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Em Juazeiro do Norte, Ocupação Novo Caldeirão lança Rede de Amigos e Amigas do MTD

Além de uma visita de reconhecimento na Ocupação os visitantes puderam contribuir em alguns dos trabalhos coletivos.

Brasil de Fato | Crato (CE) |
Um grupo de 46 famílias organizadas no MTD, oriundas de diversos bairros de Juazeiro do Norte, optaram por ocupar uma área verde do município. - Foto: BdFCE

No último domingo, seis de dezembro, à convite do Movimento das Trabalhadoras e Trabalhadores por Direitos (MTD), Levante Popular da Juventude e Consulta Popular, um conjunto de sindicatos, partidos, movimentos e entidades se fizeram presentes na Ocupação Novo Caldeirão, onde foi lançada a Rede de Amigas e Amigos do MTD Juazeiro e o relançamento da Frente Ampla Pela Democracia no município.

Rayane Fernandes, uma das moradoras da Ocupação e militante do MTD, nos fala que “cada dia de pés no chão, cada dia na luta, vamos conseguir, agradecemos muito as pessoas que estão com a gente nos ajudando”.

Estiveram presentes representantes do Movimento dos Atingidos por Barragens (MAB), Partido dos Trabalhadores (PT), Partido Socialismo e Liberdade (Psol), Unidade Popular pelo Socialismo (UP), Sindicato dos Docentes das Universidades Federais do Estado do Ceará (ADUFC), Sindicado dos Servidores Públicos Municipais de Juazeiro do Norte (Sisemjun), União Estadual de Estudantes do Ceará, União da Juventude Rebelião (UJR) e Rede de Engenharia Popular Oswaldo Sevá (Repos).

Além de uma visita de reconhecimento na Ocupação os visitantes puderam contribuir em alguns dos trabalhos coletivos, conheceram as famílias e suas histórias e partilharam um mungunzá com fava feito à lenha no local.

Como tudo começou

Depois de dois anos, buscando através de caminhos institucionais o acesso a casa própria – tanto em diálogo com parlamentares como tentando o acesso ao programa Minha Casa Minha Vida – um grupo de 46 famílias organizadas no MTD, oriundas de diversos bairros de Juazeiro do Norte, optaram por ocupar uma área verde do município. Antes ainda da ação, as famílias já vinham produzindo seus tijolos de “adobe” em outra área. Essa técnica de produção de tijolos é milenar e utiliza apenas argila, feno e água, sendo mais econômica por não precisar passar pelo processo de queima que é comum ao tijolo cerâmico, material mais comum na construção de casas.

“A cada dia que a gente passa é uma aprendizagem, a gente está ficando a cada dia mais forte, com tudo que está acontecendo, todos os propósitos, com todas as dificuldades” afirma Rayane e completa “aqui junto da Novo Caldeirão a gente tem 46 famílias e já tentaram muito fazer com que a gente fique um pouco fraco, mas graças a Deus e felizmente a gente fica cada dia mais forte”. Mesmo após a ocupação a Coordenação do Movimento seguiu tentando fazer diálogo com a gestão do prefeito Arnon Bezerra (PTB), que optou por não abrir o diálogo.

Lívio Pereira da Consulta Popular comentou que “essa atividade com representantes de setores progressistas do município é essencial para garantir a segurança das famílias e o seu direito a casa própria, que agora estão ainda mais em perigo com a eleição para prefeito de Glêdson Bezerra do Podemos, que é alinhado a política de Bolsonaro”.

Rede de Amigas e Amigos do MTD

“A gente está aqui já tá com alguns meses, numa luta junto com o MTD e as outras organizações que estão aqui apoiando, a gente agradece a colaboração de todos que se disponibilizaram a apoiar” fala Rayane em seu lote que já tem alguns tijolos levantados.

A proposta do Movimento é construir uma relação permanente com as organizações democráticas da cidade para construir uma Rede de apoio que passa por ajudar a garantir as condições materiais de Ocupação, como alimento, cimento e outros materiais de construção, mas que também se articula numa relação mais ampla, como em possíveis tentativas de reintegração de posse ou possíveis ameaças.

Segundo relatos de alguns integrantes que preferiram não se identificarem as famílias já passaram por alguns sufocos nesses pouco mais de dois meses em que estão construindo suas casas. Em vários momentos chegaram pessoas alegando serem donas do terreno, que é uma área verde do município, inclusive pessoas armadas e um trator já apareceram por lá. Mas as famílias resistem e por isso lançaram a Rede de Amigas e Amigos do MTD.

Jéssica Alencar, da Repos, diz “nós viemos nesse primeiro momento mais com o intuito de construir junto com as famílias, colocar a mão na massa, e a partir disso ir fazendo troca de conhecimentos do que a gente acredita” e complementa “a gente não tem as respostas prontas, mas que vão ser construídas ao longo do processo, juntando um pouco do que a gente tem de técnico da nossa área mais também com os saberes populares”.

Edição: Monyse Ravena