Segundo dados da plataforma IntegraSUS, da Secretaria de Saúde do Ceará (Sesa), o Ceará chegou aos 267.721 casos confirmados de coronavírus no estado. Uma das preocupações é com uma possível nova onda de contaminação em massa no estado, como a que obrigou alguns países da Europa a retomar medidas mais rígidas de isolamento social. No Ceará alguns municípios apresentam um aumento preocupante do número de casos, gerando inclusive ações de maior rigidez por parte do governo estadual.
Países como a Alemanha, França e Itália mesmo apresentando recordes de casos confirmados de covid-19 enfrentam problemas para reeditar o “lockdown”. A principal barreira que os governantes europeus têm tido é a disputa política em torno da necessidade da recuperação econômica. Desde o início da pandemia o mundo enfrenta uma das piores recessões da sua história.
Segunda onda no Ceará
De acordo com o infectologista e consultor em infectologia da Escola de Saúde Pública do Ceará, Keny Colares, pelo alto grau de transmissibilidade do vírus há uma possibilidade de que haja uma segunda onda de contaminação no estado. Segundo o médico, pandemias anteriores, como a da gripe espanhola, persistiram por dois anos com ondas de contaminação, “ isso depende, em parte, pelo comportamento das pessoas, da adesão. Nós temos observado que a adesão às medidas de proteção elas acabam levando a certa fadiga nas pessoas, elas acabam se descuidando”.
Para Keny Colares há outros fatores que determinam a progressão do vírus, posicionamentos de alguns políticos que atrapalham a conscientização da população, fatores climáticos e a possibilidade da vacina protetora e quando ela estará à disposição da população. Outro fenômeno que pode acontecer é que a possível segunda onda de coronavírus acometa os setores que foram poupados na primeira, “isso torna a coisa potencialmente um pouco mais perigosa”, afirmou. Ele chama a atenção de que nos primeiros meses da pandemia houve uma tendência das pessoas com mais idade e com comorbidades ficarem restritas em casa, já em uma segunda onda elas podem ser contaminadas, “esse é mais um motivo para termos um cuidado redobrado”.
Impacto na Economia Cearense
Alguns setores da economia cearense começam a esboçar uma melhora, indústria e comércio tiveram uma recuperação nos últimos meses, embora ainda muito aquém do patamar anterior, é o que afirma o economista Reginaldo Aguiar, supervisor técnico do Departamento Intersindical de Estatísticas e Estudos Socioeconômicos (Dieese). “ No Ceará 77% do Produto Interno Bruto (PIB) é do setor de serviços, que tem um peso significativo do setor do turismo. Esse setor ainda não se recuperou a níveis satisfatórios”, afirmou Reginaldo.
Sobre uma possível segunda onda de covid-19, o economista é enfático, “ com um novo surto, esse quadro difuso e pouco animador, piora significativamente, porque será necessário fazer novos bloqueios”. Para Reginaldo os países que se anteciparam e fizeram bloqueios rapidamente estão se recuperando muito melhor do que aqueles que fizeram uma abertura precoce, “ os países que abriram quando ainda não era o momento estão tendo que fechar de novo, e o efeito é muito pior”.
Ainda sobre o impacto de uma possível segunda onda, Reginaldo Aguiar teme como isso pode abalar os setores mais pobres do Ceará e que será necessário colocar a vida das pessoas em primeiro lugar, “a vida das pessoas tem que estar acima da economia, ainda mais porque o vírus atinge mais os negros e os pobres. As coisas são muito mais dramáticas e perigosas para essas populações que são mais vulneráveis”.
Precauções
Algumas medidas estão sendo tomadas para evitar que haja uma nova onda de contaminação da covid-19. Pela ocasião do aumento de casos de covid-19 na Europa e Estados Unidos, o governador Camilo Santana (PT) demandou ao Governo Federal, pedindo aos órgãos responsáveis pelo Aeroporto de Fortaleza, ações de controle sanitário, principalmente nos voos internacionais. Além disso, o governador comunicou ter enviado um ofício ao presidente do Tribunal Regional Eleitoral solicitou ações para coibir aglomerações que contrariem as regras sanitárias estabelecidas.
Edição: Monyse Ravena