No dia 11 de janeiro, a empresa Ford anunciou o fechamento das montadoras de Camaçari, na Bahia; Taubaté, em São Paulo; e em Horizonte, no Ceará. Com o encerramento das atividades, serão demitidos cerca de 470 funcionários e a economia local sofrerá um forte impacto. O fechamento, segundo a montadora, está previsto para o quarto trimestre de 2021.
No entanto, as consequências para a cidade cearense de Horizonte, onde fica localizada a fábrica responsável pela fabricação do modelo Troller, serão bem diferentes daquelas sofridas em São Paulo. O Ceará não tem um extenso parque industrial, a perda de uma única fábrica, para o estado, tem um grande impacto do ponto de vista da geração de receitas e no aumento do desemprego.
Os trabalhadores, em sua maioria metalúrgicos, foram surpreendidos com a notícia do fechamento da fábrica, o que, inclusive, desrespeita o acordo coletivo firmado entre o sindicato e a empresa. O impacto do fechamento da montadora não se limita aos funcionários, mas traz reflexos para toda a cadeia produtiva do estado. Segundo o Dieese, cerca de 118.864 postos de trabalho podem fechar, sejam diretos, indiretos e induzidos, se considerarmos o fechamento das fábricas de Horizonte, no Ceará e de Camaçari, na Bahia. Só de funcionários, serão demitidos seis mil.
Os números são altos, porque o fechamento de uma fábrica do porte da Ford impacta em uma série de outros serviços ao redor como, por exemplo, oxigênio para a solda, trabalhadores qualificados em empresas de manutenção, restaurantes próximos à fábrica, funcionários de empresas que produzem as peças usadas na montagem, entre outros; a renda de todos esses serviços fica comprometida, em um efeito dominó, num dos momentos mais dramáticos da economia brasileira.
Diante dessa realidade, o Governo Federal não apresenta uma política industrial sólida nem para manter investimentos estrangeiros, muito menos, para fortalecer e expandir o parque industrial nacional. A Ford foi a primeira montadora a se instalar no país, em 1919.
Para os trabalhadores, trabalhadoras e seus sindicatos, restam as reivindicações e protestos para garantir que os direitos trabalhistas não sejam – mais – desrespeitados e para o governador Camilo Santana (PT), a tentativa de reverter à situação.
Edição: Francisco Barbosa