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Covid-19

Estudos revelam que volume de trabalho home office aumentou com a pandemia

Houve um aumento considerável no número de dias e horas trabalhadas durante o período de pandemia.

Brasil de Fato | Juazeiro do Norte (CE) |
Com a crise gerada pela pandemia de coronavírus, vários setores de trabalho se viram obrigados a adotar o home office como modelo padrão para várias categorias de trabalho. - Foto: GOV-RO

“Sou casada e temos uma filha, revezamos para arrumar e levá-la a escola (agora que voltou) começo o trabalho por volta das 8h 40min quando termino o café da manhã, paro novamente as 12h para fazer o almoço, enquanto meu companheiro pega nossa filha na escola, volto para minha mesa de trabalho às 14h, as 16h paro novamente para fazer lanches para minha filha, volto a trabalhar e concluo o dia por volta das 19h.” Esse é o relato do cotidiano de Evilene Avelino, Designer do Observatório de Fortaleza. Apesar de citar o aumento do contato com sua família como uma das vantagens do home office, Eveline diz que o volume de trabalho aumentou com a pandemia. “Começamos a fazer os eventos online e por serem online aconteciam com mais frequência, mas para eles acontecerem eu precisava criar todas as artes para comunicar que o eventos iria acontecer, sendo assim a demandas acabaram aumentando” explica.

Com a crise gerada pela pandemia de coronavírus, vários setores de trabalho se viram obrigados a adotar o home office como modelo padrão para várias categorias de trabalho. Essa modalidade de desenvolvimento de trabalho, já algum tempo era adotada por empresas como teste para averiguar a produtividade de seus empregados. Um estudo recente realizado pelo Grupo de Estudo Trabalho e Sociedade (GETS) da Universidade Federal do Paraná (UFPR) em parceria com a Rede de Monitoramento Interdisciplinar da Reforma Trabalhista (Remir) publicado em julho deste ano, revelou que o volume de trabalho aumentou no trabalho remoto.

Produtividade x Acúmulo

O estudo averiguou que, apesar do home office manter a carga de produtividade semelhante ao regime presencial, houve um aumento considerável no número de dias e horas trabalhadas durante o período de pandemia. Cerca de 34% dos entrevistados da pesquisa revelaram que estão desenvolvendo suas atividades de trabalho em mais de oito horas por dia, sendo que 17% estão na ativa sete dias por semana. Além disso, mais da metade dos participantes disse estar sentindo um ritmo mais acelerado de trabalho em relação aos tempos antes da pandemia. 

A professora e coordenadora do curso de Medicina da Universidade Federal do Cariri (UFCA), Emille Sampaio, não participou da pesquisa da UFPR, mas está sentindo diretamente os efeitos descritos nos resultados do estudo. Antes da pandemia, sua carga de trabalho já tinha um volume expressivo, porém ela considerava que era ajustável ao seu ritmo de trabalho. “A pandemia aumentou consideravelmente o meu volume de trabalho, ao mesmo tempo que os meios de trabalho se modificaram. Antes, apesar da carga ser desgastante, existia além do trabalho formas de lazer associadas e outras ações de cuidados com a saúde. A pandemia modificou isso” explica Emille.

Ela também fala que a mediação do trabalho pelos meios virtuais está diretamente ligada a distorção do tempo de trabalho, pois com os meios de comunicação em tempo real existe um desvio em relação a carga horária, com demandas que chegam por diversos meios e em horários fora do convencional. “Muitas vezes recebo mensagens quase à meia noite com demandas de trabalho, associada a uma carga de ansiedade do emissor, que exige um imediatismo na resposta, muitas vezes se chateando com a negativa, mesmo que a resposta venha em menos de 24 horas.” pontua Emille. 

Impactos na Saúde

Outro estudo realizado pela Fundação Getúlio Vargas, publicado em agosto e atualizado no dia nove de outubro revelou que a pandemia também teve impacto direto na saúde física e psicológica de trabalhadoras e trabalhadores em trabalho remoto. De acordo com o relatório mais recente da pesquisa, o ambiente doméstico carece de uma estrutura eficaz para o desenvolvimento saudável das atividades, podendo assim auxiliar no desenvolvimento de diversos problemas musculoesqueléticos, além do aumento da carga de estresse, ansiedade e fadiga. A maioria dos respondentes relatou a condição com frequência um pouco ou muito maior que o habitual, de desconforto ou dor nas costas (56,0%), no pescoço (55,4%) e nos ombros (50,3%), além de problemas de sono (54,8%), fadiga ocular (295, 45,2% do total), sensação de fadiga (43,5%) e cefaleias ou enxaquecas (42,0%).

Edição: Monyse Ravena