As eleições de 2020 foram atípicas, com novas datas de realização e preocupações com a saúde pública de eleitores devido a pandemia do novo coronavírus, que obrigou os órgãos de legislação eleitoral a tomar medidas práticas para adaptar as campanhas e o eleitorado para o período eleitoral. O ano também registrou um recorde no número de abstenções. Dados do TSE mostram que 23,09% do eleitorado nacional habilitado para votar não compareceu as urnas, um montante de mais de 34 milhões de pessoas. No Ceará, porém esse número foi abaixo da média nacional, com 16,93% de não comparecimento às urnas.
Estatística
Segundo dados do TSE, a região sudeste foi a que registrou o maior número de abstenções, com 26,30%. O Centro-Oeste fica logo atrás, com 24,30%. O Nordeste foi a região que registrou uma porcentagem mais baixa com 18,54% de abstenções. No Ceará, o número de não votantes ficou abaixo também da média regional, sendo um dos estados brasileiros com o menor índice de abstenções. Em Fortaleza, a taxa de não votantes ficou em 21,84% no primeiro turno. Pernambuco (18,52%), Rio Grande do Norte (17,53) e Paraíba (15,79%) também registraram índices abaixo das médias nacional e regional.
A Cientista Política e professora convidada da Fundação Escola de Sociologia e Política de São Paulo (FESPSP) Joyce Martins, afirma que, apesar do Sudeste apresentar números mais altos de não participação do eleitorado, é complicado estabelecer um ranking de maiores abstenções por região. “Porto Velho, Rio Branco e Boa Vista, no Norte, tiveram alto índice de abstenção, mas Manaus e Belém tiveram alguns dos menores índices. Belém, aliás, foi uma cidade em que a abstenção no segundo turno foi menor do que a verificada em 2016. Cidades como Fortaleza, João Pessoa e Recife, no Nordeste, tiveram abstenção menor comparada a outras capitais, mas Aracaju e Maceió tiveram índices próximos aos de São Paulo.” comenta Joyce.
Pandemia
“Entendo que uma série de fatores influenciou o aumento das abstenções. Eles vão desde a situação pandêmica, passando pelo baixo interesse pela política e pela descrença nos candidatos até a redução do tempo de campanha, a qual é fundamental para que eleitoras e eleitores conheçam os postulantes e se convençam de que vale a pena sair de casa para votar.” explica Joyce.
Em julho, a Câmera dos Deputados aprovou, por 407 votos a favor contra 70 contrários, o adiamento do primeiro turno das eleições para novembro, medidas tomadas como forma de prevenção ao novo coronavírus. As campanhas eleitorais foram impedidas legalmente de ocorrem em espaços públicos, com comícios e outras manifestações públicas de campanha proibidas.
A preocupação com a saúde da família foi um dos motivos que fez o músico e servidor público Lindemberg Bezerra de Menezes não comparecer a votação nos dois turnos da eleição deste ano. “No primeiro turno, fiz o exame de covid e deu positivo, apesar de não sintomático preferi não ir votar. No segundo turno, meu filho nasceu e fiquei em casa para dar assistência a ele” conta Lindemberg.
Em um balanço feito sobre as eleições deste ano, o presidente do TSE, ministro Luis Roberto Barroso, disse que apesar do número de abstenções ter sido acima do desejável esperado pela Justiça Eleitoral, o comparecimento de mais de 70,50% do eleitorado é uma marca que merece ser celebrada, uma vez que as eleições desse ano aconteceram em meio a pandemia do novo coronavírus.
Edição: Monyse Ravena