A corrida eleitoral deste ano trouxe algumas novidades no nosso estado como, por exemplo, a eleição de quatro indígenas candidatos a vereadores, sendo dois em Monsenhor Tabosa, um em Caucaia e um em Aratuba. Outra novidade foi a eleição da primeira candidatura coletiva em Fortaleza, a “Nossa Cara” (Psol), que conseguiu um total de 9.824 votos.
Este ano, mesmo com a crise causada pela pandemia do coronavírus, as eleições municipais foram realizadas seguindo os protocolos de segurança. Foi definido, por exemplo, um horário preferencial para eleitores acima de 60 anos votarem. A iniciativa teve como objetivo evitar aglomerações entre o público que compõe um dos grupos de risco da covid-19. Outra forma de prevenção ao coronavírus adotada nas eleições deste ano foi a não obrigatoriedade do uso da biometria. Além desses cuidados, este ano também foi preciso que os candidatos tomassem outros meios para fazer política para também evitar aglomerações.
O Brasil de Fato CE listou algumas dessas novidades e mudanças nas eleições 2020. Confira.
Biometria x Pandemia
Entre os dias 11 e 29 de novembro de 2019, o Tribunal Regional Eleitoral do Ceará (TRE-CE) organizou um mutirão para atender eleitores que ainda não tinham realizados o cadastro biométrico. A ação aconteceu no Centro de Eventos e mobilizou milhares de eleitores de domingo a domingo. Naquele momento, 582.696 eleitores da capital cearense ainda não tinham realizado o cadastramento biométrico, e o TRE-CE informou que o procedimento era obrigatório para as eleições de 2020 e quem não comparecesse aos postos de atendimento não poderia votar.
O que ninguém poderia imaginar era que em 2020 o mundo seria acometido pela pandemia causada pelo covonavírus, o que mudou a rotina das pessoas.
A nova realidade trazida pela pandemia também mexeu com as eleições 2020 que teve sua data alterada. Seguindo as normas de cuidados contra a covid-19, o uso de biometria foi descartado para as eleições deste ano. Aqui em Fortaleza, a ação de cadastramento biométrico gerou grande mobilização entre os eleitores e do próprio TRE-CE para, no fim das contas, não poder ser usada, o que gerou, inclusive, memes e piadas na internet.
Primeira candidatura coletiva eleita
Este ano também abrigou a primeira eleição de uma candidatura coletiva. A “Nossa Cara” (Psol) que concorreu a uma vaga para a Câmara Municipal de Fortaleza, foi eleita com 9.824 votos. A candidatura é formada por Lila M. Salu, estudante de Humanidades na UNILAB (Universidade de Lusofonia Afro Brasileira) e educadora social; Adriana Gerônimo Vieira Silva, assistente social, co-fundadora da FavelAfro, cooperativa de mulheres periféricas da Comunidade do Lagamar e Louise Anne de Santana, professora e estudante de Direito na UFC.
Segundo informações sobre a candidatura em seu site, as candidatas informam que Adriana Gerônimo será a representante que ocupará a vaga oficial, contudo todas serão co-vereadoras na mandata. Portanto, todas as proposições, decisões e ações serão feitas coletivamente.
Pastores e militares
Matéria divulgada em setembro deste ano no Jornal O Povo, informa que, de acordo com o portal do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), no Ceará, entre os candidatos que disputaram as eleições deste ano, três categorias se destacaram por trazerem já no nome de urna a profissão do candidato. Ao todo, segundo as informações, pelo menos 100 pastores, 200 militares e mais de 500 professores disputaram cargos em prefeituras e câmaras municipais.
Para este ano, se inscreveram na corrida eleitoral 155 policiais militares, 29 militares reformados e 15 bombeiros militares. Desses, 147 já destacam as patentes das corporações já no nome de urna, sendo: 3 soldados, 20 cabos, 66 sargentos, 15 subtenentes, 14 tenentes, 14 capitães, 8 majores e 7 coronéis. As informações também mostram que os partidos com maior número de candidatos militares são o PL, com vinte e dois; seguido pelo Pros, com dezessete, sigla que tem como candidato a prefeito de Fortaleza, Capitão Wagner. O PDT também tem a sua parcela de candidatos militares. De acordo com a notícia, a sigla possui 14 candidatos. Já o PSL aparece com 11.
A mesma matéria informa destaca o grupo de religiosos, que são principalmente evangélicos neopentecostais. Ao todo são 90 candidatos que trouxeram em seus nomes de urnas o título de "pastor". Além desses a corrida eleitoral 2020 também contou com oito "missionários" e dois "apóstolos". A Igreja Católica também tem seus representantes. Ao todo foram cinco padres na disputa eleitoral.
Indígenas eleitos
De acordo com levantamento feito e divulgado pelo campanhaindígena.org, o Ceará totalizou 45 candidaturas indígenas nas eleições deste ano. Desses, quatro indígenas foram eleitos a vereadores. Foram eles: Valdemar dos Lajedos (PDT), indígena Tubiba-Tapuya, eleito no município de Monsenhor Tabosa; Vicentinho (PDT), indígena Potyguara, eleito também em Monsenhor Tabosa; Weibe Tabeba (PT), indígena Tapeba, eleito no município de Caucaia e; Elky Barrosa (DEM), indígena Kanindé, eleita na cidade de Aratuba.
O campanhaindígena.org também informa que este ano 2.177 indígenas concorreram às eleições municipais em todo o Brasil.
Edição: Monyse Ravena