pessoas que residiam no entorno da instalação. O Movimento dos Atingidos por Barragens (MAB) tem acompanhado a situação das famílias que vivem nas proximidades das barragens no Ceará. Samuel Oliveira, dirigente estadual do movimento, relata que as famílias que moram abaixo das grandes barragens vivem com constante medo e sem informações, “elas vivem com um constante terror que essas bombas armadas sobre suas cabeças possam vir a romper e não há nenhum acompanhamento por parte dos responsáveis desses barramentos”.
Segundo Samuel, os estudos sobre o impacto do rompimento do duto da barragem de Jataí ainda não foram apresentados as famílias atingidas, “no caso do Cariri cearense, em que o principal responsável é o governo federal, através do MDR, não se tem nenhuma informação para as famílias que estão sendo atingidas”. Em nota, o MAB afirma que vem denunciando vazamentos em várias barragens, uma delas a de Boi 1, no município de Brejo Santo, onde foi necessário cavar 32 poços artesianos para conter a pressão da água, mesmo ela operando em apenas 6% da sua capacidade.
Murilo Fernandes, agricultor e morador de uma comunidade que fica abaixo da barragem Boi 1, relata que a população sente como se vivesse ao lado de uma dinamite prestes a explodir, “minha filha quando ficou sabendo nas redes sociais (do caso na Barragem de Atalho), pegou um monte de roupa, de sapatos, colocou em umas mochilas e disse que ia embora, que não tinha como ficar mais naquele lugar”, afirmou. A comunidade e o MAB vêm tentando realizar uma visita do MDR à comunidade para que suas demandas sejam escutadas, mas não tem tido retorno do Ministério, “ a gente vem tentando que o MDR venha as nossas comunidades para saber da gente o que realmente estamos sentindo e precisando, mas até agora não tivemos nenhum resultado”, afirmou Fernandes.
O consórcio operador da transposição do Rio São Francisco é formado por empresas e está sob coordenação da Secretaria Nacional de Segurança Hídrica, órgão vinculado ao Ministério do Desenvolvimento Regional.
Edição: Monyse Ravena