Em dezembro de 2020 o custo da cesta básica em Fortaleza foi de R$ 534,95. Segundo o Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (Dieese) o gasto com alimentação de uma família com dois adultos e duas crianças seria de R$ 1.604,88, o que significa uma vez e meia o salário mínimo que hoje é de R$ 1.045,00. Um outro elemento importante é a quantidade de horas necessárias na jornada de trabalho para o trabalhador que recebe um salário mínimo possa comprar uma cesta básica, que ficou em 112 horas e 37 minutos.
Um dos motivos do aumento do preço da cesta básica foi a pandemia de coronavírus. Durante o ano de 2020, o conjunto dos produtos que compõe a cesta básica tiveram um aumento de 23,37% em Fortaleza. Alguns produtos puxaram o aumento durante a pandemia, alguns exemplos são a carne, com um aumento de 35,25%, o arroz com 66,6% do arroz, 33,23% da farinha e o óleo, que teve um aumento de 94,93% durante os meses da pandemia.
Segundo o economista Reginaldo Aguiar, superintendente técnico do Dieese, alguns fatores explicam essa elevação. Uma das explicações foi a desvalorização do real frente ao dólar, já que vários dos itens que compõe a cesta básica são negociados em dólar nas bolsas de valores, “como a moeda brasileira foi a que mais desvalorizou no mundo, esses produtos que são exportáveis, eles têm essa cotação em dólar”. Outro fator foi a demanda internacional para vários produtos, como a carne, o arroz, o milho e a soja, sendo estes dois usados para ração de animais, deixando o preço do frango e do porco mais caro em todo Brasil.
Outro aumento que deixa a alimentação mais cara é do GLP, mais conhecido como gás de cozinha. O último reajuste feito pela Petrobras foi em dezembro, e representou uma elevação de 5% no preço do gás na refinaria, o acumulado no ano de 2020 foi de 21,9%. Em nota, a Petrobras afirmou que sua política de preços seguem a dinâmica de commodities em economias abertas, tendo como referência o preço de paridade de importação. Segundo Alessandra dos Santos, dona de casa e moradora de Fortaleza, os preços da cesta básica têm dificultado o acesso à alimentação de qualidade, “ o custo da comida subiu muito nos últimos tempos, nós estamos tendo que substituir várias coisas, ou tendo que cortar outras. A gente só espera que as coisas possam melhorar logo”, afirmou.
Ainda de acordo com Reginaldo Aguiar, o fim do auxílio emergencial somado à má condução que está sendo feita da questão sanitária e as taxas de desemprego recorde colocaram a classe trabalhadora brasileira numa situação muito difícil. “Não existe nada dado que nós venhamos a gerar postos de trabalho ou tocar a economia a modo que venha a minimizar esses efeitos pelo menos no primeiro semestre de 2021, nesses momentos é necessária uma ação pública, que possa complementar renda para que essas pessoas possam se alimentar”, afirmou o economista.
Edição: Monyse Ravena